Capítulo 49: O Começo do Fim

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Quando Draco voltou para a Mansão Malfoy depois daquela noite com Harry, ninguém havia apagado suas memórias.

Ele precisava vasculhar as coisas de Narcissa, em sua biblioteca, – ou o que quer que tivesse em mãos – para encontrar alguma pista sobre o que poderia estar na Mansão Potter, o legado que ela tinha, e como eles poderiam entrar nela. Draco passou dias inteiros procurando informações, apenas para concluir que os Potter guardavam certas relíquias de famílias antigas em algum momento de sua linhagem, e que a casa estava coberta de feitiços para impedir que alguém profundamente enraizado na magia negra a penetrasse. Ou assim foi dito. Harry provavelmente conseguiria passar pelas barreiras sem problemas, mas e o resto?

Todos deviam cheirar a magia negra.

Concluindo sua investigação após três noites sem dormir, Draco enviou os resultados para Theo para ele enviar à Ordem. Agora, pelo menos, tudo estava relativamente calmo, mas isso não significava que tivesse sido assim desde o início.

Após o desastre do orfanato, quando os Comensais da Morte foram à sua casa relatando o que havia acontecido, Draco foi forçado a chamar o Lorde das Trevas através da Marca. Foi um acontecimento sério, três dos maiores expoentes do seu governo tinham acabado de cair e precisavam que o seu líder lhes dissesse o que fazer. Porém, Voldemort não respondeu aos seus chamados, ele não voltou para a mansão furioso.

Voldemort não fez nada.

Depois de tentar contatá-lo repetidamente, e sem sucesso, Draco decidiu resolver o problema por conta própria porque ele era o segundo Comensal da Morte mais poderoso, considerando que Rodolphus também não estava lá. Ele emitiu um comunicado que foi reproduzido na boca dos Purificadores e dos Comensais da Morte, e que todos acabaram acatando: o único horário aceitável para sair de casa era entre meio-dia e quatro da tarde, evitando assim confrontos desnecessários. Além disso, qualquer pessoa que estivesse na rua antes ou depois dessas horas seria imediatamente classificada como suspeita dos sequestros de Macnair, Dolohov e Maia.

Draco ainda se inquietou com a menção desse sobrenome.

O dia em que ele a torturou ficou um tanto confuso em sua memória. Draco se sentiu tão estranho ao fazer isso, como se fosse uma parte diferente de si mesmo vendo suas ações na terceira pessoa. Ele mal reagiu, e só tomou consciência do que aconteceu quando Harry estava prestes a se afastar dele de uma vez por todas. É como se Draco tivesse... fragmentado. Um de seus fragmentos ficou fora de controle.

Os dias na mansão o ajudaram a evitar pensar nisso. Ele foi distraído por Comensais da Morte conhecidos e desconhecidos entrando em sua casa e, além disso, Draco não parou de investigar caso encontrasse mais informações para dar à Ordem. Ele examinou cada pedaço de papel que encontrou, de cima a baixo. Ele encontrou fotos de sua mãe que o fizeram sentir falta dela, e isso por sua vez a fez sentir falta de Harry. Ele vasculhou cada gaveta e canto que a mansão tinha.

E... nada.

Naquele momento, o nada abundava.

Maio chegou alguns dias depois que os Comensais da Morte foram sequestrados e, embora tenham tentado entrar em contato com Voldemort mais uma vez, ele não respondeu. Umbridge enviou-lhe uma nota dizendo que, no Dia da Vitória, uma cerimônia seria realizada no refeitório restaurado da escola, apesar da ausência do Lorde. Draco inventou uma desculpa para não comparecer, embora a maioria dos Comensais da Morte tenha comparecido. Talvez devesse ter sido mais cauteloso, mas se Voldemort não estivesse lá, não valia a pena. Havia coisas mais importantes do que realizar uma cerimônia falsa para uma vitória que nunca aconteceu.

Não valia a pena ver aquelas crianças transformadas em soldados.

Sofrer por eles.

Pensando que as coisas poderiam ser diferentes.

Desolación | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora