CAPITULO 12 · O ANEL DA DISCORDIA.

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"O tempo foi passando, corações estão acelerando
Acho que o cupido está tramando algo
Você me perguntou como eu me sinto, eu não disse nada…
Mas, ultimamente as cores parecem tão brilhantes
E as estrelas iluminam a noite
Meus pés se sentem tão leves
Eu estou ignorando todos os sinais
Eu continuo fingindo"

Kat Dahlia - I Think I'm In Love.

Sanem

Sai da sala do meu chefe sentindo o coração acelerado. A visão dos labios perfeitos deles soprando meu pequeno ferimento no joelho, me fez imaginar coisas impronunciáveis.
Ele tinha visto minha lista, se mostrando interessado demais, e essa constatação me deixou nervosa. Tinhamos combinado em não falar mais sobre a noite em que nos conhecemos, ou melhor, como a noite terminou.
Confesso que eu me pegava pensando: Se eu tivesse bebido um pouco menos... O que teria acontecido?
Ayhan diria que eu teria amarelado e ido embora sem nem ao menos conhecer o Can. Mas eu queria ter bebido menos, para poder me lembrar de coisas sobre ele. Os flash iam e voltavam. Frações de risadas cumplices, duvidindo bebidas coloridas, tequila e falando besteira.
A senhorita Deren me encontrou no caminho, e como não me amava muito, me pediu para catalogar por ordem alfabética todos os clientes antigos e atuais da empresa, mais uma vez. Segundo ela, isso me ajudaria a conhecer mais a fundo a empresa. Minha intuição dizia que ela queria me manter longe.
Fui direto para a sala de arquivos, o unico lugar onde eu não me sentia vigiada pelos olhos de águia da Senhorita Deren, e onde os catálogos fisicos estavam, para que eu passasse as informações para o computador.
Me sentei e entrei no sistema.
Eu não tinha usuario ainda, todas as vezes que acessei os dados, ceycey estava presente e usávamos o dele.
Com esse tal espião roubando os dados da empresa, todos eram suspeitos. Bem, todos exceto eu.
Decidi começar pelas pastas fisicas, separa-las por ondem nas prateleiras e depois eu alteraria no computador.
Enquanto organizava os arquivos, pensei novamente em Can.
Pensei na noite de ontem, quando ele me flagrou invadindo sua casa. O senhor Emre tinha me puxado para um problema que não era meu. De fato, Leyla amava aquele trabalho e eu passei a me afeiçoar por algumas pessoas do escritório, e se Can estava querendo vender a empresa, todos seriam prejudicados.
Uma vozinha na minha cabeça me dizia que não fazia sentido. Ele tinha se mostrato um homem de caráter, visto que respeitou meu estado de embreaguês na noite que nos conhecemos. Seu olhar parecia sempre calmo e paciente. O tratamento com os outros funcionarios também... Mas sua conversa por telefone, eu não poderia fingir que não entendi.
Suspirei pesadamente, enquanto um Ceycey agitado entrava na sala de arquivos.

- O Sr. Can esta te procurando.
- Diga a ele que só tenho tempo amanhã. - Eu disse, em tom de deboche.
- Sanem, o chefe quer te ver.
- Ele que venha até aqui então.

Sorri de lado, vendo a cara de Ceycey.

- Se Maomé não vai até a montanha...

Aquela voz.
Me virei lentamente. Que mania feia de ouvir a conversa dos outros, Sr. Can!

- Ceycey, pode nos deixar sozinhos, por favor?

Olhei para ceycey, com um pedido de socorro nos olhos. Era agora, eu seria demitida pela minha insolencia com o chefe. Por que esse homem enorme andava como uma pluma?!
Assim que ceycey saiu, Can se sentou de frente ao computador. Silencioso e observador. Ele colocou o dedo indicador em frente aos labios bonitos e me encarou com os olhos semicerrados. Sorri, sem graça.

- Sr. Can... Não era verdade, eu estava brincando com Ceycey, quando...
- Sanem...
- Sim, Sr. Can.

O homem se levantou, e começou a vir na linha direção. Me encontei no armario de catalogos, sentindo que não teria mais para onde correr. Ele parou a centímetros do meu rosto, e se encostou também no armário.

Singular -  Essa obra está em construção.Onde histórias criam vida. Descubra agora