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Na contramão
Encontrei teu coração 
Tão carregado
De pensamentos, amores e sonhos vazios
E eu, que até então
Sempre fugi de confusão,
Senti minha respiração pesar
Enquanto meu coração 
Passou a fraquejar
Pela confusão que eu via em você

- Eu

J U N G K O O K

Eu costumava me comparar com um lago, tranquilo, antes de Jimin aparecer em minha vida.

Okay, eu sempre fiz minhas merdas por aí, mas também sempre tive todo o cuidado do mundo pra ninguém descobrir nada. E, realmente, nunca descobriram. 

Mas, apesar de tudo, eu sempre fui um tanto reservado. Não era tão sociável na época de escola e era o clássico garoto isolado que se senta no fundo da sala. Só que, nesse caso, minha sala tinha dois garotos isolados que sentam no fundo da sala.

Eu e Jimin.

Nunca sequer trocamos olhares ou palavras até a professora de matemática nos pedir pra ficar depois da aula, quando ela, infelizmente ou felizmente, nos deu o dever de fazer um trabalho de recuperação juntos, já que, se não conseguisemos uma nota boa, acabariamos reprovando.

E foi assim que começamos tudo. 

Como minha casa era território proibido - graças à bebedeira de meu pai e as raras vezes em que minha mãe resolve aparecer em casa -, então, nossas opções se resumiram à ir na casa de Jimin, ou simplesmente mandar a escola e o ensino médio à merda.

Optamos pela primeira opção, claro, já que não queríamos ser mortos por nossos pais quando alguém visse a palavra "reprovado" em nosso boletim.

Pra falar a verdade, acho que apenas copiamos as respostas da atividade de algum site na internet e gastamos o restante do tempo conversando, comigo falando as merdas que costumo falar sempre que tenho oportunidade de conversar com alguém, e com Jimin, revirando os olhos.

Só que eu queria ver ele revirando os olhos por outra coisa…

E não demorou muito pra isso acontecer, já que eu e Jimin éramos bem resolvidos com toda a burocracia de auto-aceitação, e de repente, estávamos aos amassos, em seu quarto mesmo.

Também não demorou para eu escapar de casa quando Jimin me chamou para passar a noite com ele. 

A princípio, fizemos o de sempre - no caso, ou típicos beijos pela casa toda, já que seus pais trabalhavam muito e na primeira oportunidade, já estavam dormindo -, e então, sentamos em frente à janela de seu quarto, e enquanto observavamos nem sei o que, conversávamos sobre tudo.

E foi aí que percebemos que nossas ideias, em relação ao futuro, traçavam o mesmo rumo.

Ambos queríamos o mundo em nossas mãos, e também queríamos saber que somos do mundo. Queríamos uma vida sem desculpas, sem rotina chata, sem obrigações, sem todo o mi-mi-mi que toda família tem. Sem tudo que nos impediria de realmente viver.

E foi depois de eu conseguir um carro e Jimin conseguir dinheiro, que caímos na estrada, sem hora de voltar, sem hora de parar, sem satisfações, obrigações, broncas, reclamações. Sem toda a merda que nossa vida tinha.

Mas, eu nunca consegui compreender muito bem o que temos.

Na verdade, também nunca compreendi Jimin. 

E ali, naquela boate, depois que aquele rapaz me beijou, eu consegui entender Jimin menos ainda.

Estava tudo tranquilo, normal, até o beijo acontecer. 

Where Are You? | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora