Capítulo VIII

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Todos viviam absortos em suas realidades, presos em suas preocupações. Os objetivos variavam, mas no fim, com o passar dos anos, tudo terminou em rotina. Com o pó, houve novos ricos, novos pobres, novo tudo. Os anos trouxeram esquecimento, já não se lembravam mais do por que faziam o que faziam. Os guardas continuavam lá, na praça, de dois em dois. O baú continuava lá, lacrado, mas não significava mais tanto quanto antes.

A vida voltou ao seu normal, e o povo casava-se e dava-se em casamento, faziam negócios e festejavam, trabalhavam e descansavam. Estavam na praça cuidando de suas vidas, quando, assim como da primeira vez uma carruagem chegou. A diferença é que várias carruagens, tantas que não dava para contar, continuaram a andar para além da praça. Desceu-se um garboso homem cercado de garbosos soldados. Chegando no mesmo ponto anterior, desenrola o papel, pigarreia e diz:

- Decreto do rei:

"Amanhã todos serão obrigados a ir ao castelo e trazer seus baús, para serem pesados e julgados. "

Enrolou e assim como veio foi embora, saindo da vista de todos, nasceu novo burburinho que se espalhou na cidade:

- Você ouviu? Você ouviu?

- Sim não acredito o dia finalmente chegou.

- Sim, faz tanto tempo que até esqueci que tínhamos que levar para o rei o maldito baú.

- Será que o meu baú estará mais pesado?

- Como não sabe disso?

- Faz tanto tempo que perdi o controle, hoje nem faço mais idéia se está mais pesado, eu simplesmente usava e depositava as coisas lá.

As notícias se espalharam, alguns estavam confiantes, outros desesperados, muitos não sabiam se tinham o bastante. Os que sabiam que não tinham tentaram fugir, desistiram ao verem que os guardas bloquearam todas as saídas da cidade. Do desespero, todos pegaram o que tinham em posse e depositaram no baú, na esperança que produzisse pó o bastante.

No outro dia alguns levantaram e colocaram seus baús em carroças para leva-lo. Foram parados por guardas que não os deixavam passar da praça, onde estava guardado o baú que seria usado de referência. Muitos com medo não saiam de suas casas, porém, depois de certo horário, nove horas da manhã para ser específico, os guardas entravam de casa e casa e forçava a todos a sair e caminhar levaram todos até a praça.

Tendo reunido a todos chegaram uma escolta da guarda real e na frente de todos eles finalmente destruíram a gaiola. Demorou-se quase duas horas para conseguir abrir um dos lados, com grande barulho do martelo contra o concreto, das picaretas e até mesmo do metal que vibrava a cada marretada. Finalmente tiraram o baú de lá na frente de todo mundo e com o baú exposto a todos o levaram ao castelo.

Com a guarda real na frente os demais guardas reais começaram a orientar a multidão a segui-los. Se na primeira vez houve alegria em entusiasmo dos que iam ao castelo, agora havia medo da incerteza do que iria de vir. O que se via era uma grande multidão indo ao castelo, tendo os guardas como um muro para evitar fugas e meia voltas. 

O rei e seu tesouroOnde histórias criam vida. Descubra agora