❁ Introdução ❁

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Os pés corriam desesperados procurando algum jeito de sair daquela situação que acontecia com frequência. Alejandro não entendia porque sempre acabava daquela maneira. Bêbado, correndo e buscando ficar vivo no meio daquela catástrofe que provocava para si mesmo.

- Devo atirar? - o mafioso perguntou com a arma de fogo apontada na direção do homem que corria tentando se salvar.

- Hoje estou piedoso. - o outro de terno negro e rosto pouco convidativo respondeu de dentro do carro. - Deixe-o vivo, tenho certeza que ele não durará por muito tempo. - concluiu dando uma risada maligna.

O capanga entrou no carro e deu partida no veículo andando pelas as ruas escuras e sujas daquele subúrbio.

***
A claridade bateu com força nos olhos de Camila ao mesmo tempo em que o celular tocava a irritante melodia, avisando que já estava na hora de despertar. Os dedos finos bateram sobre o aparelho o calando. Os pés foram postos para fora da cama e tocaram o chão, sentindo o mesmo gelado.

Camila levantou de vez, pegou a toalha que estava pendurada atrás da porta e seguiu para o corredor. Sua casa não era muito grande e muito menos provida de riquezas. A família Cabello não era conhecida por ter dotes ou dinheiro e sim pela a família que mais merecia compaixão naquele bairro de classe baixa.

Ela era uma menina de 17 anos de idade na qual a inteligência era sua maior riqueza e seu maior sonho era melhorar sua condição de vida, sair daquela loucura que chamava de casa e poder ser alguém relevante. Não era fácil todos os dias ter que acordar extremamente cedo para chegar no horário à escola. Ela podia muito bem pedir para sua namorada vir buscá-la de carro, mas aí Hailee veria a vergonha que era a família e a casa. Então se fosse para passar vergonha na frente dela, preferia acordar cedo mesmo.
Após o banho de quinze minutos, olhou o horário e concluiu que sobraria tempo para tomar café e ir andando calmamente até o ponto, que felizmente não era muito longe. A morena andou em direção da pequena cozinha. O cheiro do café pode ser se sentindo de longe. Camila entrou na cozinha e sua mãe estava já pronta para ir trabalhar, mas algo de errado estava acontecendo ali.

Sinu estava de costas e o corpo mexia em tremores que deixavam claro que estava chorando.

- Mãe? - Camila tocou no braço da mulher, que em uma tentativa sem sucesso tentou limpar o rosto. A garota já tinha visto as lágrimas. - O que houve?

- Nada meu amor, que tal você ir tomar logo o seu café antes que perca o ônibus? - Sinu andou em direção da geladeira praticamente vazia, pegando o único pote de geleia existente. Depositou os pães sobre a mesa e o café. Era um milagre eles terem aquilo para comer, em alguns dias não tinham nada.

Camila respirou fundo passando as mãos pelo o rosto. Já sabia o que aconteceu. - O que ele fez dessa vez? - perguntou cruzando os braços sobre o peito. - Será que só irá sossegar quando morrer? - a mãe olhou com horror em direção da filha.

- Bateram muito em Alejandro. - ela o defendeu.
- Se bateram foi por alguma merda que ele fez, ninguém bate em ninguém de graça.

- Ele é o seu pai! - gritou.

- Não, esse cara é um alcoólatra que só sabe contrair dívidas e nos levar cada vez mais para o buraco. Eu amo o meu verdadeiro pai, o homem que me deu a vida e que me amava não esse inútil que vive jogado por ai, bebendo e arrumando confusão.

- Ele está à procura de emprego e... - A menor começou a gargalhar. Aquilo só podia ser piada, e o pior de tudo era ver a mãe acreditando.

- Eu perdi a fome. - Camila colocou a mochila sobre as costas e saiu. Ignorou a mãe lhe chamando. Não queria estar ali para ver quando o pai acordasse contando as mesmas mentiras que tudo mudaria.

O ônibus parou quando a menor deu o sinal. Os olhos miraram a figura da amiga que já a esperava no ponto.

- Bom dia Dinah. - ditou.

- Qual foi o problema? Que cara é essa? - indagou.

- Meu pai. - a loira virou os olhos.

- De novo? O que foi dessa vez?

- Segundo a minha mãe, ele apanhou feio.

- E você foi embora antes que ele pudesse falar que não aconteceria mais isso? Certo?

- Exatamente. - a morena confirmou.

As duas seguiram o fluxo de pessoas que estravam no transporte público. A loira era melhor amiga de Camila, ela vivia em um bairro de classe média, era um pouco mais provida de dinheiro e sem dúvida o pai dela trabalhava e não vivia só para arranjar problemas. As duas estudavam na mesma sala e eram amigas desde os 10 anos de idade. Confidencias e segredos eram contatos uma a outra.

O pátio da enorme escola estava lotado. Alunos para todos os lados em seus respectivos grupos como de costume.

- Sabe Mila. - chamou a atenção da amiga. - Eu ainda não sei o porquê de você se recusar ir e voltar com ela. - a loira apontou em direção de uma garota de pele branca, cabelos castanhos e jeans apertados que encostava em um carro e conversava com um grupo de amigos.

- Não quero que ela veja onde moro. - respondeu à amiga.

- Acontece que tirando o seu pai, sua casa é bonita.

- Acontece que ela estuda em escola púbica por não dar valor ao dinheiro dos pais e não por falta dele. Você sabe disso.

- Camila. - ela segurou a amiga pelo o braço. - Hailee tem 20 anos, poderia estar com quem quisesse e escolheu justamente você. Acha mesmo que ela irá se importar com a sua casa? Acorda.

A morena deu de ombros e continuou andando. Sabia que Hailee podia pegar qualquer um, isso não era segredo para ninguém, mas não a afastaria apresentando a casa e muito menos ao pai.

- Bom dia. -cumprimentou as pessoas do grupo e seguiu em direção da namorada.

- Bom dia, amor. - Hailee pegou Camila pela cintura e a puxou pressionando os lábios sobre os da menor. - Como passou a noite?

- Como sempre e você?

- O coroa chegou de viagem, aí já viu não é? - Camila sorriu e estalou mais um beijo na maior.

- Vou indo, minha primeira aula hoje é educação física e você deveria ir também já que tem aula de matemática. - Hailee se despediu dando um tapa fraco na bunda da morena, vendo-a sorrir da forma que sempre a deixava louca.

Through desire (Em correção ortográfica)Onde histórias criam vida. Descubra agora