CAPÍTULO 5 · ALGUÉM COMO ELA

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"Algo sobre você
É como um vício
Me acertou com o seu melhor golpe, querida"

James Arthur - Certain Things

Can

Eu tinha acordano no quarto de hotel em uma das noites mais loucas da minha vida.
Não foi a mais louca porque eu bebi demais, mas sim porque conheci uma mulher diferente de tudo que eu já tinha visto antes.
Não sei se foi sua vulnerabilidade inicial que me fez querer entender mais sobre ela, ou se foi apenas a forma como ela ficava envergonhada ao me encarar.
Acordar sozinho não me surpreendeu, dado as circunstâncias que nos levaram até ali.
Meus amigos e eu tinhamos ido até a boate para um reencontro, já que já fazia mais de dois anos que eu não voltava à Istambul. Eles não sabiam como minha noite terminou, minhas intimidades sempre foram paltas que eu guardava apenas para mim. Eu sou mulherengo, festeiro e por vezes, festeiro até demais e esse traço da minha personalidade foi o que me fez ter a idéia de estender a festa. Ayhan, a amiga da garota incomum, topou na hora. Eu percebi seu interesse em em Akif, mas meu pobre amigo casado estava naquela noite afogando as magoas pelas recentes brigas constantes com a esposa. A outra balada que fomos era perto, e todos continuamos a beber e dançar como se nossas vidas dependessem disso. Percebi que Ayhan e a amiga adoravam bebidas coloridas e tequila.
Sanem, esse é o nome da garota que me deixou curioso. Nas poucas horas eu soube de algumas coisas sobre a menina, uma das coisas que me contou no caminho para a outra boate era o seu amor por pássaros. Um em especial: Albatros.
Eu sorri com a coincidência.

- As pessoas deveriam ser como os Albatrozes, sabia? - Disse Sanem. - Eles passam toda sua vida com um único parceiro. Eles trabalham arduamente para seduzi-los e mantê-los perto.

Eu sorri, vendo a pequena mulher ao meu lado contar com absoluta admiração sobre seu pássaro preferido.
Eu também tinha uma admiração pela espécie, tanto que a tinha tatuada na pele.
Estávamos todos bêbados e o tesão falou mais alto quando Sanem me olhou com aqueles pequenos olhos travessos e me perguntou como terminariamos a noite.
A danadinha me negou seus beijos enquanto eu dirigia pela cidade, indo para o hotel em que eu costumava ir quando voltava de viagem. Os minutos dentro da minha Mercedes Benz x-classe foram memoráveis. Sanem quase caiu pela janela, enquanto gritava a plenos pulmões as músicas que reverberavam no carro.
Meu estado de embreaguês não me impediu de dirigir, o que foi um ato de irresponsabilidade do qual me arrependi assim que acordei na manhã seguinte.
Meu sono era pesado e eu não notei quando fui deixado sozinho. Eu ri da situação, mas me xinguei por não ter pegado seu telefone. Eu não sabia nem seu sobrenome e imaginar que eu nunca mais a veria, fez com que algo dentro de mim se agitasse.
Eu partiria na manhã seguinte e a possibilidade de reencontrá-la era uma em um milhão. Bom, foi isso que eu imaginava, antes de saber da doença pulmonar do meu pai e que ele precidaria de mim a frente da agência, já que Emre não tinha tato com o setor criativo.
Aceitei ficar por ele, para que ficasse tranquilo e pudesse se recuperar.
Eu sempre fui um homem de aproveitar o momento e as pessoas. Ficar tanto tempo em um único lugar me fazia questionar a importância da libertade em minha vida, a libertade de descobrir sabores e sentimentos diferentes.
Falando em sabores e sentimentos, meus pensamentos essa manhã estavam constantes em uma mulher específica.
Ri sozinho, lembrando da noite passada.
Quando chegamos no quarto de hotel, tomamos alguns copos de whisky e Sanem voltou a falar, mas desta vez sobre um tal de Omer.
Ela falava muitas coisas desconexas.

- Ah, mas quando eu contar à ele o tremendo gostoso que você é... - A doida sorriu, se sentando na cama de hotel, tirando as sandálias.

Ela subiu a cama, ficando de pé e de costas para mim. Ela começou uma dança sensual ao seu modo. Eu queria sorrir, mas quando ela começou a tirar a roupa, meus olhos ficaram presos as suas curvas.
Caralho, ela era linda.
Uma mistura de delicadeza, com sensualidade.
A cada instante, Sanem vinha me mostrando como era incomum.
Assim que a saia foi tirada, a lingerie bonita ficou a mostra, fui até os pés da cama, Sanem se aproximou e ficou de joelhos na minha frente. Acariciei o rosto macio, a fazendo fechar os olhos com o contato dos meus dedos. Eu pude ver quando as lágrimas começaram a escapar dos pequenos olhos amendoados.

- Ele nunca me tocou assim...

Sanem abriu os olhos, me encarando entre intensidade e um mar de lagrimas.

- DOIS ANOS! Dois anos jogados na lata do lixo!

E então ela me abraçou, e chorou copiosamente em meus braços. Ela estava frágil demais, vulnerável demais.
Deitei na cama, a arrastando comigo, ela me encarou deitando-se de lado.
Puxei o lençou para cobrir sua quase nudez.
Ela piscou os olhos sonolentos e em pouco segundos apagou.
Tirei a camisa e me deitei ao seu lado.

Eu desejava entender como um cara poderia quebrar o coração de alguém como Sanem.
A noite não tinha acabado como eu planejei, mas eu dormi como não dormia a muito tempo.

Os funcionários da empresa ficaram alvoroçados com a minha presença. Deren, que ficava a frente do setor criativo da agência não conseguia disfarçar os olhares maliciosos. Já tinhamos trabalhado juntos, mas eu nunca ultrapassei os limites. Se tinha algo que eu valorizava era um ambiente de trabalho tranquilo, mas tudo mudou quando os olhos inocentes da minha nova assistente pessoal cruzaram com os meus, no escritório.
O

café que foi derruvado de suas mãos evidenciaram a surpresa e desespero dela.
Sanem era a uma em um milhão pelo visto. Eu quis sorrir, mas não o fiz. Apenas ajudei a recolher os cacos de vidro da xícara que voaram para todo lado.
Assim que ela saiu do escritório, meu pai e Emre me encaram.

- Esse efeito que você tem nas mulheres ainda vai colocá-las em problemas. - Disse meu irmão.

Pensei em dizer que já nos conhecíamos, mas eu teria que contar detalhes que eu queria guardar apenas para mim.
Percebendo que ela não voltaria por vontade própria, decidi eu mesmo ir atrás dela, e esse ato fez com que eu ouvisse a menina falar de mim para Ceycey e Gülliz que ficaram pálidos ao meu ver.

- Se ele é tão feliz sendo aventureiro, por que ficar? Essa gente rica não sabe o que quer! Espero que ele vá logo para a tal Índia!

Mantive minha expressão seria, e deixei que ela sentisse minha presença.
A garota falante da noite passada, se escondeu atrás da timidez.
Eu não poderia deixar de brincar com a situação. Afinal, já tinhamos uma pequena história.
Eu pude ver o rosto dela se incendiar de vergonha quando eu falei que ela deveria ter se despedido.
Assim que ela foi até minha sala, decidi deixar as provocações para outra hora. A agência teria um evento para comemorar os quarenta anos desde sua criação. Desde que Sanem deixou minha sala, ainda com o semblante de vergonha extrema, eu não a vi pelos corredores.
Eu tinha tantos relatorios para me enterar, que não percebi que o final da tarde já caia e que todos já haviam ido embora.
Todos, menos Sanem e eu.
Tê-la novamente dentro do meu carro me levou para as lembranças vividas de ontem a noite, senti a eletricidade percorrer meu corpo quando toquei nela ao colocar o cinto de segurança.
Imaginem minha surpresa, ao escobrir que Sanem tinha se esquecido de como terminamos a noite.
Não consegui segurar a gargalhada ao ouví-la dizer o quanto eu fui bom na noite passada.
Ah, Sanem... A fugitiva escapou novamente me deixando no carro sozinho com minhas engraçadas e intensas lembranças de nós dois.
Parece que minha estádia em Istambul seria agitada e eu estava louco para conhecer mais as facetas de Sanem.

N/A: Para quem queria mais detalhes da noite passada estão ai. Imaginem que a pobre sanem nem imagina que na verdade não rolou nada entre os dois? KKKKKKKK
Para nossa moçinha seguem dias de lutas. 😂 Comentem sobre oque acharam. Estou louca para ler suas perspectivas! Volto somente na segunda meus amores.
FELIZ NATAL! QUE PAPAI DO CÉU ABENÇOE NOSSAS FAMÍLIAS. ❤

Singular -  Essa obra está em construção.Onde histórias criam vida. Descubra agora