Desolación | Drarry

Capítulo 43: Dever

Draco saiu quando o sol estava nascendo e Harry prometeu dormir depois.

Porém, depois de tentar por uma hora inteira, ele voltou para ajudar no que pudesse.

Kingsley e Molly já haviam reorganizado os quartos para que as novas pessoas pudessem dormir com seus entes queridos, e pelo menos não havia mais feridos amontoados em todos os cantos da mansão. Havia uma calma amarga, como se as pessoas tivessem assumido que, independentemente da data, todos poderiam acabar mortos da mesma forma.

Harry atendeu os feridos que ainda estavam no pátio tomando um pouco de ar fresco, e quando chegou a hora, Hermione foi procurá-lo lá fora, alegando que precisava comer. Harry disse a ela que não poderia fazer isso, ou iria vomitar, mas ela não ouviu, e minutos depois, Harry se viu sentado na sala de jantar principal da mansão com Ron ao seu lado e Hermione na sua frente.

Na maioria das vezes, as pessoas na base se revezavam para comer, e aqueles que não conseguiam chegar às mesas comiam em outro lugar; Harry geralmente era um desses. Porém, naquele dia a sala de jantar estava praticamente vazia, então ele não teve desculpa para sair.

Harry olhou para os aperitivos na tábua de madeira e sentiu-se enjoado ao lembrar da torta de melaço que havia deixado cair. Não foi nada extravagante, muito menos quantidades colossais de comida, mas depois de tudo o que aconteceu poucas horas atrás...

Ron estava comendo sem se importar, embora estivesse mais quieto que o normal. Ele e Hermione tinham olheiras tão profundas quanto as dele, e ela ainda achava difícil comer sem os dedos. Seus cabelos estavam muito mais fofos do que em qualquer outro dia, e embora em algum momento os dois tivessem que parar para tomar banho ou se limpar, Harry sentiu que eles ainda cheiravam a sangue e fumaça.

Rony empurrou uma bandeja com pão e ovos para ele, e Harry, olhando para ela, tentou se lembrar de uma ocasião em que haviam comido juntos em que Ron não tivesse feito algo assim. Ele estava sempre tentando alimentá-lo até explodir, comendo ao lado dele; especialmente depois das férias de verão, quando eram crianças.

— Então... — Ron quebrou o silêncio quando viu Harry pegar o pedaço de pão e colocá-lo na boca, com muita relutância. — Eu estava pensando no que Hermione disse ontem, sobre entrar no Ministério.

— O que há com isso?

Ron se mexeu desconfortavelmente em seu lugar e evitou o olhar dele. Harry sabia que não iria gostar do que iria dizer.

— O que os Comensais da Morte pensam sobre o desaparecimento de Adrian?

Ele estava certo.

— De acordo com o que Nott nos contou — Hermione se apressou em dizer e Harry parou de comer, sentindo seu corpo murchar, — eles inicialmente desconfiaram dele, que ele tinha sido o culpado ou um espião, mas sua família relatou seu desaparecimento horas antes da morte de McGonagall porque sabiam o que ele iria fazer: assim teria um álibi. Então agora ele está simplesmente na lista de desaparecidos do governo.

— Então é provável que... sua casa ainda tenha a conexão de flu aberta para entrar no Ministério — Ron disse, e parecia que eles já haviam ensaiado esse diálogo antes. — Ou melhor ainda, seus pais têm acesso a ele de casa para que possam verificar o andamento do desaparecimento do filho.

— Sim, é mais provável.

Harry focou os olhos nas mãos e apertou-as quando elas começaram a tremer de raiva. Ele sabia aonde Ron queria chegar com tudo isso, e Harry confiava em Ron, ele tinha certeza de que tudo o que ele iria sugerir era um bom plano, uma boa maneira de entrar no Ministério e assim derrubá-lo.

Mas o custo que Harry pagaria seria ótimo.

— A família dele não nos deixará passar, de qualquer forma — Hermione continuou, intrigante. — Ou bem, eles vão nos pedir acomodação aqui na base se concordarem. Os Comensais da Morte saberão que entramos no Ministério pela casa deles, eles não poderão ficar lá após o ataque.