Capítulo 10

1.6K 233 45
                                    

Harry acordou abruptamente, contorcendo-se e suando, e vagamente consciente de que acabara de gritar. O sonho ainda estava fresco e vívido em sua mente, e ele sabia o que devia ter dito. Esperava desesperadamente que ninguém o tivesse ouvido.

Ele ficou imóvel, ouvindo sons de movimento de qualquer um dos outros quatro postes. Era difícil ouvir qualquer coisa acima do baque ensurdecedor de seu próprio coração, tão rápido que parecia um rufar de tambores. Por um momento, ele pensou que tinha escapado, mas não...

Houve um ranger de molas da cama, um som arrastado, então as cortinas de sua própria cama estremeceram.

Oh não, Ron volte para a cama, por favor, ele pensou freneticamente. Seus lençóis mal o cobriam até a cintura, e ele estava dolorosamente ciente de que a umidade de seu pijama era mais do que apenas suor. Ele puxou as cobertas até o queixo e enxugou o suor do rosto com a manga.

Naquele momento, a sonolenta cabeça ruiva de Ron apareceu entre as cortinas da cama, parecendo pálida e fantasmagórica ao luar.

— Tudo bem, Harry? — Ele bocejou.

— Sim. Estou bem — respondeu Harry, sussurrando para esconder o fato de que estava sem fôlego.

— Outro pesadelo, hmm?'

— Sim. Está tudo bem, Rony. Volta a dormir.

— Mmm, ok. — Ele se virou para ir. Harry começou a respirar novamente, mas então Ron voltou. — Ah, Harry? Malfoy estava em seu pesadelo dessa vez?

— Por que você diz isso? — Disse Harry em uma voz muito baixa.

Ron pareceu confuso por um momento, e bocejou novamente. Então ele acenou com a mão com desdém, dizendo. — Não sei. Boa noite, Harry.

Harry esperou até que pudesse ouvir roncos fracos na cama de Ron, então esperou mais alguns minutos para ficar do lado seguro. Só então ele se levantou para se lavar e trocar o pijama.

A semana seguinte foi difícil para Draco. Nas aulas, ele podia sentir o olhar de Harry sobre ele, mas não conseguia pensar em uma maneira de reagir. Ele não conseguia olhar para trás, e se Harry pudesse ver em seus olhos que ele estava bem ciente do que estava sonhando?

Ele sabia que o que deveria fazer era agir normalmente; lançar alguns insultos e fazer comentários sarcásticos sobre a pobreza de Weasley e a filiação de Granger. Mas ele não tinha certeza se poderia fazê-lo de forma convincente agora que seu coração não estava nisso. Além disso, não se sentiria bem depois do que ele e Harry compartilharam, mesmo que não fosse real. Então ele manteve a cabeça baixa e tentou ocupar sua mente com seu trabalho.

Nos corredores, ele se esforçou para evitar o trio da Grifinória, com medo de se entregar se fosse arrastado para uma briga.

Na hora das refeições, ele participava sem entusiasmo das conversas entre seus colegas de casa, mas se calava no instante em que alguém começava a expressar opiniões políticas ou discutir magia negra. Nesses momentos, ele permitia que seus olhos vagassem até se fixarem em um certo grifinório de olhos verdes. Ele olhava, fascinado, até que os olhos verdes o encarassem de volta. Então ele desviava o olhar apressadamente e começava uma conversa mundana com Crabbe ou Goyle.

Os horários noturnos eram os piores. Na segunda-feira à noite ele ficou acordado pensando em Harry, e como tinha sido fácil abrir seu coração para ele. Ele pensou em como parecia certo estar nos braços de Harry. Então ele lembrou a si mesmo que, no que dizia respeito a Harry, nada disso realmente aconteceu, e um nó doloroso se formou em seu estômago.

Ele chegou perto de despejar a poção no banheiro dos meninos da Sonserina, mas se conteve quando as primeiras gotas desapareceram pelo ralo. Só mais uma vez – mais um sonho e então eu me desfaço dela, ele assegurou a si mesmo.

Somnio Salvus | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora