Capítulo 8

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O café da manhã Draco achava difícil falar com alguém. No espaço de alguns dias, ele virou sua vida de cabeça para baixo. Reconhecer seus sentimentos sobre seu futuro significava que algum dia ele teria que abandonar sua família e seus amigos. Ele não conseguia conversar amigavelmente como se tudo continuasse igual.

Ele evitou chamar a atenção de Pansy quando ela se sentou em frente a ele. Ele se virou antes que ela pudesse falar... e se viu encarando e sendo encarado por Harry Potter.

Oh sim, essa era a outra coisa. Chegar a um acordo com uma completa reviravolta política e o conhecimento de que ele estaria para sempre distanciado de todos que conhecia como resultado, era um problema. Mas descobrir que a animosidade, ciúme e ressentimento que ele sempre guardou por Harry Potter estava rapidamente dando lugar à admiração e ao fascínio crescente... bem, isso era uma lata de vermes totalmente diferente.

Como se eu não tivesse o suficiente para lidar, ele pensou consigo mesmo. Nesse ponto, ele percebeu que ainda estava olhando, e desviou o olhar abruptamente. Ele teve tempo de notar que Potter estava olhando para ele com uma expressão muito peculiar. De olhos arregalados e boca aberta, assim como ele olhou naquele dia no Madame Malkin, o dia em que ele foi arrancado de sua existência até então mundana e descobriu um mundo totalmente novo...

Ok, começando a entender exatamente como isso se sente... ele meditou, redirecionando seu olhar para sua tigela de flocos de milho. Ele tentou prestar atenção ao zumbido de vozes ao seu redor, qualquer coisa para distraí-lo da visão de Potter olhando para ele. Ele pegou um fio de conversa entre Pansy e Crabbe, e se agarrou a ele.

— ... ele não se sente bem. Fui ver Madame Pomfrey. Ela disse que ele provavelmente está comendo doces demais, mas acho que é gripe ou coisa parecida.

— Goyle come muitos doces, é uma maravilha que ele ainda tenha dentes. Mas ouvi dizer que há um bug circulando, então não custa nada fazer uma verificação.

Draco tentou parecer interessado na discussão sobre o problemático intestino de Goyle, mas sua mente estava em outro lugar quando o som de seu nome o fez voltar sua atenção para Pansy.

— Você deveria ir ver Madame Pomfrey, Draco. Você não parece saudável, e você não é você mesmo nos dias de hoje. Talvez você esteja afundando com alguma coisa.

— Eu não estou doente. — Ele respondeu defensivamente. Pansy não parecia convencida. — Quero dizer, eu tenho muita coisa na cabeça ultimamente e não durmo muito bem, mas quando eu terminar meu projeto de Poções...

— As tarefas de poções nunca te estressaram antes. Tem certeza de que não há mais nada incomodando você? Você sempre pode falar conosco, você sabe, nós somos seus amigos.

Draco tentou sorrir agradecido, mas a expressão não veio naturalmente. Ele teve que pensar em cada pequeno músculo em seu rosto e mentalmente dizer a ele para puxar.

Pansy continuou. — Meus pais vão receber seus pais para jantar neste fim de semana. Ajudaria se eu passasse uma mensagem para você? Seja o que for, eles podem ajudar.

Não! — Retrucou Draco, um pouco veemente demais. Pansy pareceu surpresa.

Absolutamente a última coisa que Draco precisava era que seu pai percebesse que nem tudo estava bem com seu filho. Não até que ele estivesse pronto, se é que estava pronto, para confessar. Ele lutou para se recompor enquanto Pansy continuava.

— Bem, eu sei que pode ser difícil falar com seus pais sobre coisas pessoais, mas é por isso que eu pensei que se fosse de mim...

— Não quero falar com meus pais sobre nada. Eu não quero que você interfira, e não há nada para dizer de qualquer maneira! Agora podemos falar sobre outra coisa, por favor?

Somnio Salvus | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora