A Grande Mentira

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 Eu não sabia exatamente o que estava fazendo quando entramos na casa da mamãe. Ou, na verdade, eu sabia o que estava fazendo, só não sabia como fazer aquilo ser mais fácil.

Porque nada ali seria fácil. Nada ali era remotamente tranquilo.

Assim que Theo, Dame, Jason e até Clary viram mamãe, Draco e eu entrando na casa, eles sentiram que havia algo de errado. E não estavam errados, nem um pouco. Draco não tinha falado nada desde que mamãe nos ouviu. Seu rosto, no entanto, estava tão pálido que ele parecia prestes a desmaiar a qualquer segundo.

E ele que ousasse desmaiar e me deixar sozinha ali. Eu mataria aquele desgraçado.

Mamãe tinha os olhos arregalados quando pediu, com uma voz balbuciada de choque, que entrássemos para que pudéssemos conversar. E nós fizemos isso em um silêncio aturdido, todos olhando de olhos arregalados para nada específico. Eu sentia como se meu estômago girasse em um carrossel infinito. Sentia como se uma risada histérica seguida de um choro horrível estivesse preso no fundo da minha garganta.

Mamãe sentou na poltrona como se os joelhos não aguentassem mais um segundo mantendo seu peso. Draco ocupou o sofá, os lábios apertados enquanto evitava olhar para qualquer pessoa. Provavelmente foi aquilo que me sacudiu para fora do torpor e me jogou direto na realidade.

Meu puto estava com vergonha. E eu seria uma desgraçada se, depois de tudo, eu permitisse que alguém o fizesse sentir-se daquela forma. Mesmo que fosse minha mãe!

Levantei o queixo, respirando fundo audivelmente. Atrás de mim eu conseguia ouvir os garotos e a bebê chegando mais perto, e principalmente os sussurros que eles trocavam.

— Ela suspirou daquele jeito — Dame murmurava para alguém, parecendo temeroso.

— Que jeito? — Theo questionou.

— Daquele jeito que ela fez logo antes do Draco gritar que ela é uma pinscher possuída e correr para longe dela.

— Ah... — Theo pigarreou, o som de seu nervosismo ativando meu lado mais defensivo. — Isso é preocupante.

Todo mundo estava com medo, notei.

Então eu teria de ser a mamãe ursa ali. Que seja... Eu protegeria minhas crias. Todas elas.

— Eu quero falar primeiro — Declarei, caminhando até onde Draco continuava sentado, rígido, no sofá. Ele pareceu chocado quando eu tirei suas mãos do caminho, me sentando no colo dele e passando meus braços ao redor de seu pescoço. Draco piscou, me encarando como se duvidasse da minha saúde emocional. Eu não me importei, estava falando com a mamãe. — Eu o amo. E se quiser brigar com alguém pela grande mentira, que seja comigo. Não com ele.

Um segundo passou.

Dois segundos passaram.

Mamãe só me olhava daquele jeito, como se visse todos os meus pensamentos mais secretos dos últimos anos. O que era péssimo, porque todos os meus pensamentos secretos envolviam o puto nu.

— O que está acontecendo? — Jason perguntou lentamente, segurando Clary no colo enquanto nos observava com uma sobrancelha arqueada. — Devo levar a bebê para tomar sorvete ou não haverá agressão?

Draco engoliu com dificuldade, os olhos vidrados voltando-se para a minha mãe. Dame lentamente veio até nós, ficando atrás do irmão, desconfiado. Theo estava logo ao lado ele, o cenho franzido em desconforto. Eu sabia que se minha mãe ofendesse meu puto, eles o defenderiam com unhas e dentes. E eu defenderia todos eles na mesma medida. Porque era isso que nos fazia uma família.

Meu Cretino - Dramione Onde histórias criam vida. Descubra agora