Somnio Salvus | Drarry

Capítulo 5

Harry estava cedo para o café da manhã pela primeira vez em semanas. Quando Hermione chegou, ele havia terminado sua segunda tigela de cereal e estava pegando os ovos. Ele estava tão ocupado empilhando seu prato que não percebeu que tinha uma audiência até que Hermione perguntou.

— Devo pegar um prato maior para você, Harry?

— Ehm? — Ele respondeu, com a boca cheia de torrada.

— Ela quer dizer que é bom ver que você recuperou o apetite. — Explicou Rony, observando Harry pegar ovos mexidos com sua torrada.

— Hmm. É estranho, estou faminto esta manhã. — Harry meditou.

— Você também parece mais saudável. Você tem alguma cor de volta. Finalmente uma noite de sono decente? — Perguntou Hermione.

— Sim, — sorriu Harry, então voltou sua atenção para sua comida.

Hermione suspirou de alívio e sorriu para Ron. — Talvez você esteja superando os pesadelos, afinal. Devo admitir que pensei que seria necessário algum tipo de poção médica...

— Ah, eu tive o pesadelo... — interrompeu Harry. Ron e Hermione olharam para ele surpresos. Harry limpou a garganta, relutante em elaborar, mas eles ainda estavam olhando para ele. — Umm, não foi tão ruim.  Quero dizer, foi.  Horrível. Mas havia... eu não estava...

Ele nunca gostou de falar sobre seus sonhos, e hoje foi especialmente difícil. Ele olhou para a mesa da Sonserina. Um Malfoy incomumente pálido e cansado olhou para trás, sem expressão. Olhos cinza-aço fitaram os de Harry, mas sem o habitual sorriso de desprezo e repugnância. Em vez disso, havia... algo mais.

Harry esqueceu o que estava dizendo, por um momento. Ron seguiu o olhar de Harry.

— Inferno, o que há de errado com Malfoy? Ele parece com a morte aquecida! — Ele disse alegremente.

Hermione se virou para olhar, o sonho de Harry momentaneamente esquecido. — Minha nossa.  Ele já fez o cabelo esta manhã? Ele deve estar doente se não se incomoda com sua aparência. Talvez seja gripe...

— Talvez seja febre tifóide. — Disse Rony esperançoso.

Draco Malfoy não estava doente. Pelo menos, não fisicamente. Ele estava, no entanto, em estado de choque. Ele não tinha certeza do que estava esperando quando invadiu os sonhos de Harry. Talvez sendo perseguido por dementadores, ou trancado no armário onde a família trouxa de Harry o fez dormir. Talvez dragões. Ele poderia ter lidado com dragões. Mas ele estava tendo dificuldade em lidar com a realidade do que tinha visto e ouvido na noite anterior.

Claro que ele sempre soube que Voldemort era implacável. Ele estava bem ciente de que durante sua ascensão ao poder houve baixas. Esse era o caso de qualquer guerra. Não era segredo que Voldemort havia matado os Potters, por exemplo. De acordo com seu pai, eles tentaram destruí-lo em muitas ocasiões e chegaram perigosamente perto de conseguir, então Voldemort simplesmente agiu em legítima defesa. Draco também sabia que ocasionalmente as pessoas precisavam ser... persuadidas... a ver o ponto de vista de Voldemort. Se isso envolvesse a estranha ameaça ou o uso de um Imperiuscurse, então é justo. Era tudo para um bem maior, e os fins justificavam os meios. Afinal, um pouco de medo nunca fez mal a ninguém.

Nunca havia ocorrido a Draco se perguntar por que Voldemort queria matar Harry Potter. Afinal, ele era apenas um bebê, então deve ter sido um erro. Os Potters teriam lutado, assim como os Comensais da Morte. Ao que tudo indica, houve uma pequena batalha que destruiu toda a casa. Voldemort deve ter amaldiçoado a criança na confusão... certamente? E todas as histórias de horror, que seu pai disse que foram inventadas pelo Ministério para impedir que as pessoas seguissem um radical progressista que revolucionaria o funcionamento do mundo bruxo... eram apenas histórias, tinham que ser!