Somebody Someone

CAPÍTULO 1

Bakersfield, Califórnia - Outono de 1992

- ABRAM CAMINHO, AS OUTRAS AMBULÂNCIAS ESTÃO CHEGANDO! - Vociferou a jovem em frente ao hospital da cidade.

Os automóveis de resgate encostaram e rapidamente a equipe médica recebeu os pacientes acidentados, correndo com macas para dentro do prédio para realizar os procedimentos de maior urgência.

- Senhorita - um dos paramédicos que estava dentro da ambulância chamou a garota - Pode vir até aqui?

A jovem fez um sinal positivo e andou até aquela ambulância.

- Você é da equipe de resgate, correto? - o profissional perguntou e ela balançou a cabeça em concordância - Infelizmente uma das jovens vítimas do acidente não resistiu e veio a falecer no caminho. Não resta muito o que fazer, tentamos reanimá-la várias vezes, mas as fraturas parecem ter sido muito graves, devemos agora registrar uma certidão de óbito. Levaremos o corpo ao necrotério para que tal documento seja encaminhado e precisaremos da assinatura de alguém da equipe de resgate, a senhorita poderia nos acompanhar ao necrotério para fazê-lo?

- Sim, posso sim. - respondeu a garota.

- Peço que entre no banco de passageiro do lado do motorista, então. - instruiu o paramédico e assim ela o fez.

Ao chegarem ao necrotério da cidade, todos desembarcaram da ambulância, incluindo dois paramédicos puxando uma maca na qual um corpo estava completamente coberto por uma manta térmica. O legista que comandava o local já estava à espera do corpo na sala de entrada e foi em direção à maca assim que os paramédicos entraram, abaixando a manta térmica e revelando a face sem vida de uma jovem mulher.

- Elise Woods, 24 anos, sexo feminino. - disse um dos paramédicos ao lado da maca.

A garota engoliu seco ao olhar para o corpo da mulher deitado na maca, já vira pessoas mortas antes, mas ver alguém tão jovem naquela situação era desconfortável, além disso, por ter falecido em um acidente, a moça estava com os cabelos sujos de sangue e apresentava cortes na testa e perto dos olhos, os quais estavam meio abertos.

- Tragam o corpo para a sala de autópsia. Vou pedir para meu auxiliar adiantar os papéis da certidão de óbito. - disse o legista, adentrando o corredor do necrotério na frente e os dois paramédicos o seguiram, carregando a maca. Na sala permaneceram o motorista da ambulância, a garota e outro socorrista até que uma figura apareceu, vinda do corredor pelo qual os profissionais haviam adentrado.

A jovem reconheceu a figura, era um cara jovem, com dreads amarrados para trás em um rabo de cavalo e três piercings de argola na sobrancelha, ele havia estudado na mesma escola que ela em Bakersfield, sendo apenas alguns anos mais velhos, mas não sabia seu nome. Já havia visto ele em outras ocasiões em que também foi encaminhada para o necrotério e pode perceber em seu olhar que ele também a reconhecia.

- Boa tarde, ou boa noite... Já escureceu, né? Pediram-me para encaminhar as informações para que a certidão de óbito da jovem seja feita. Vocês sabem as informações sobre a moça, horário da morte, etc.? - o auxiliar de necropsia perguntou e o paramédico que havia ficado na sala respondeu positivamente.

O grupo de três pessoas foi, então, encaminhado para uma sala ao lado, onde havia vários papéis, gaveteiros para documentos e um grande computador com uma impressora em cima de uma escrivaninha, em frente do qual o jovem auxiliar se sentou.

- Precisarei do nome completo da falecida, data de nascimento, data e horário do óbito e algumas outras informações complementares, se assim for possível. - pediu o jovem, educadamente.