O estudo do passado e a arqueologia
Estamos acostumados a estudar as sociedades a partir dos textos escritos que
alguns de seus integrantes deixaram (sobretudo quando se trata de sociedades
passadas) ou da observação direta (quando é o caso de populações vivas). Dessa
forma, os historiadores analisam sobretudo os documentos escritos, enquanto os
sociólogos e antropólogos privilegiam a observação direta e os testemunhos orais.
Quando queremos conhecer as sociedades indígenas desaparecidas, não
dispomos de textos, pois elas não utilizavam a escrita. Por outro lado, as sociedades
ameríndias que sobreviveram até hoje são poucas em relação às que existiram
outrora, e se modiɹcaram demasiado para oferecer uma imagem adequada dos
primeiros habitantes do território que hoje chamamos Brasil. Dependemos,
portanto, exclusivamente dos vestígios materiais que eles deixaram, quase sempre
involuntariamente, e com os quais nem historiadores nem antropólogos estão
acostumados a tratar.
Os especialistas que estudam esses restos de corpos, instrumentos, atividades,
moradias – dentro do contexto ambiental da época – são os arqueólogos. Têm os
mesmos objetivos dos outros pesquisadores das ciências humanas, mas apenas
utilizam métodos e técnicas diferentes (relacionados às ciências da vida e da
Terra), e dependem do estudo dos vestígios materiais. Isso os leva a dar grande
importância tanto ao que se convém chamar de “cultura material” quanto aos
aspectos da vida quotidiana e ao ambiente no qual viveram as populações
pretéritas.
Dessa forma, este livro fundamenta-se essencialmente em informações obtidas
pela arqueologia, embora elas sejam muitas vezes interpretadas em função de
teorias e conhecimentos relacionados à antropologia.
Com efeito, e como qualquer área cientíɹca, a arqueologia não expõe “fatos
objetivos” que permitiriam atingir uma verdade absoluta, mas interpreta os indícios
disponíveis em função dos pressupostos dos arqueólogos. Estes variam de acordo
com o momento (também existem modas na ciência) e as tendências dos
pesquisadores (há abordagens práticas e correntes teóricas diferenciadas em cada
época).
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A Pré-história do Brasil
Literatura FaktuLivro de André Prous (só tá aqui pq fica mais fácil pra eu ler, mas não é minha autoria)