- O que tá esperando? - Seu rosto estava muito próximo do meu. Sua respiração descontrolada.
- Não consigo, não consigo fazer isso. - Ele fechou os olhos. - Não dá. - O olhei confusa. O mesmo saiu de cima de mim e se virou de costas. Não estava entendendo nada. - Não dá. - Ele se virou e me encarou. - O que ainda está fazendo aí esparramada?
- Aa...- Não soube o que dizer e me levantei. Meu corpo todo estava dolorido, principalmente onde levei o tiro. Ele olhava para um ponto fixo, como se estivesse pensando em algo. - Por que? - Ele me fitou. - Por que não me matou? - Hesitou por alguns segundos.
- Eu simplesmente não consegui.
- Por que?
- Eu não sei merda. Eu não sei. E agora estou ferrado. - Ele estava preocupado, e era totalmente nítido.
- Ia me matar, por eu ter visto seu rosto? - Ele negou.
- Seu pai. Ele nos pagou pra te matar. - Soltei um risada irônica.
- Tá blefando. - Eu sei que meu pai não ligava muito pra mim. Mas manda me matar? Já é de mais né. Isso de ter problema com os pais é algo normal nas famílias.
- Acredite se quiser. Mas se quer continuar respirando, acho bom me ouvir e não fazer nenhuma besteira - Ele fingia não dar a mínima, mas podia jurar que só estava fingindo.
- E porque se importa se vou morrer ou não? - Aquilo não fazia o menor sentido pra mim.
- Porque se eu não te matar, não vou conseguir o dinheiro pra comprar minha casa. - Explicou.
- E o que vai fazer então? - Perguntei temendo sua resposta.
- Você tem que se esconder, se descobrirem que não te matei, nós dois morremos.
- E você está disposto a isso? Sendo que era só me matar? - Eu não estava acreditando nele. Ele se aproximou de mim me fazendo recuar, seu olhar penetrou o meu como se pudesse encherga minha alma.
- Escuta aqui, eu já matei antes. Mas você é só uma garota inocente, que confiava em seu pai. Desde de quando te trouxe pra cá, acho que no fundo, já sabia que não conseguiria fazer isso. - Juro que podia notar um pouco de pena em sua voz.
Como ele estava próximo pude ver que a tatuagem em seu pescoço era uma guitarra. Tinha uma frase também, que eu não consegui entender. Estava em outro idioma.
- É sério? Meu pai mandou me matar? - Meu tom de voz saiu baixo.
Ethan assentiu e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas. Mas sequei a primeira que escorreu e respirei fundo. Odiava ser emotiva, preferia só ignora o que doía em meu peito, até parar de doer.
- Bom, se você está mesmo dizendo a verdade. Eu topo, o que você acha melhor. - Pelo menos se vou morrer, vou morrer lutando.
- Primeiramente você vai pra minha casa. Vai ficar escondida lá, até eu conseguir o dinheiro. - Eu não podia ir pra casa de um cara que iria me matar, isso é loucura. Sem conseguir pensar em outro jeito assenti. - Só preciso provar que te matei...
Ele havia feito um corte em sua mão e colocado o sangue em meu peito, fiquei deitada no chão me fingindo de morta, para o mesmo tirar uma foto. Foi uma situação um tanto vergonhosa, se posso dizer assim. Tudo isso era loucura. Mas pelo menos eles acreditaram. Quem diria que eu iria me aliar a um assassino, e o que me deixava mais inconformada era que ele me intrigava.
Ethan
Eu fracassei, não fui capaz de matá-la. Aquele olhar teve um peso inexplicável sobre mim.A levei até minha casa. Não sei o que falaria a Alisson. Ela não sabe o que faço, e se souber nunca vai me perdoa. Alisson acha que trabalho em uma loja de instrumentos musicais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como se eu mandasse no CORAÇÃO
AcakDesde que sua mãe se foi, Kiara se sentia sozinha. Como se ninguém a amasse de verdade, mas ninguém precisava saber que ela se sentia assim. De uma família importante, seu pai comandava uma das maiores empresas de moda do mundo e era o homem mais ri...