CAPÍTULO 26

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P.O.V. Madison

- Eu preciso conversar com você sobre duas coisas... - Jonathan disse me encarando, inicialmente me olhando nos olhos, mas não sustentando tal olhar.

Senti meu corpo gelar, eu não fazia ideia do que estava por vir e eu me sentia gritando internamente.

- O-o quê? - respirei fundo, tentando não ser dominada pela ansiedade. Definitivamente a expressão "precisamos conversar" era um dos meus maiores pesadelos. Nada bom vinha depois dessas duas palavras e não havia excessão para esta regra.

- Bom, é... - Jon começou a falar, mas logo parou, voltando a me encarar - Vem cá. - ele disse se inclinando um pouco para pegar minha mão e me guiando para seu quarto. Ele fez menção para que sentássemos na cama e assim eu fiz.

Percebi que ele fez uma cara estranha ao sentar, parecia uma expressão de dor, o que fez com que eu me perguntasse sobre as coisas que Head falou que haviam acontecido com Jon mais cedo naquele dia.

- Tá tudo bem, Jonathan? - perguntei, meio preocupada.

- Sim, eu... eu estou meio dolorido por causa do que um filho da puta me fez, provavelmente Head já falou tudo o que aconteceu, eu sei que falou, ele é péssimo em ficar calado. - ele respondeu em um tom ressentido.

- Você tem certeza que não te machucou mais do que parece? Sei lá, dá pra ter hemorragia e coágulos internos por causa de um soco ou um chute...

- Sim, sim, eu sei... - ele disse, parecia meio impaciente - Digo, eu já apanhei mais feio, eu sei que não está tão ruim, eu só devo ficar com alguns hematomas... - ele levantou a camisa, tocando uma mancha abaixo de suas costelas, perto da barriga. Realmente, já havia um hematoma ali, fazendo com que Jon fizesse uma expressão de dor ao cutucar a mancha escurecida em sua pele.

- Sinto muito... - falei, olhando aquela mancha e suas mãos raladas. Pensar no ocorrido ,e trazia um misto de tristeza com raiva, eu não entendia como tantas pessoas conseguiam ser tão esdrúxulas com alguém como Jonathan.

- Tá tudo bem... quer dizer, sob controle pelo menos, eu acho... - ele respondeu, meio cabisbaixo - Eu devia ter colocado gelo assim que cheguei, mas eu... eu estava me sentindo meio mal... bem mal, na verdade, e ainda estou...

- Queria que as pessoas não te tratassem assim, eu não vejo motivos... pelo menos não motivos válidos para elas fazerem isso. - falei, me deitando de barriga pra cima na cama e repousando minha cabeça perto de onde Jon estava sentado, a posição permitia que nosso contato visual se mantivesse.

- Elas têm os motivos delas, sejam eles reais ou não, válidos ou inválidos... Às vezes temos que lidar com os problemas de outras pessoas porque elas não conseguem lidar consigo mesmas. - ele disse. Apesar de tímido, Jonathan conseguia ser estranhamente bom com palavras de vez em quando, talvez por ser um letrista, ou o contrário, talvez ele tenha se tornado um compositor por ser com palavras, eu não fazia ideia.

- Eu entendo... mas é uma merda mesmo assim. - respondi, não contendo uma risadinha.

Jon também riu e, assim que ficou sério novamente, senti sua mão acariciando meu rosto. Aquilo me pegou meio de surpresa, me fazendo prender a respiração por alguns segundos, com certeza fiquei mais vermelha que aquela bebida esquisita que Head tinha trago hoje.

- Sim, mesmo sabendo isso, continua sendo uma merda... E eu continuo me sentindo mal com essas situações. Não sei... me senti corroído por dentro com o que aconteceu hoje. - ele suspirou.

- Acho que não tem como não se sentir mal numa situação dessas... - falei.

- Quem dera fosse possível... - respondeu Jon.

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