Lena Luthor
Thomas acabou causando uma comoção geral na cidade, o que para mim era um grande exagero. Sofrer um acidente de carro não era motivo para mérito. Ele ficou uma semana em coma e quando voltou do hospital, havia uma festa de boas vindas em seu jardim da frente. Festa essa na qual eu e Kara estávamos participando não apenas com nossa presença, mas também com cupcakes de chocolate que a loira me obrigou a ajudar a fazer.
Ele chegou numa cadeira de rodas que era empurrada por seu pai e todos fizeram aquela algazarra irritante com gritos de comemoração apenas por Thomas estar vivo. Eu também estou, então me deem parabéns, bando de falsos puritanos.
Forçar simpatia havia se tornado um dos meus maiores dons atualmente e eu conseguia ser a gentileza em pessoa quando se tratava de conversar com um vizinho chato pra caramba que não parava de falar em como os seus filhos estavam aprendendo coisas óbvias e nada incríveis como sentar sem tombar para o lado ou segurar a própria mamadeira. O pior dessas conversas sobre bebês é que eles sempre estavam perguntando quando eu e Kara teríamos um.
A pergunta deixava minha esposa desconfortável porque ter um filho era um desejo dela, mas não o meu. Sempre dizíamos que queríamos aproveitar alguns anos sozinhas antes de termos crianças, mas a verdade era que provavelmente isso nunca aconteceria. Não consigo me imaginar ficando feliz só porque um bebê conseguiu rir pela primeira vez. Acho que uma criança mereça uma família que comemore coisas idiotas desse tipo, não apenas cinquenta por cento.
No meio da pequena festinha, Thomas ficou sozinho pela primeira vez desde que passou pela cerca de casa. Ele estava enchendo seu prato com alguns doces quando resolvi me aproximar.
- Thomas. - abri um sorriso. - Como se sente?
- Menos quebrado do que há uma semana. - riu. - E então, senhora Goldberg, conseguiu vender muitos quadros?
- Ah, sim. Fiz uma pequena fortuna. - joguei meu cabelo para o lado, tirando alguns fios do meu rosto. - Não preciso nem me preocupar em pintar alguma coisa para vender tão depressa. Posso ficar um ano sem fazer absolutamente nada, tranquilamente.
- Isso é ótimo. - forçou um sorriso. - Sabe... - vi ele desviar a sua atenção na direção de Kara. - Já esteve com alguém que parecia ser uma coisa e de repente descobriu que essa pessoa não era nada do que você pensava?
- Não, acho que não. - falei, pegando um dos docinhos e colocando em minha boca. - O que está querendo dizer? - por mais que fosse jovem, o garoto era inteligente, podia ter juntado algumas peças.
- Olha, sei que a senhora pode não acreditar em mim e provavelmente vai achar que é loucura, mas por favor, não se ofenda. Estou apenas te contando isso como um meio de ficar em alerta. Para a sua segurança, sabe?
- Minha segurança? - franzi o cenho.
- Na noite em que Andrea Rojas foi empurrada das escadas, eu e Kara tivemos uma breve conversa sobre ela. Sua esposa parecia furiosa e sumiu logo depois dando uma desculpa que precisava sair. Quando a senhora foi para casa após o evento, Kara estava lá?
Jovem, não ingênuo.
Pensei alguns segundos no que responderia, ele parecia convicto naquilo, não poderia ser qualquer coisa ou ele com certeza não acreditaria. E eu já estava ficando de saco cheio daquele garoto, parecia cada vez mais envolvido em nossa vida, queria mantê-lo longe de nós o quanto pudesse.
- Não, ela não estava em casa. - falei a verdade.
Vamos brincar Thomas, mas agora da forma certa.

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Reaper
FanfictionHouston, Texas Kara Danvers é uma psiquiatra especialista em transtornos de personalidade. Em seu novo caso, ela foi designada para analisar a famosa serial killer Lena Luthor, mais conhecida como "Ceifadora". Estudando o comportamento da Luthor e c...