Capítulo 3: Minha namorada

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- O que tá esperando? - Seu rosto estava muito próximo do meu. Sua respiração descontrolada.

- Não consigo, não consigo fazer isso. - Ele fechou os olhos. - Não dá. - O olhei confusa. O mesmo saiu de cima de mim e se virou de costas. Não estava entendendo nada. - Não dá. - Ele se virou e me encarou. - O que ainda está fazendo aí esparramada?

- Aa...- Não soube o que dizer e me levantei. Meu corpo todo estava dolorido, principalmente onde levei o tiro. Ele olhava para um ponto fixo, como se estivesse pensando em algo. - Por que? - Ele me fitou. - Por que não me matou? - Hesitou por alguns segundos.

- Eu simplesmente não consegui.

- Por que?

- Eu não sei merda. Eu não sei. E agora estou ferrado. - Ele estava preocupado, e era totalmente nítido.

- Ia me matar, por eu ter visto seu rosto? - Ele negou.

- Seu pai. Ele nos pagou pra te matar. - Soltei um risada irônica.

- Tá blefando. - Eu sei que meu pai não ligava muito pra mim. Mas manda me matar? Já é de mais né. Isso de ter problema com os pais é algo normal nas famílias.

- Acredite se quiser. Mas se quer continuar respirando, acho bom me ouvir e não fazer nenhuma besteira - Ele fingia não dar a mínima, mas podia jurar que só estava fingindo.

- E porque se importa se vou morrer ou não? - Aquilo não fazia o menor sentido pra mim.

- Porque se eu não te matar, não vou conseguir o dinheiro pra comprar minha casa. - Explicou.

- E o que vai fazer então? - Perguntei temendo sua resposta.

- Você tem que se esconder, se descobrirem que não te matei, nós dois morremos.

- E você está disposto a isso? Sendo que era só me matar? - Eu não estava acreditando nele. Ele se aproximou de mim me fazendo recuar, seu olhar penetrou o meu como se pudesse encherga minha alma.

- Escuta aqui, eu já matei antes. Mas você é só uma garota inocente, que confiava em seu pai. Desde de quando te trouxe pra cá, acho que no fundo, já sabia que não conseguiria fazer isso. - Juro que podia notar um pouco de pena em sua voz.

Como ele estava próximo pude ver que a tatuagem em seu pescoço era uma guitarra. Tinha uma frase também, que eu não consegui entender. Estava em outro idioma.

- É sério? Meu pai mandou me matar? - Meu tom de voz saiu baixo.

Ethan assentiu e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas. Mas sequei a primeira que escorreu e respirei fundo. Odiava ser emotiva, preferia só ignora o que doía em meu peito, até parar de doer.

- Bom, se você está mesmo dizendo a verdade. Eu topo, o que você acha melhor. - Pelo menos se vou morrer, vou morrer lutando.

- Primeiramente você vai pra minha casa. Vai ficar escondida lá, até eu conseguir o dinheiro. - Eu não podia ir pra casa de um cara que iria me matar, isso é loucura. Sem conseguir pensar em outro jeito assenti. - Só preciso provar que te matei...

Ele havia feito um corte em sua mão e colocado o sangue em meu peito, fiquei deitada no chão me fingindo de morta, para o mesmo tirar uma foto. Foi uma situação um tanto vergonhosa, se posso dizer assim. Tudo isso era loucura. Mas pelo menos eles acreditaram. Quem diria que eu iria me aliar a um assassino, e o que me deixava mais inconformada era que ele me intrigava.

Ethan
Eu fracassei, não fui capaz de matá-la. Aquele olhar teve um peso inexplicável sobre mim.

A levei até minha casa. Não sei o que falaria a Alisson. Ela não sabe o que faço, e se souber nunca vai me perdoa. Alisson acha que trabalho em uma loja de instrumentos musicais.

Como se eu mandasse no CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora