CAPITULO 15 · AS RESERVAS DE HOTEL.

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"O que tem por trás desse sorriso
Que me deixa fissurado em você
É um misto de desejo e vício
Já tentei, mas não consigo entender.
Toda vez que eu te encontro
Sinto os pés fora do chão
Toda vez que eu te olho
Não consigo dizer não..."

Jorge & Mateus - Pra quê entender?

Sanem

A chegada até o aeroporto foi silenciosa. Eu Estava envergonhada por Can ter presenciado minha discussão com Omer. Ele tinha ido até minha casa na noite anterior, e falado diretamente com meu pai. O cara de pau teve a ousadia de pedir minha mão para meus pais. Ele sabia que eu não tinha contado como eu o havia encontrado bem a vontade com sua colega de trabalho no dia do meu aniversário.

- Me desculpe se fui invasivo... Não sabia se era mesmo o seu noivo, mas não achei certo como ele parecia te incomodar.

Meu chefe estacionou o carro na area indicada, desligou o carro e se virou de lado, direcionando aqueles olhos preocupados para os meus.
A vontade de chorar estava a todo tempo me cercando. Eu menti novamente para meus pais, quando Omer foi embora da minha casa, com a promessa de que meus pais pensariam em sua proposta. Minha mãe queria que eu me casasse com Omer. Meu pai, ao que parece, não tinha tanta certeza se isso seria bom para sua filha caçula... E eu, eu não tinha coragem de contar que sua filha tinha se entregado a um homem que pisou em seu coração como se fosse uma folha seca de outono.
Suspirei, controlando minha respiração para não desabar diante do Sr. Can novamente. Desviei meus olhos dele, encarando o enorme estacionamente do aeroporto.

- Sabe quando você tem sonhos... E esses sonhos se tornam tão distantes, que parecem ter sido de outra pessoa? - Perguntei, pensando que a Sanem que desejava ser a esposa de Omer, era alguém que eu não reconhecia mais.

Voltei a olhá-lo.

- Sim. Eu sei como isso é.

O Sr. Can soltou o sinto de segurança e se sentou quase de frente para mim. Seus olhos estudaram meu rosto com tanta intensidade, que eu não consegui sustentar seu olhar por mais tempo.

- Sanem... Eu sei que esse assunto não me diz respeito, e se você não quiser falar, não se sinta pressionada. - Seu olhar desceu para minhas mãos. - Eu gostaria de entender... Por que você esta com esse homem?

Eu estava me tornando um pessima pessoa. O Sr. Can estava ali, preocupado comigo e eu metida em mais e mais mentiras.

- Realmente Sr. Can... Esse assunto não lhe diz respeito.

Tirei o cinto de segurança, e abri a porta do carro. Ele demorou alguns segundos para sair, seu rosto agora parecia mais fechado do que nunca, e eu me odiei por tratá-lo daquela maneira... Mas eu não queria mentir novamente, e também não podia contar a verdade. Eu precisa fazer com que ele se afastasse de mim, eu não tinha mais mentiras para inventar.
Can pegou sua pequena mala e minha bolsa, ligou o alarme do carro e me indicou o lugar onde pegariamos o jatinho.
O clima tinha ficado tenso entre nos dois.
Isso era melhor para nós, não é mesmo?
Minha mente sabia que sim, mas eu senti meu coração afundar quando entramos no jatinho e meu chefe colocou minha bolsa em uma das poltronas, e se sentou ao fundo. Ele colocou os oculos escuros e seu rosto se virou para a janela.
Ele deixou clara a distancia física que eu queria que ficasse entre nós.
Mas se isso era o certo, por que meu coração não entendia?
Minha mente estava tão envolvida na loucura que estava minha vida que eu tinha esquecido do meu medo de altura, então assim que prendi o sinto de segurança e senti o jatinho decolar, senti a ansiedade me tomar. Procurei pelo medicamento calmante que eu logo lembrei que tinha ficado em cima da cama, quando Omer ligou, avisando que queria me ver, pela manhã. Me xinguei mentalmente, pensando como eu iria conseguir me manter calma diante do meu medo de altura.
Senti minhas mãos geladas, meu coração galopando no peito, minha respiração acelerada. Passei as mãos pelo meu rosto, que parecia igualmente gelado e suado.
Fechei meus olhos, sentindo meu ouvido tampar, por conta da altitude e a pressão no ouvido me desesperou.
Can de repente apareceu ao meu lado.

Singular -  Essa obra está em construção.Onde histórias criam vida. Descubra agora