Capítulo 22: Ela era linda

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Não imaginei que vê-lo iria me abalar igual me abalou. Doía saber que sempre foi uma farsa.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Olhei pra Ethan e ele entendeu o sinal. Era a hora, iríamos primeiro até a sala das câmeras. Subimos as escadas com cuidado para não sermos notados. Ao chegar lá haviam dois seguranças, Ethan os apagou em um piscar de olhos. Apaguei a gravação em que eu e Ethan estavamos aparecendo e desliguei as mesmas.

- Prontinho. - Digo ao finalizar.

- Já? - Perguntou assustado.

- Não é atoa que sempre fui a melhor em informática. - Sorri convencida.

Fomos até o escritório e procuramos em todos o lugares, mas nada.

- E agora Ethan? - O olhei preocupada.

- Eu não sei. - Hesitou. - Não há outro lugar que possa estar? - Pensei por alguns segundos e dei um tapa em minha própria testa. Como eu podia ter me esquecido?

- Tem uma sala que Spencer nunca me deixou entrar. Alegava ser muito importante, levava sempre umas pessoas estranhas e sempre quando minha mãe não estava em casa. Obviamente isso mudou após sua morte. Mas sempre fui burra e nunca suspeitei de nada. O que precisamos deve estar lá.

- Ótimo. - A esperança tomou suas feições que estavam desanimadas.

- Só tem um problema. - Ele me encarou, torcendo para que não fosse tão grave. - Tem senha e eu não sei qual.

- Merda. - Ele pensou por alguns segundos. - De qualquer maneira vamos até lá. - Assenti e fomos até a porta da tal sala.

- Não podemos tentar, se errarmos um alarme soa. - No momento em terminei a frase ouvi vozes vindo do corredor ao lado.

- Certeza? - Ethan não parecia ter notado que vinha alguém. O puxei rapidamente pela entrada do outro corredor e fiz sinal pra que ele fizesse silêncio.

Olhamos com cuidado para não sermos percebidos e vi Spencer, um rapaz loiro e um velho. O rapaz permanecia em silêncio enquanto os outros conversavam. Spencer estava fazendo a senha para entrar na sala e eu e Ethan nos entreolhamos e assentimos um para o outro.

Estava ali nossa oportunidade. Coloquei meu salto na fresta da porta a impedindo de fecha-se por completo. Esperamos por alguns segundos e adentramos com cuidado.

Se fosse a alguns dias atrás eu ficaria completamente surpresa, mas conhecendo esse ser repugnante não me surpreendi com o que vi. Tinha de drogas, isso drogas, até objetos muito valiosos roubados. Como nunca havia percebido? Eu fui muito burra.

Peguei meu celular
e comecei a tirar fotos, Spencer por sorte estava sem máscara. Tirei foto de tudo.

- Traga. - Disse Spencer e o rapaz foi até uma mala e a entregou ao velho. O mesmo a abriu e sorriu cretinamente, estava cheia de drogas.

Eu e Ethan tínhamos um sorriso vitorioso no rosto. Saímos da sala antes deles. Sei que era um tanto arriscado, mas eu não poderia sair dali sem fazer isso antes.

Peguei na mão de Ethan que me olhou confuso.

- Preciso fazer uma coisa antes. - Ele assentiu meio receoso.

Andamos pelo corredor e parei a frente de uma porta. Abri a mesma no segundo seguinte encontrando tudo do jeito que eu havia deixado. Spencer era um psicopata. Avistei uma foto minha e de mamãe em cima da mesinha de cabeceira. Estavamos rindo e com o rosto todo sujo de tinta. Mamãe amava pintar e eu amava ser igual ela. Sorri ao me lembrar.

- Ela era linda.

- É ela era... - Hesitei. - Você acha que ela estava envolvida nisso? - O fitei com semblante triste.

- Eu não sei. Mas acredito que não, provavelmente era só uma vítima também.

- Espero que sim. Descobri que Spencer é um monstro me doeu, mas ele nunca ligou muito pra mim mesmo, ainda mais depois da morte dela. Mas mamãe, mamãe era incrível, era como uma melhor amiga, e me dava muito atenção. Sempre quis ser igual ela. Ela ajudava diversos institutos, ela era boa. - Falei e Ethan me abraçou de lado. Não queria cogitar isso, mas nem sempre as pessoas são o que aparentam ser.

- Vocês são muito parecidas. Tirando o fato de que ela não parecia ser mimada e marrenta. - Lhe acertei uma cotovelada e ele riu.

Abracei o ursinho que ficava em cima de minha cama apertado e senti uma lágrima escorrer por meu olho.

- Vamos. - Assentiu e no momento que nos viramos para porta ela foi aberta e o mesmo rapaz loiro apareceu.

- Kiara. - Eu conhecia aquela voz. Ele fechou a porta e adentrou o quarto. - Que prazer é tela aqui. Tenho que dizer você está estonteante. - Ele tirou a máscara me deixando completamente surpresa e confusa.

- Jason? - Ele sorriu.

- Eu mesmo. Você é burra garota? Esse tempo sem contar que você está viva para seu querido pai...- o interrompi.

- Aquele ser não é meu pai.

- e você me faz o favor de aparecer aqui? Na toca do lobo. Vocês são idiotas.

- Eu não to entendendo nada. - Falei e Ethan apontou uma arma para Jason.

- Se não quiser levar um tiro no meio da testa acho bom desimbuchar.

- Calma estressadinho. Bom...eu comecei a trabalhar pro seu pai pouco tempo antes de sua "morte", - fez aspas - descobri com o que ele trabalhava e ele me deu uma quantidade de dinheiro favoravél para que eu trabalhasse pra ele. Como sei lutar e sou ótimo com tecnologia, seria de estrema importância para seus negócios. Assim que te vi pela primeira vez te reconheci, meio que sempre tive uma quedinha por você. - Ele riu como se lembrasse de algo. - Eu tinha 16 anos na época, uns garotos me zoavam na shopping e você que passava ali cheia de compras e me defendeu. Depois daquilo, eles mal olhavam pra mim, mas é claro a importante, rica e linda Kiara Besson havia me defendido. Quando soube sobre a verdadeira causa de sua morte confesso que tive um ódio tremendo de seu pai, até descobrir que você estava viva. Obviamente não contei pra ele, não queria que nada de mal acontecesse com aquela garota que sou apaixonado, aquela que foi a única que se importou comigo. Jurei que você seria minha um dia, e esse dia estava próximo, até eu perceber que você estava gostando desse assassino nojento. Podíamos sermos perfeito, se esse idiota não tivesse estragado tudo. - Jason em um movimento rápido apontou uma arma para Ethan.

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Continua...

Como se eu mandasse no CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora