001

17.3K 1K 274
                                    

F L O R A

Olhei para o lado de fora aonde meu irmão se encontrava pegando o carregamento que chegou de Flores. Estava torcendo mentalmente pra ele não pedir minha ajuda, assim que ele pegou o primeiro caixote de tulipas que o moço desceu do caminhão, me olhou e eu logo compreendi.

—Achou que ia se safar dessa? - Falou assim que eu passo por ele.

—E você por acaso deixa eu me safar? — Peguei dois caixotes tentando equilibrar sobre meus braços — Mamãe e Papai foram no mercado?.

—Sim. E hoje é você que fica na Floricultura da Florinha.

Revirei meus olhos e bufei — Esse nome é ridículo.

—Agora que está estudando marketing você pode convencer meu pai para mudar o nome — Demos a volta no balcão e colocamos os caixotes no chão.

—Ele não aceita que mude o nome, você sabe.

—É uma homenagem Flora — Ele diz segurando a risada.

—Parece até que eu morri. Porque eles não colocaram o teu nome? — Falei me sentando no banquinho enquanto Fabinho me olhava de pé — Floricultura do Fabinho — Digo pensativa.

—Não tenho culpa se você é a caçula. Só basta aceitar — Ele pega um paninho e começa a limpar o balcão que estava com poeira — Seu nome ia ser Wisteria, imagino só.

Meus pais desde sempre foram apaixonados por plantas. Quando mamãe engravidou de mim cismou que queria botar algo que tivesse a vê com o mundo das flores/plantas . Ela simplesmente decidiu de que colocaria meu nome de Wisteria, não podia negar que a flor era bonita, porém o nome era feio.

Era Wisteria Floribunda , mas ela resolveu me poupar do Floribunda.

Até o último momento meu nome seria esse, só que de tanto minha avó falar que eu sofreria um certo bullying ela resolveu trocar para Flora.

—Toda vez que lembro disso paro de reclamar na hora.

—Agradeça nossa vózinha Lurdes - ele fala jogando o paninho em mim — Vou estudar um pouco, qualquer coisa você me chama.

Fabinho já estava no seu último período da faculdade de Administração enquanto eu estava apenas começando. Eu não sabia exatamente por que tinha escolhido a área do marketing, apenas me interessava bastante nessa faculdade.

Me levantei virando de costas e fiquei encarando os quatros caixotes de flores que eu teria que esvaziar.

Mentalizei: deixaria pra depois ou arrumaria tudo agora?.

Alguém abre a porta fazendo disparar o bendito sino, eu odiava completamente esse sino que meu pai havia colocado sobre a porta. A todo momento que entrava alguém por essa porta fazia um barulho insuportável.

Virei meu corpo para frente pronta para falar a seguinte frase que estava gravada em minha mente — Em que posso ajudar?.

Só que oque eu menos esperava era que eu ia encontrar nada mais nada menos que Gabriel Barbosa parado a minha frente.

Sim, Gabriel Barbosa!. Um namoradinho de infância.

Analisei sua fisionomia e como ele havia mudado, estava bem mais bonito. Estava forte, com tatuagens espalhadas por seus dois braços e a barba que na época não tinha nem dois fiapos, agora era completamente preenchida igual a do Drake.

—Você pode preparar um buquê de flores pra mim por favor — Falou me encarando. E por um momento achei que ele se lembraria de mim, mas pelo visto...

—Quais combinações o senhor quer?.

—Boom — Coça a cabeça pensativo e olha para trás de mim aonde tinha algumas flores penduradas na grade de ferro — Não sou muito bom nisso, será que tem como me ajudar?.

Concordo com a cabeça — Qual tipo de flores a pessoa gosta? — Tentei não passar nervosismo, aliás era apenas o Gabriel e ele nem se lembrava de mim.

—Não faço ideia, tem como montar de acordo com seu gosto?.

—Tem sim — minha voz saiu meio trêmula. Peguei o balde para dar início a escolha das flores até ser interrompida por Fabinho.

—GABRIEL.

Olhei pra porta lateral da loja que dava acesso a minha casa, fiquei parada olhando Fabinho caminhar até aqui.

—Caralho Fabinho, você não mudou nada — Eles se abraçam e eu fico analisando a cena.

—Já você, mudou pra caramba. Quantos procedimentos estéticos fez pra ficar bonito assim?.

—Vai tomar no seu cu. Ta fazendo oque no Rio de Janeiro?.

—Eu e minha família viemos morar aqui, Flora ganhou uma bolsa de estudos em uma faculdade aqui e estamos aqui já tem dois messes.

—E como está a Flora?. Deve estar grandona.

Gabriel era mais velho que eu cinco anos, na época morávamos na mesma rua em São Bernardo do Campo. Eu tinha 11 e ele 16.

Gabriel sempre foi amigo do meu irmão e vivia lá em casa jogando video game. Por mais que ele fosse feio e ninguém quisesse pegar ele eu era apaixonadinha por ele.

Sim, eu era apaixonadinha no Gabriel monocelhudo.

Meu primeiro beijo foi com ele e meu irmão nem imagina e nem pode sonhar que beijei seu melhor amigo.

—Você não reconheceu a Flora né? — Disse apontando em minha direção. Gabriel fixou seu olhar sobre mim e eu daria tudo pra saber oque se passava na mente dele, pois seu rosto não esboçava nenhuma reação.

Apertei mais o balde contra meu corpo — Oi — falei acenando com uma mão e dando um breve sorrisinho.

Isso foi péssimo, não sabia aonde enfiar minha cara.

—Nossa, me desculpa não ter te reconhecido é que você mudou muito — Ele da um sorriso ladino e eu continuo igual uma estátua.

—Não tem problema — Volto a pensar no que eu ia fazer antes do Fabinho entrar pela bendita porta — Aaa... vou pegar suas flores — Ele apenas concorda e eu me viro.

Escolho algumas flores como: rosa e orquídea bandas. Tudo em tons rosados. O buquê não estava tão cheio, ficou em um tamanho mediano e super delicado. Eu particularmente achava lindo buquês mais delicados.

Coloquei tudo junto em cima do balcão e comecei a embalar as flores com um papel transparente sobre o olhar dos dois que conversavam, parecia que essa conversa duraria uma eternidade. Finalizei colocando uma espécie de barbante juntando tudo.

—Aqui está — Falo alto para Gabriel ouvir, ele que estava um pouco distante se aproxima.

—Ficou muito bonito. Você tem bom gosto — Dá uma piscadinha — Quanto ficou?.

—70 — Ele abre a carteira me entregando uma nota de cem, abro o caixa afim de pegar o troco — Não precisa de troco.

—Claro que precisa.

—Fica como caixinha.

—Trinta reais como cai — Sou interrompida pela porra do sino.

Espero que goste pois fiquei horas pesquisando sobre flor🤡

Não esqueçam de comentar e curtir bastante. A autora agradece.

𝐏𝐞𝐧𝐬𝐞𝐢 𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫 - 𝐆𝐚𝐛𝐢𝐠𝐨𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora