Encarando meus medos

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Sakura Uchiha

Fiquei atrás da porta ouvindo um pouco da conversa do Sasuke com seu irmão. Da para sentir a dor dele por não tê-lo aqui. No fundo eu sabia a real intenção do Itachi, a forma como ele me olhou assim que chegou, era como se tivesse alguma coisa para me falar e parte de mim gritava para não deixar ele se aproximar. É a mesma coisa quando tento lembrar, essa voz mais alta na minha cabeça me implorando para não fazer isso. Eu não entendo, é como um auto bloqueio que criei e não faço a menor ideia de como desfazer. Por que eu não quero lembrar?

Meu sono estava leve, mas consegui sonhar com algumas lembranças, nelas eu ouvia a voz de Mizai. Não era nítido o suficiente, mas era como se dissesse para alguém que sou forte, "Mas tem o seu ponto fraco", foi o que ela disse.

- Sakura... — Ouvi uma voz sussurrando que me fez abrir meus olhos.

Era o Itachi, colocou o Sasuke ao meu lado na cama e pelo fato de não ter acordado com o movimento deve estar bem cansado.

- Desculpa te acordar, mas podemos conversar amanhã?

Apenas balancei a cabeça como um sim, mesmo que na briga interna me afastar dele parece ser a melhor ideia.

Itachi caminha para fora do quarto, mas para na porta.

- Ta tudo bem? — Sussurrei para não acordar o Sasuke.

Ele se vira para mim com um olhar preocupante.

- A Sarada gosta de ovo frito?

Itachi falou isso tão sério que tive que me segurar para não rir.

- Hum... Acho que todo mundo gosta de ovo frito. — Sussurrei como resposta.

- É um bom ponto...

Ele balança a cabeça concordando comigo e sai do quarto.

Como eles podem ser tão opostos e tão parecidos ao mesmo tempo?

Mesmo tendo tido tempo para dormir, os pesadelos não me deixavam ficar muito tempo de olho fechado. Isso acontecia na primeira semana que estava no hospital, o Sasuke conseguia silenciar minha cabeça, mas mesmo olhando para ele agora estou com um péssimo pressentimento.
Passei meus dedos lentamente pelo seu rosto.

- Eu realmente sou apaixonada por você. — Disse baixinho.

Todos os detalhes dele me chama atenção, faz meu coração palpitar. Mesmo a ideia dele ter sido "ruim" me assustar, não é suficiente para me afastar.

E dentro de mim, é como se eu pudesse sentir que finalmente a trave que me prende de lembrar está se rompendo. Isso me assusta e eu não sei o porquê.

Não me lembro de dormir, mas quando acordei o Sasuke já não estava na cama, eu ouvi as conversações lá embaixo. Não ouvi a Sarada tão animada desde que a "conheci" no hospital.

Ouço o celular do Sasuke vibrar, então atendo.

- Sasuke, a Sakura...

- Sou eu, Sai. — Reconheci a voz.

- Ah! Oi Sakura, ham... Você está ocupada? É que a Ino... você poderia conversar com ela um pouco?

Eu ainda não sei interpretar bem o Sai, mas o jeito que está falando me preocupa.

- Ela está bem?

- Está melhor. — Dessa vez uma voz séria.

- Tem como me mostrar o caminho?

- Eu já providenciei um guia.

- Vou descer em dez minutos.

Levantei da cama e fui jogar uma água gelada no corpo só para me fazer acordar um pouco mais, mesmo não tendo pregado o olho por mais de dez minutos a noite toda.
Deixei meu cabelo secar por si só e peguei um casaco preto — é a única cor nesse armário — do Sasuke pela manhã gelada. O tempo não parece que vai sorrir hoje. Acho até que está nevando.

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