Desolación | Drarry

Interlúdio: Sonserinos

A amizade entre Draco e Theo começou quando eles tinham onze anos.

Draco provavelmente diria que foi antes, quando eles mal conseguiam falar e suas famílias se reuniam para compartilhar, mas a verdade é que Theo nunca gostou de Draco. Ele era muito mandão e muito barulhento para ele, que cresceu em uma casa onde ninguém falava a menos que fosse mandado e onde nunca lhe foi permitido olhar o pai nos olhos.

No entanto, foi naquele dia antes de retornar para o feriado de Natal que Theo realmente começou a desenvolver algo parecido com uma simpatia por ele. Simpatia que depois se transformou em carinho sincero.

Tudo começou com algo estúpido, na verdade. Na aula de Transfiguração daquele dia, Theo levantou a mão para fazer uma pergunta e, vendo que McGonagall não estava prestando atenção, decidiu chamá-la. Ele tinha onze anos, era impaciente e a professora nem olhava para ele. Ele não pensou sobre isso.

Ele também não esperava que o que saísse de sua boca fosse: "Mãe".

Era normal, Theo podia ver isso agora. Mais de uma vez um garoto teve que chamá-la assim, mas, pelo menos naquele ano (e pertencendo a Sonserina), ele era o primeiro aluno, o que significava que seus colegas não queriam deixá-lo em paz pelo resto do dia. Normalmente, ele não prestava atenção neles: Theo já tinha ouvido coisas piores na vida... mas ouvir a palavra "mãe" tantas vezes o fez entrar em uma pequena espiral em que ele não conseguia parar de pensar nisso. Sua mãe, aquela que havia morrido durante o parto. Não é que ele não amasse sua mãe adotiva, é claro, ela era muito boa para ele e o havia criado de forma excelente, mas é que.... Theo estaria de volta à Mansão Nott em alguns dias e ele se perguntava se... se sua mãe teria parado tudo o que seu pai o obrigava a fazer quando o via.

Porque a mãe adotiva dele fingiu que nada estava acontecendo.

Theo não pôde deixar de pensar o dia todo, imaginando uma vida onde sua mãe estivesse viva. Seu pai o amaria mais, nesse caso? Cada vez que Theo o pegava olhando para ele, ele dizia: "Você se parece com ela", mas não sabia se isso era bom ou ruim. Seu pai tinha um jeito de fazer tudo parecer um insulto, embora Theo esperasse desesperadamente que neste caso fosse uma coisa boa. Ela esperava que, quando ele visse, se lembrasse da mãe que Theo nunca conheceu. Para lembrar o melhor dela, mesmo quando possa doer.

Assim que as aulas terminaram, Theo não hesitou em fugir para ir para seu quarto compartilhado por Crabbe, Goyle, Draco, Blaise e ele. Ele não tentou passar despercebido, não é como se algum de seus companheiros fosse notar sua ausência; Theo não poderia dizer que ele era alguém muito popular.

Durante uma hora inteira ele não fez nada além de olhar para o teto acima de sua cama, com as cortinas fechadas e um silêncio sufocante. A porta então se abriu com estrondo e ele se forçou a enxugar as lágrimas. Se fosse Blaise, é provável que ele respeitasse o espaço dele e fechasse as cortinas da cama, sem falar com ele. Se fossem Crabbe e Goyle, eles não prestariam atenção nele porque nunca se interessaram por nada além de comida. Se fosse Draco, provavelmente estaria ao lado de Crabbe e Goyle, então Theo também não precisava se preocupar muito. Mas o que aconteceu não foi nada disso. Os passos de quem havia entrado no quarto avançaram a passos largos em direção à sua cama e sem avisar as cortinas foram abertas de repente.

— Você está chorando porque chamou McGonagall de 'mãe'?

Theo piscou algumas vezes para se acostumar com a luz fraca que vinha do lago. Draco estava parado na frente dele com os braços estendidos segurando as cortinas e, incrivelmente, ele estava sozinho.

— Me deixa — Theo retrucou, virando-se e de costas para ele. Ele não estava com humor para a conversa incessante de Draco.

Como era de se esperar, o menino não o ouviu e deu a volta na cama para ficar na frente dele e olhá-lo diretamente nos olhos. Mesmo no escuro, os de Draco eram muito claros.