Where Are You? | jjk + pjm

08

J I M I N

Jungkook, definitivamente está estranho.

Depois do seu choro sem motivos evidentes — ou melhor, na manhã seguinte ao caso do choro no banheiro, que eles sequer sabe que eu ouvi —, as coisas que já não andavam muito bem entre nós dois, pareceram piorar. E muito.

Cada um estava quieto no seu canto; sem farpas sendo trocadas, sem comentários desconexos e sem nem vestígios de nossas tão comuns conversas provocativas. Jungkook estava sentado numa poltrona no canto do quarto, próximo à mesinha, e lia um livro que eu não fazia ideia de onde havia saído, mas estava ali.

Quietinho no meu canto, esparramado sobre a cama fodida, enquanto observava a concentração de Jungkook enquanto lia — coisa que em outra situação me deixaria com um tesão descomunal —, em questão de segundos, viajei da atenção sobre as pernas de Jungkook marcadas pelo tecido da calça, até sua mandíbula travada — coisa comumente vista quando o mesmo está lendo —, e em mais alguns segundos ainda, fui de seus lábios sibilando palavras, até meus pensamentos e reflexos.

Penso que não é algo estranho em demasia que Jungkook tenha ficado meio borocoxo depois do choro no banheiro — mesmo que não saiba que eu ouvi —, e penso também que é estranho nós estarmos na mesma cidade há quase uma semana.

Mas, pelo menos nossa estadia prolongada na cidadezinha, tem um motivo bem claro: o lugar é cativante — ainda mais pela quantidade de bares espalhados por todos os lados —, e, bom… Jungkook conseguiu me convencer a ficar mais um tempo graças intoxicação com amendoins ainda recente, e ao risco de me fazer ficar mal de novo pelos movimentos bruscos do carro em alta velocidade sobre as pistas ruins que às vezes, por azar, encontramos.

Em meio à tantos sins e nãos, percebo que Jungkook é milhões de vezes mais responsável que eu. Pelo menos quando se trata de saúde, porque, no restante dos assuntos, nós empatamos.

— Jungkook… — chamo, depois de conseguiu afastar meus pensamentos repentinos, mas, bem fundados. Ele apenas desviou o olhar do livro até o meu. — Sabia que você fica extremamente gostoso enquanto lê? 

Ele apenas sorri, fraco, antes de voltar sua atenção ao livro. Porra, a leitura deve estar bem interessante, não?

— Vamos sair hoje? — questiono, movimentando-me letárgico pela cama bagunçada, até parar com a barriga para baixo, o rosto apoiado nas mãos, e os cotovelos na cama, impedindo meu corpo de ceder sobre o colchão.

Inclusive, nós tivemos que dispensar o serviço de quarto para que ninguém veja o estrago feito na cama… Pois é, acontece.

Novamente, Jungkook desvia sua atenção do livro até mim, com a expressão amena. — Estou com dor de cabeça. — diz.

Dor de cabeça é a porra!

Ele só não quer sair, mas, pra que dizer a verdade quando se pode mentir, hum? 

— Está bem — respondo, fingindo engolir sua mentira deslavada, quando na verdade, sinto vontade de levantar da cama, caminhar até ele, arrancar a maldita mesinha de canto do chão e arremessar em seu belo rosto. Pena que querer, não é poder.

Gastei alguns minutos pensando em coisas possíveis para serem feitas para amenizarem meu faniquito pelo menos até sua suposta dor de cabeça passar, mas, apenas cinco minutos depois percebi que seria impossível passar o dia inteiro trancado ali, sem poder vagabundear por aí.

— Jungkook — chamo novamente, recebendo um murmúrio como confirmação de que ele está me escutando. — Me empresta o carro? — pergunto, um tanto inseguro porque sei o quanto o carro de Jungkook é importante para ele, e sabendo que as chances de receber um não como resposta são enormes.