02 • DE VOLTA A DOTONBORI

840 115 16
                                    

Kotaro, imerso em seus pensamentos, soltou um suspiro ao perceber que enfrentaria grandes problemas devido às suas ações em relação àquele ômega. Em menos de três segundos depois de entrar no local, o alfa mais velho apareceu entrando pela porta recém-aberta. Ele dirigiu-se até a mesa em total silêncio e ao chegar, voltou-se para encarar o filho.

- Você se recorda de algo? - Questionou Tatsuo.

- Voltei aos meus sentidos quando o nó se desatou! - Suspirou derrotado.

- Hm...

O ruído de vidro se partindo no andar de cima ressoou, levando Kotaro a fechar os olhos e inspirar profundamente. A preocupação era evidente em seu rosto, ele estava ciente de ter cometido um erro, contudo, também estava consciente de que haveria consequências por suas ações.

- Sabe você que ele está muito irritado, certo? Entretanto, isso não significa que eu também não esteja. - O chefe mencionou ao se mover para o lado oposto da mesa e pegar o copo que estava próximo à garrafa de Whisky.

- Eu reconheço que simplesmente pedir desculpas não é o bastante, por isso, vou aceitar a consequência dos meus atos. - Kotaro dirigiu-se à mesa onde estava um cinzeiro e apagou o que restava do maço.

- Ainda bem que reconhece! Mesmo sendo meu filho, não pegarei leve com você. - Quando o alfa pegou seu whisky e tomou um gole, olhou diretamente para o filho.

Kotaro permaneceu imóvel e em silêncio enquanto aguardava pela consequência de seus atos.

- Dirija-se ao seu quarto, eu considerarei qual punição aplicar e mantenha-se afastado do meu quarto se não quiser perder um membro do seu corpo. - Tatsuo mencionou o ômega que ainda quebrava objetos no segundo andar.

- Sim... - Kotaro inclinou-se rapidamente diante de seu pai e deixou o local.

───────── ☽ ─────────

O céu encontrava-se coberto de nuvens e os trovões anunciavam a iminência da chuva. Sentado na cama, acariciando a ferida em seus lábios, Kotaro reviveu o terrível dia em que o indivíduo ômega chegou em sua casa.

- O que irá fazer agora? Já se passaram duas semanas... - O som da voz de Kimiko o fez sair dos pensamentos.

- Precisarei ter uma conversa com ele. - O moreno respirou fundo.

- Não cometa mais erros, Kotaro. - Aproximando-se do irmão, a albina estendeu a mão direita em direção ao seu ombro largo. - Agora não restam dúvidas de que você precisará partir deste lugar e se mudar para o seu apartamento em Tóquio.

Os irmãos que estavam conversando notaram uma sensação intensa de presença e, ao voltarem seus olhares para a porta da sala, imediatamente reconheceram tal sentimento. Yuri demonstrava tremores, suas unhas eram visíveis em suas mãos e seus olhos de cor amarela evidenciavam a raiva que percorria seu ser.

- Papai, não faça...- Antes de Kimiko conseguir falar, a presença de seu pai a fez ajoelhar-se e encolher-se de medo e sufoco.

- Pare com isso... - Kotaro se contorcia na cama. - Pare!!!! - Implorou.

O ômega não abriu a boca, somente foi em direção ao filho mais velho, segurou seu rosto e olhou com desgosto. Sua mão direita acertou com precisão o peito tatuado, suas unhas penetraram tão profundamente que o alfa soltou um gemido de dor.

- Yuri! - A voz de Tatsuo se fez presente em meio aos gritos do seu filho. - Mais que porra... LARGUE ELE, YURI. - O alfa emitiu um rosnado enquanto se permitia ser guiado pelos instintos.

ALPHA • Tetralogia LupinaOnde histórias criam vida. Descubra agora