Um Encontro com uma Raposa (+16)

Foi tudo real

Senhoras e Senhores, este é o café number five. 

Penso sozinha enquanto enchia minha caneca antes de retornar para a minha mesa na secretaria da universidade, dava um gole sentindo minha alma voltando para o corpo, deixo a caneca encima da mesa e retornava ao trabalho. Era uma manhã de quinta-feita e eu ainda estava processando que aconteceu ontem, não achei que seria capaz de dormir mas meu corpo estava tão esgotado que eu cai em um sono profundo, mas ainda assim acordei desgastada, apenas quando tomei o café numero cinco que consegui sentir meu corpo acordando realmente. A reitoria também não estava ajudando naquela manhã, alguém tinha esquecido de atualizar as informações dos professores e agora eu estava ocupada digitando todas as informações das pastas, meus dedos exaustos quando a Helo entrou na nossa sala com mais pastas em seus braços, ela me olhou com dó. Heloísa podia ser fria, de forma distante as vezes mas sinceramente eu gostava disso nela, seu jeito logico de levar a vida era tudo o que eu mais queria naquele momento. Se não fossem os machucados em minha pele e a lembrança daquele homem pondo num band-aid em meu rosto, iria pensar que tudo não passava de um sonho. Helo colocou as cinco pastas na minha mesa e foi-se sentar na sua, ela estava com outro trabalho hoje que envolvia a feira das profissões que seria daqui algumas semanas e eu iria pegar folga no dia, mal podia esperar. 

- Helo, - Chamei seu nome, como eu disse, ela era logica e eu queria um pouco desses pensamentos lógicos para afastar tudo o que aconteceu ontem, - Se um rapaz, digo, um homem que você não conhece lhe pede para morar com ele por um mês, o que faz?

Ela automaticamente deu uma gargalhada, aquela sua risada tão envolvente que me fazia rir também, mas infelizmente hoje eu não tinha um pingo de felicidade para isso, então apenas aguardei uma resposta sua. - Eu iria fugir, obviamente, se nem conheço o que ele iria querer comigo. - Ela conclui de forma obvia e eu apenas concordo com a cabeça. Mas ela era muito experta e me questionou. - Algum louco te fez essa proposta ou você está lendo um livro novo? 

Quase deixei meu café cair nas pastas quando eu ia o pegando para outro gole, mas tragedia evitada eu encontrei seu olhar me encarando. - Que?! Oh, nada não, um anime novo que eu achei. - Menti, poderia ter dito livro mas ai ela iria querer saber qual, então anime era mais facil e dificil que ela fosse querer assistir. O que me fez dar uma risada pensando em ontem, o fato de que ELE era uma raposa. - Uma garota esbarra em uma raposa e meio que a raposa é esse homem mega gato e ele a chama pra morar com ela, é bem bobo. - Revirei os olhos e dei de ombros para demostrar o quão bobo era. 

Helo deu uma risadinha, e pude ouvir seus dedos teclando no teclado do computador, ela tinha retornado ao trabalho e o assunto ficaria por isso mesmo. 

Ufa. Eu escapei do que seria a situação mais vergonhosa da minha vida. Ou mais louca afinal ela provavelmente iria querer me mandar pro hospital alegando que eu estava louca. Talvez eu esteja. 

Não  tinha cogitado que ontem fora um surto psicótico e que os machucados foram causados por mim mesma, como nos filmes quando alguém estava louco e parecia tudo tão real mas não tinha ninguém causando seus ferimentos e sim a própria pessoa. Eu tinha ficado louca de uma vez? Era uma alucinação tudo o que aconteceu? Talvez eu devesse ligar para meu medico. Estendi a mão em direção ao meu celular samsung colocado encima da mesa de trabalho ao lado do mouse do computador, mas no exato momento o celular vibra e sua tela se ilumina com um numero desconhecido ligando, atendo por curiosidade. 

- Alo? - Pergunto, apoiando o celular no ombro e prendendo com a cabeça, era uma posição torta mas não podia perder nenhum segundo valioso no trabalho, precisava ser multitarefa. - Quem fala?

- Oi, Marcela, aqui é o Yang. - No momento em que ouvi aquela voz familiar eu peguei o telefone e desliguei automaticamente.

]Era ele.