Capítulo 15: Golpe baixo

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A porta do quarto de Alisson foi aberta de repente, fazendo com que eu saísse de cima de Ethan. Alisson ficou nos olhando confusa.

- O que aconteceu? Ele é um cachorro ou o diabo-da-tasmania? - Analisou a zona que estava.

- Diabo-da-tasmania. - Resmungou Ethan se levantando.

- Eu vou lá pegar aquela peste. - Falei ouvindo uma risada de deboche de Ethan logo seguida.

Fui até meu quarto encontrando Kobe deitado no tapete. Dessa vez fiz diferente, em vez correr pra pegá-lo me abaixei e comecei a chamar por ele.

- Kobe, vem cá. - Me surpreendendo ele se levantou e veio em minha direção. - Aaa seu cachorrinho malandro. Vamos acabar esse banho. - Fui até o banheiro e acabei de dar banho nele.

(...)

- Vai, tenta me acertar. - Disse Ethan e eu tentei lhe acerta, mas ele sempre protegia. - Você tá com medo de me machucar? Vai com tudo. Preciso saber em que você é boa.

- Preciso mesmo disso? - O olhei com tédio. Lutar, violência isso nunca foi minha praia.

- Se você quiser liberdade e ficar viva? Sim, você precisa. - Estavamos em uma sala do apartamento com saco de pancadas, negócios pra malhar, entre outros. Ethan treinava ali. Alisson estava pra escola e Kobe dormia em sua caminha.

- Tá bom. - Fui pra cima do mesmo com tudo. Tentei lhe acerta mas ele desviou. O chutei e o mesmo segurou minha perna, me fazendo parar.

- Solta. - Ele sorriu perverso. - Se eu cair, vou te matar Ethan. - Ele sorriu e puxou minha perna me jogando no chão. - Cretino. - Me levantei disposta a me vingar.

- Tá ruim em! - Consegui lhe acerta um soco na barriga. - Só isso? - No momento seguinte lhe acertei um chute em cheio em seus países baixos, o mesmo caiu de joelhos com a mão no local. Logo seguida foi de frente de encontro ao chão.

- Golpe baixo. - Comecei a rir.

- Tá ruim ainda é? - O olhei debochando.

- Engraçadinha. - Resmungou.

- Quer que eu chame um médico? Seria um tanto humilhante, mas se quiser. - Me sentei no chão a sua frente.

- Morre Kiara. - Eu apenas sorri. - Só traz gelo antes pra mim.

- Tá falando sério? - Tinha sido tão forte assim?

- To. - Me senti culpada.

- Foi.. tão forte assim? - Arregalei os olhos preocupada.

- Foi Kiara. - Meu Deus será que ele vai poder ter filhos um dia?

Balancei a cabeça afastando os pensamentos e ri de mim mesma. Fui até a cozinha e peguei gelo, colocando-o no pacotinho logo seguida. Ao voltar notei que Ethan havia tirado sua camiseta.

- Aqui. - Entreguei ao mesmo. Ele pegou e sentou no chão, me sentei de seu lado. - Foi mal.

- Foi péssimo Kiara. Sorte sua que nunca pensei em ter filhos. - Não me contive e ri. - Tá rindo de quê em? Isso é muito sério. - Ele tentou manter uma pose séria mas não conseguiu e acabou rindo também.

- Você começou.

- Isso serviu pra mim entender que você é mais forte quando está com raiva. Então tenta sempre focar na raiva. - Era uma fala séria, mas o fato de ele estar com o gelo, não me deixava levar a sério. Estava segurando risada. - Que foi?

- Você colocando gelo...não dá pra levar a sério. - Ele revirou os olhos.

- Já está bom. - Me entregou o pacote com o gelo.

- Quero isso não, eca. - Fiz careta.

- Fresca. - Ele se levantou e jogou no lixo.

Me levantei e acabei encarando suas tatuagens. Senti meu rosto queimar quando ele percebeu.

- O que significa? - Meu olhar foi para seus olhos.

- O que?

- A tattoo em seu pescoço. - Ele abaixou o olhar.

- Está em português, significa "quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança". - Me aproximei do mesmo com calma, toquei a tatuagem de tulipa, era uma das que mais haviam me chamado atenção. Meu olhar subiu até o seu.

- E essa? - Meu tom saiu baixo.

- Tulipa era a flor favorita de minha mãe. - Sorri fraco.

Meus dedos passaram por cada tatuagem sua. Pude notar ele se arrepiar e um sorriso foi incontrolável.

- São...lindas. - Sua respiração estava ofegante.

- Kiara... - Sussurrou me fazendo derreter. Colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha me fazendo encará-lo, meus lábios estavam entre abertos, minha respiração também estava ofegante.

Nos aproximamos sem pressa, senti sua mão quente tocar meu rosto e acariciá-lo. Minhas pernas ficaram bambas.

Ele nos juntos em um beijo calmo. E mais uma vez eu havia me rendido.

°°°

- Quando vai contar tudo a Alisson? - Um silêncio pairou. Estavamos na cozinha tomando café da manhã.

- Bom...não sei. - Falou depois de alguns segundos.

- Você sabe que ela já percebeu que você não trabalha em uma loja de instrumentos né? - Ele assentiu. - Você tem que contá-la. Ela merece saber.

- Eu sei. Só não vou contar hoje, vou esperar.

- Até quando? Até ela descobrir sozinha? - Ela merecia saber.

- Ela é minha irmã, vou contar quando eu quiser. - Aumentou seu tom de voz.

- Você acha que ela é uma criança? Ela não é mais uma criança. E se você acha que assim esta protegendo ela, tá enganado. - Aumentei meu tom de voz.

- Olha quem fala, ela corre perigo por sua causa. - O olhei desacreditada do que eu havia ouvido.

- Por sua causa, que se envolveu com Kol mesmo sabendo que não tinha volta. Você só pensou em você e na sua vingança idiota. - Gritei e o mesmo se aproximou com fogo nos olhos, mas mal tremi.

- Você não é ninguém pra colocar dedo em minha vida. Se até seu próprio pai mandou te matar, você provavelmente não era mil maravilhas. - Senti meus olhos se encherem de lágrimas e acertei um tapa em seu rosto.

- Vai pro inferno. - Sai dali sentindo lágrimas escorrerem por meu rosto.

Respirei fundo na tentativa de me controlar. Fui até Kobe, coloquei a guia e o peguei no colo, o mesmo lambeu meu rosto arrancando um sorriso em meio as lágrimas.

- Impossível não sorrir pra você né meu amorzinho. - Sussurrei para o mesmo.

Sai do apartamento com Kobe no colo e fui até as escadas, subi dois andares e me sentei.

- Você não vai chorar por isso Kiara. - Sequei minhas lágrimas e respirei fundo. - Você é forte, e ninguém pode te abalar. É só não pensa, é só não pensa, é só não pensa. - Repeti para mim mesma.

Em momentos como esse que eu percebia o quão sozinha estava. As palavras de Ethan foram como facadas, mas sabia que também havia machucado ele. Se alguém me machuca, vou lá e machuco com maior intensidade. Por isso eu e Ethan nunca daremos certo, porque ele também é assim.

Fiquei um tempo ali pensando no que faria. Passou pela minha cabeça pegar minhas coisas e ir embora, mas isso seria imaturo e Alisson não merece isso. Queira ou não, Ethan e eu estamos nisso juntos e vamos continuar nisso juntos, até o fim. É algo sério, são nossas vidas e juntos vamos ser mais forte.

Eu poderia pedir desculpas a Ethan? Poderia, mas não iria. Vou voltar pra lá e ignorá-lo um pouco e depois continua conversando como se nada tivesse acontecido. Porque eu sou assim, a palavra desculpa e praticamente escassa em meu vocabulário.

- Kiara? - Ouvi uma voz conhecida e me virei me surpreendendo.

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Continua...

Como se eu mandasse no CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora