O vale do rio Peruaçu e a Lapa do Boquete
No extremo norte de MinasGerais, os abrigos do vale do rio Peruaçu preservaram magníficos
pisos de ocupação. Ali não foram encontrados esqueletos humanos desse período – talvez os
corpos fossem sepultados fora dos abrigos. Os instrumentos de pedra eram feitos de sílex, as
lascas eram extraídas do bloco de matéria (chamado núcleo) segurando-o na mão e batendo
nele tangencialmente, sem uso de bigorna. As lascas são bem maiores que as da região
central de Minas Gerais, e os instrumentos mais típicos, chamados lesmas, são muito
robustos e retocados numa das faces. No abrigo da Lapa do Boquete encontram-se, a oeste,
espaços reservados às fogueiras alimentares, cheias de conchas de moluscos aquáticos e de
coquinhos queimados. Outros espaços eram reservados ao trabalho do osso (fabricação de
espátulas), à preparação de pontas de ɻecha trabalhadas bifacialmente ou ao trabalho na
madeira. Instrumentos descartados concentravam-se num buraco rodeado por pequenos
blocos. Placas de calcário, usadas para quebrar sementes duras, apresentam depressões
características.
A ocupação estendia-se do lado de fora do abrigo, onde se encontram os maiores
instrumentos lascados. Num canto do abrigo, os homens pré-históricos tinham reunido uma
grande quantidade de concreções bonitas (chamadas “pérolas de caverna”), e, num lugar
de passagem, alguém deixou cair tinta vermelha de um recipiente cheio demais. A leste,
encontram-se poucos vestígios minerais ou orgânicos. Talvez aquele fosse um espaço de
repouso.
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A Pré-história do Brasil
SachbücherLivro de André Prous (só tá aqui pq fica mais fácil pra eu ler, mas não é minha autoria)