J I M I N
As coisas andam estranhas.
Faz um bom tempo desde que eu e Jungkook nos despedimos naquele quarto: eu, imaginando que sairia pra pensar e quando voltasse, pudesse encontrar com ele, tentar conversar. Encontrei diálogo de via única, gritando com o espelho todos os dias depois daquele, sempre que leio a carta que ele deixou pra trás.
Seokjin tem sido um bom amigo por me deixar ficar no seu apartamento, ocupando o quarto que antes servia de parquinho para seus gatos, Min e Juno, que agora dividem a cama comigo.
Os primeiros dias foram os mais difíceis; a cama parecia grande demais para ter apenas meu corpo deitado ali, e eu sentia que precisava de Jungkook comigo, fosse pra reclamar de eu deixar a toalha molhada em cima da cama depois do banho, ou pra dizer que eu fico o máximo de undercut.
Eu sentia falta dele; eu sinto sua falta. E nem mesmo o passar do tempo diminui isso, como tanto fizeram questão de reforçar; o tempo não cura tudo. Ou algumas feridas não existem para serem curadas.
Passei o primeiro mês inteiro num estado de luto e luta: precisava do luto para lidar com tudo que ocorreu, pra lidar com a distância de alguém que, depois de um tempo, virou necessário, e precisava de luta pra conseguir levantar da cama, pra tentar continuar.
Tudo parece mais esquisito ainda quando eu penso que não tenho tanto direito de me sentir assim, afinal, quem lidou com tudo — e escondeu — durante anos, foi Jungkook, não eu. O que sinto é como uma farpa presa na ponta do dedo; de certa forma, não era para estar ali. Isso só aumenta ainda mais minha confusão sobre meus sentimentos.
No segundo mês, eu decidi que iria ocupar minha mente com tantas coisas, que não teria tempo para pensar em Jungkook.
O começo foi procurar um emprego, o que foi a pior parte. Seokjin e Taehyung precisaram me ajudar em basicamente tudo, desde a montagem do meu currículo, até as roupas que eu iria usar na entrevista de emprego. Acho que fica bem claro o quão deve ser difícil de conseguir um trabalho, visto que nem experiência eu tinha.
Depois do que se pareceu um período de tempo interminável, eu consegui um emprego como garçom. Anotava pedidos, deixava eles na cozinha, e depois servia as mesas. Algo tão simples, mas que exigiu uma humilhação do caralho — desde velho filho da puta dando em cima de mim, a pessoas que estalavam os dedos pra me chamar, como um cachorrinho obediente.
Fui dispensado depois de mandar uma senhora tomar naquele lugar, e a luta voltou.
Hoje acordei com a força do ódio, desligando o despertador as sete da matina com uma raiva que aparentemente se juntou em meu âmago desde os primórdios da minha existência. Hoje tô com vontade de quebrar um no soco.
O motivo? Bom, digamos que ontem eu tenha ido dormir muito puto depois de perceber que mesmo me fodendo todo pra achar um trabalho, depois me fodendo de trabalhar e aturar gente pé no saco, eu ainda passava o dia com Jungkook na cabeça.
Jungkook são os dez segundos de uma música que eu ouvi cinco anos atrás e ainda me atormenta porque é viciante. Jungkook é o corte no céu da boca feito enquanto eu chupava uma bala. Jungkook é a lembrança mais detalhada de dias felizes. Jungkook é a porra da sensação de liberdade que eu sinto quando volto pra casa todo suado de trabalhar e vem aquele ventinho frio que arrepia até a alma.
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Where Are You? | jjk + pjm
FanficJimin e Jungkook são dois amigos (coloridos) que vivem fazendo merda, se metendo em brigas e viajando pelo mundo. Mas uma briga os afasta, e a sensação de vazio se faz presente em ambos corações. A missão agora, é conseguir encontrar um ao outro em...