—Pode fazer mil cheques, não vou vender minhas terras! – ele diz cruzando os braços de forma decidida.
—Nunca entraram em um consenso? – sua esposa chega perguntando e Estela vem para o meu lado.
—Sabe que com o homem que casou não existe consenso. – ele mesmo responde para ela que o encara sorrindo e balançando a cabeça negativamente.
—Por que não oferta aquela terra que está com problemas? Ele é advogado, pode resolver.
—Tenho interesse em resolver o problema, mas em vender minha terra não.
—Qual problema? – Estela pergunta o que também desejo saber.
—Invasão. – a esposa dele responde.
—Amoleceu o sistema, Barão? Até onde o conheci, nunca teve dificuldade alguma em resolver problemas com invasores, a bala da arma chegava antes que você. – digo.
—Estava pronto para resolver, mas Carmen não deixou e se for para lá, também não conseguirá. – ele responde.
—Sou especialista em resolver problemas...
—Não vem querer se afobar com esse papo de doutor para cima de mim! – já me corta e sorrio.
—Você que não tem tato para lidar com as coisas com sua laia de peão.
—Laia de peão? – pergunta estranhando o tratamento que ninguém tem coragem de usar com ele, mas eu pouco me importo.
—Coloca essa sua cabeça grande para pensar como ela deve ao menos uma vez na vida. Eu vou até lá, resolvo o problema e compro a terra. Eu fico satisfeito com meu terreno e você se livra de um problema, ganhando dinheiro ainda por cima. – falo já preenchendo o cheque mais uma vez com um valor mais alto – Oferta final, Barão. – digo entregando o cheque que ele pega e a esposa cresce o olhar.
—Mas...
—Xiii! – ele a interrompe roubando um beijo breve dela e voltando a me encarar – Negócio feito. – diz e sorrio encarando Estela.
—Não se preocupe, eu sei que o que tem aí compra uns cinco terrenos. – falo consciente para a sua esposa que sorri para o marido e esse me encara com olhar convencido.
*
Quando chegamos à imensa terra que seria minha, só então compreendi a dimensão do problema. Em meio a todo o verde e vegetação excessiva, havia uma pequena casa, de estrutura bem simples, que foi construída dentro dos limites da terra, onde vivia um casal que aparentemente não tinha outro refúgio.
Somente após conhecer os moradores, que não se recusaram em nos receber, entendi o motivo do barão não ter conseguido resolver o problema. Eram pessoas gentis, engraçadas, simples e que pareciam amar um ao outro, mas que tinham um grande inimigo entre eles: a doença. A mulher parecia condenada a um câncer que sugava todo o seu viço, mas não tirava o bom sorriso e gentileza.
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CONTO - CARLOS & ESTELA FERRARI
Storie d'amoreNOVA CONTA!⚠️ CONTO I da série FERRARI🤍 * O fruto deles já conhecemos, mas como as suas histórias se encontraram? A primeira geração de amor traz a realidade de Carlos e Estela, quando eram apenas dois jovens, ambos focados em seus sonhos, mas qu...