CAPÍTULO 10

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Eu pensei que a gravidez fosse de longe o maior desafio que já havia enfrentado como mulher, com todos os enjoos, a fome, a falta dela, o sono excessivo, a insônia, as dores no corpo, a sensibilidade, o mau humor, o cansaço, o inchaço e tudo mais ...

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Eu pensei que a gravidez fosse de longe o maior desafio que já havia enfrentado como mulher, com todos os enjoos, a fome, a falta dela, o sono excessivo, a insônia, as dores no corpo, a sensibilidade, o mau humor, o cansaço, o inchaço e tudo mais o que acompanha carregar outra vida crescendo dentro de você. Mas não, depois que o nosso Apolo nasceu, foi que entendi que aquele seria o meu maior desafio. Assim que bati os olhos nele, entendi o que era amar tanto alguém que chegava ao ponto da dor, de ser capaz de tudo, até de se doar por completo, dando o que tinha e o que não tinha de energia em mim, para cuidar daquele novo serzinho que precisava, confiava e dependia cem porcento de mim

A maternidade realmente transforma e uma criança realmente muda a relação. Carlos e eu saímos muito da nossa zona fechada de um casal jovem, que pensava apenas nos seus planos, para nos dedicarmos a nossa nova realidade de pais, realocando esses planos, onde antes cabiam dois, agora para três.

Apolo nasceu em uma mistura de nós dois. Os cabelinhos e os olhos eram meus, mas todo o resto era basicamente Carlos. Alguns trejeitos no modo de sorrir dele lembravam a mim e apesar de ser moreno, com os olhos cor de mel como os meus, todos que o viam diziam lembrar do pai.

Nosso pequeno também se mostrou com uma personalidade bem forte, desde recém-nascido, chorava aos berros quando estava sujo ou com fome e só parava depois que eu resolvia seu problema, o que fez com que eu, Carlos e Cida, a moça que Carlos contratou para me ajudar com a casa e com o bebê na sua ausência, acordássemos muitas vezes, em muitas noites.

Hoje ele está dando menos trabalho, já dorme a noite toda, rejeitou a mama naturalmente há algum tempo e agora nos preocupamos em não deixar nada perigoso acessível para o zangadinho da casa que ainda caminha engraçado com pouco mais de um aninho de vida.

Apolo é o xodó da minha mãe, vamos visitar ela sempre as escondidas, assim como é rival direto de Robert, pois sempre que ele vem nos visitar com a família, meu pequeno não larga Cecília e não deixa que Robert se aproxime da esposa, o que gera boas risadas em todas as vezes.

Apolo tem um instinto inegavelmente forte, ciumento, irritado, impaciente e tudo isso já fica claro mesmo com ele bebezinho, o que me fez temer no início de ser algo semelhante com meu pai, mas eu nunca permitiria que faltasse amor, educação e pulso firme o suficiente para que ele se tornasse alguém tão amargurado quanto. Mas, para a minha tranquilidade, quando compartilhei esse pensamento com Carlos, o que ele me respondeu é que Apolo é um Ferrari e que, apesar de se identificar com algumas faces do pequeno, ele via muito o temperamento do seu pai em Apolo e me falou isso com um sorriso tão bonito, uma admiração, um brilho no olhar tão forte, que me fez ficar mais tranquila.

A parte interessante disso é que descobri que o meu sogro não era uma pessoa tão fácil assim e devia ser um poço de impaciência e ciúmes. Apolo estava em uma fase que se irritava se visse Carlos me beijando e ficava impaciente quando era repreendido, como no dia em que bateu em Rodrigo, porque eu o abracei. Por mais que eu estranhasse admitir, meu filho era possessivo e Carlos se divertia com as cenas dele, enquanto eu preocupava-me a cada dia mais, porque toda mulher próxima a nós Apolo queria apenas para ele, como Cecília, Cida, Olga que é a esposa de José e até Silvia, que é uma mulher muito séria que me procurou na fazenda para pedir emprego na casa e, mesmo com a relutância de Carlos por segurança, eu cedi.

CONTO - CARLOS & ESTELA FERRARIOnde histórias criam vida. Descubra agora