A gata e o pombo

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Meu tédio daquela sexta-feira fora preenchida pelo meu babá. 

A companhia de Niall era bem mais confortável e fácil de lidar, definitivamente havia um contraste grande entre aqueles dois. Como podiam ser amigos se eram tão diferentes? Niall era como um golden retrivier, meio bobo, divertido mas claramente obediente, já Yang...ele claramente seria um gato que não gosta de nenhum humano por perto, o que chega a ser engraçado porque os dois são raposas. Pera.

- Niall, você é uma raposa?

- Meio, meu pai era humano e eu nasci apenas meio raposa das ilhas britânicas durante a guerra dos camponeses. - Sua explicação me deixara confusa, isso significava que ele tinha em torno de uns. - Eu tenho 497 mas estou bem conservado né? - Ele sorria enquanto colocava o queixo entre as mãos em uma pose infantil mas fofa. Apenas concordava com ele e o deixava voltar a sua novela mexicana. 

Me pergunto porque Yang não pode ser como ele? 

Na noite passada, tinha completado uma semana morando em seu apartamento, já me sentia aliviada em ter concluído o trabalho do meu curso de fotografia, mas quando cheguei para comemorar, Yang estava bravo pois ele ainda podia sentir meu cheiro no seu closet nada secreto. Em um rompante de raiva o mesmo me prendeu contra a parede, suas mãos envolta do meu pescoço enquanto ele me enforcava. Nossos olhos se encontraram e vi neles, nada mais do que ódio, um sentimento bestial transbordando dele com fervor, acreditei que iria morrer, mas coloquei minhas mãos nas dele e tentei o parar. 

- Y-yang...S-seu irmão... - Por mais que estivesse cobrindo minha traqueia, consegui falar e aquilo o fez acordar para a realidade. 

Tão logo suas mãos soltara-me e recebi uma lufada de ar revigorante. Desde então ele tem me evitado e é por isso que estou aqui na sala com Niall que assistia uma novela enquanto eu estava redigindo meu trabalho de 50 paginas, graças a Ed esse trabalho estava fácil com todos os links que ele me enviou para que eu pudesse ler. Obvio que seria mais fácil se eu pedir ajuda para os dois seres mágicos que eu conheço, mas um não falava comigo e não queria atrapalhar o Niall, ele estava bem entusiasmado com a sua novela e com seu picolé de chocolate , que de acordo com ele lhe dava mais energia do que um café ou energético. O que ja me ajudava a riscar da lista chocolate como algo que faria mal raposas misticas, então eles não eram exatamente iguais cachorros, de fato. 

O silencio retornava na sala, preenchido somente pelo som das teclas do meu notebook Lenovo e o barulho vindo da televisão. Tá ai algo que não esperava ver, um ser tão velho que poderia ter estado na colonização brasileira, assistindo novela mexicana enquanto lambia um picolé, ele até mesmo suspirava ou derramava uma lagrima de acordo com as cenas dramáticas. Isso o tornava mais humano do que era, principalmente como seus olhos estava, vidrados na cena em que a mocinha dava gritava com o mocinho, terminando seu relacionamento. 

"Calor Roberto, acabou, você me traiu com a minha prima idêntica. "

"Maria Eduarda, me perdoe, mas eu fui dopado e achei que era você quem estava em meu quarto."

Aqueles diálogos me fizeram bufar em uma risada, era uma novela tão ruim. Mas quem sou eu para julgar os gostos de quem pode ser meu tataravô, ao menos respeito pelos mais velhos eu tinha. 

- Não vou aguentar pelo próximo capitulo. - Niall quebrou o silencio desligando a TV.

Não respondi pois parecia um comentário feito a si próprio, apenas foquei em concluir o trabalho e salvar o mesmo. Assim que fechei o notebook aproveitei para alongar a coluna que estava dolorida de ficar tão parada, enquanto isso minha babá já tinha ido a cozinha e retornava com um pacote de doritos na mão. 

Um Encontro com uma Raposa (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora