CAPÍTULO 3

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P.O.V. Narradora

Sempre que podia, Madison dava um jeito de ir ao bar encontrar os poucos amigos que tinha. Não tinha idade pra beber, uma vez que a lei exigia ao menos 21 anos para poder comprar bebidas, mas consumia álcool desde os 16 anos.
Disse para a mãe que dormiria de sábado para domingo na casa de uma amiga chamada Nathaly, conhecida já pela mãe de Madison, uma vez que as garotas eram amigas há anos. A história não era exatamente mentira, já que encontraria a amiga no bar e depois realmente iria dormir na casa dela.

O bar era meio afastado do centro da cidade, era um local "escondido" para os mais alternativos, que não se sentiam confortáveis de viver seu estilo em público. Apesar da Califórnia ser conhecida como um estado bem liberal, dominada por visões progressistas e um estilo de vida nada conservador, grande parte da sociedade ainda era bem reacionária. Os próprios jovens agrediam, verbalmente e até fisicamente, o que considerassem "esquisito demais", haviam por aí alguns neonazistas filhos da puta, como Madison gostava de se referir a eles, além de grupos que simplesmente se achavam donos da cidade. Para quem não quisesse topar com essas figuras na vida noturna, este pub era a melhor opção.

Adentrou o local, descendo pelas escadas chegou a um patamar abaixo do solo, onde o estabelecimento funcionava, era uma boa maneira de esconder o som e a luz, para não chamar atenção da vizinhança. Olhou em volta procurando sua amiga e avistou-a numa mesa com um outro amigo delas e alguns rapazes que Madison não conhecia, foi se aproximando da mesa até ser avistada pelo grupo.

- Oi Mad - a amiga a cumprimentou, chegando para o lado no banco - senta aqui do meu lado.

- Olá. - a jovem respondeu, acenando com a cabeça de forma a cumprimentar os dois rapazes que não conhecia.

- Estes são Thomas e Edward - disse Nathaly, apresentando as duas figuras desconhecidas para a amiga - conhecemos eles semana passada na loja de discos, são dois caras muito divertidos - completou, fazendo os dois rapazes sorrirem, deleitando-se com o elogio recebido.

- Prazer em conhecê-los, meu nome é Madison, mas todo mundo aqui me chama de Mad.

- Natty - Madison chamou a amiga pelo apelido que costumava utilizar - vou ali no balcão pegar uma cerveja. Você pode ir comigo?

- Vamos.

Elas andaram até o balcão do estabelecimento e Mad pediu uma cerveja, ninguém ali exigia documentos, ela certamente não era a única com menos de 21 no local. Ao entregar o dinheiro para o balconista e se virar, teve seu olhar atraído para uma mesa, mais especificamente para uma pessoa: Jonathan estava lá com outros três rapazes, envolvido com alguma conversa.
Madison sentiu seu coração dar um salto, uma sensação de surpresa, fazia algumas semanas que não via o garoto.

- Vamos ou não vamos? - perguntou Nathaly, se referindo a voltar para a mesa, fazendo a amiga perceber que estava os encarando por mais tempo que o aceitável. Felizmente parecia que nenhum deles havia percebido isso.

Elas andaram de volta à mesa, se sentaram junto com os três jovens que as acompanhavam e logo uma conversa fluiu e o grupo falava sobre assuntos triviais.

P.O.V. Madison

Um assunto bobo surgiu na roda e eu aproveitei a brecha para observar a mesa onde Jonathan estava sentado, ele estava rindo e constantemente mexendo no cabelo. Tinha um sorriso esquisito e sua mania de mexer nos dreads era estranha, mas por algum motivo achei aquilo meio fofo, parecia um cara delicado, eu gostava de caras esquisitos e delicados...

- Mad? Qual é, o que você tanto olha aí? - Natty chamou minha atenção.

- Ah, aquele cara ali - comecei a responder, pensando no que iria falar sem soar suspeita - Eu lembro que ele era da nossa escola, no ensino médio, de alguma turma à frente da nossa... Eu nunca vi ele por aqui, sabe, a gente conhece a maioria das pessoas que frequentam aqui, são rostos familiares, mas ele... Tipo, a única coisa que sei dele é que ele trabalha no necrotério, mais nada. - menti.

- É verdade, amiga... Ele não é um frequentador daqui e eu só lembro dele da escola. Um esquisitão, mas todos nós somos, aqui é o lugar dos esquisitões...

- Você está se referindo ao Jon? Jonathan Davis? - um dos caras, Thomas, perguntou e eu só balancei minha cabeça positivamente - Aquele cara é realmente um esquisitão, eu estudei na mesma sala que ele, muitos diziam que ele era gay e eu acho que é verdade.

Não entendi qual era exatamente o problema de ser esquisitão ou gay e não pude evitar lançar um olhar de julgamento em direção a Thomas.

- E? - perguntei apenas isso, esperando que ele completasse a fala, se eu falasse mais alguma palavra o clima ia ficar meio pesado.

- Não que ser gay seja um problema... - completou o rapaz, parecia estar mentindo - Mas tipo, também haviam boatos que ele comia, tipo... praticava intercurso com os cadáveres de onde ele trabalhava.

Inicialmente fiquei meio chocada e com nojo, me perguntando se aquilo era real. Talvez fosse, talvez aquele jeito delicado e educado dele fosse apenas para maquiar as merdas que ele fazia.

- Jonathan? Você está falando do garoto HIV? - Edward perguntou ao amigo que acabara de falar sobre Jon.

- Sim, ele mesmo, ele está bem ali. - apontou com a cabeça para a mesa em que Jonathan estava sentado.

- Esse cara é uma bichona, dizem que ele contraiu AIDS de um cadáver que ele comeu e por isso é tão magrelo. Ele era asmático também, lembra Thomas? Nas aulas de educação física ele tinha aquelas crises ridículas, os caras diziam que era a AIDS também que o deixava assim... Não sei até onde isso é verdade, mas não vou com a cara dele.

- Ele usava maquiagem para ir pra escola, você lembra disso? Completamente sem noção. - respondeu Thomas, me fazendo ficar realmente incomodada com aquela conversa.

- Mad, a única coisa que ando sabendo sobre ele é que ele faz parte de uma banda - disse meu amigo, que estava até então quieto, observando a situação - eles estavam divulgando alguns shows no mês que vem, ou no outro, não lembro... É algo underground, não faço ideia de qual seja o som deles.

- Hey Edward, você lembra daquela vez que uns moleques da nossa sala meteram a porrada nele no banheiro da escola? - Thomas voltou a falar do assunto com seu amigo e eu decidi apenas sair de perto para preservar meus neurônios.

- Natty, vou lá pegar outra cerveja... - eu disse e ela balançou a cabeça concordando, sabia que ela não ia comigo, ela iria querer ouvir a história que os dois garotos começaram a contar. Sendo assim, me levantei sozinha e segui em direção ao balcão.

Pedi outra cerveja, entreguei o dinheiro e esperei o atendente trazer minha bebida e o troco.

- Madison? - ouvi uma voz ao meu lado e, ao reconhecer a quem ela pertencia, senti meu corpo gelar.

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NOTAS DA AUTORA: Gente, só queria lembrar que o feedback de vocês é super importante para a história! Então, se possível, deixem seus comentários, sejam críticas, observações ou piadas, todo comentário é bem vindo e ajuda a história a continuar :) 
Espero que estejam gostando <3 

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