Foram todos, juntos com seus baús, novamente acomodados no salão. Era o mesmo salão, a diferença é que uma parede de guardas o dividia ao meio, todos ficaram abarrotados no meio do salão. O baú que estava trancado na caixa transparente estava do lado da balança, do outro lado do salão, guardada por dois guardas. Depois que todos entraram colocaram ainda mais guardas na porta. Os pavores eram tantos que nem as maravilhas do salão conseguiam distrair a população ciente do que estava por vir. Mesmo apavorados repararam que do lado de lá havia mudanças: agora havia um majestoso trono. É claro que os guardas distribuíram um lanche e agua para todos. Mal acabaram de comer e finalmente abriu-se a porta do mezanino. Apareceram os guardas; trocaram as trombetas e anunciaram:
- Todos de joelho na presença do rei.
Todos se ajoelharam, do maior ao menor.
Entrou, cercado de soldados, o rei estava com um manto dourado, uma coroa e um cetro ainda mais imponente que da última vez. Com toda a cerimônia do mundo sentou-se no trono que estava posto lá. Bateu o cetro no chão, o que causou um grande estrondo, um dos guardas dá um passo à frente e diz:
- Sejam todos bem-vindos. Como foi anunciado outrora, hoje é o dia do julgamento dos baús, que o rei gentilmente cedeu a todos. Hoje pesaremos os seus baús, julgaremos os seus tesouros e o que fizeram com o tesouro que o rei lhes deu por esse período de tempo.
Assim que terminou de falar o rei fez um gesto com as mãos e o guarda recuou. O povo falava entre si, receosos. O rei se levanta e perante o seu povo começa a falar:
- A muitos anos lhes dei o baú, e deixei o baú que usaríamos para referência. A chave ficou comigo o tempo todo.
E pegando do pescoço um cordão levantou a todos para que pudessem ver a chave.
-Agora para que não haja dúvidas de que esse é um julgamento justo medirei a balança.
Dois guardas levaram dois pesos e desceram até a balança. O da esquerda foi o primeiro a depositar seu peso na balança, esta pendeu a esquerda, por fim o guarda da direita põe seu peso e a balança se nivela. Depois o guarda da esquerda pega seu peso e a balança pende a direita o guarda da direita faz o mesmo. Os dois trocam de lados e repetem o processo. Ao finalizarem pegam seus pesos e desaparecem pela porta que estava atrás do rei.
- Como podem ver meu povo, a balança está nivelada e agora está na hora de abrirmos essa caixa e tirarmos o seu baú para que possamos utiliza-lo.
Entregando a chave a outro guarda esse se aproxima da caixa, os guardas lhe dão passagem. Este abre a caixa e retira a caixa deixando apenas o baú. Outros guardas pegam o baú e o depositam na balança, no lado esquerdo. Olhando e vendo a balança pronta o rei deu um sorriso de contentamento. Depois olhou para seu povo e viu que ele estava preocupado, assustado. Antes de começar o julgamento o rei decide falar ao seu povo.
- Meu povo, não tema. Eu, do alto do meu castelo, tenho os observados. Lamento apenas que verdadeiramente não tenham prestado atenção e nem guardado minhas palavras. Pois eu lhes disse que existem coisas mais importantes que ouro e prata. Vi como vocês se preocupavam constantemente em manter o baú cheio, recorrendo a métodos duvidosos, para dizer o mínimo. Pois eu te digo que nem sempre um baú cheio é um baú mais pesado. Só lamento apenas que vocês, digo, a maioria de vocês focou apenas no ouro e na prata, esquecendo que há sim algo que supera o precioso metal. O que fizeram, fizeram por vontade própria, conforme suas consciências conforme seus próprios valores e serão julgados.
Os observou um tempo, alguns pareceram mais desesperados, outros mais esperançosos. Após um momento de silêncio o rei declara:
- Tendo dito isso, declaro que se inicie o julgamento. Que venha o primeiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O rei e seu tesouro
FantasyO povo é convocado ao castelo do rei. Ele dá aos seus cidadãos um tesouro, porém ele avisa que irá cobrar de volta e quem não devolver mais do que pegou irá sofrer um castigo enorme. O povo de posse do tesouro age conforme seus interesses. Alguns sã...