Capítulo 3

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SALVATORE SAVÓIA.
Berlim - Alemanha.

— Você acha que eu a tratarei bem? – pergunto ao meu pai, com uma sobrancelha arqueada.

— Se você está pensando em maltrata-la, somente por estar sendo obrigado a se casar. – se levanta. – Saiba que você é um dos maiores covardes.

Já faz dois dias que estamos na Alemanha, hoje pela noite terá um jantar para a Familie, anunciando nosso noivado. Confesso, não queria estar aqui e muito menos nessas condições. Mas para minha sorte, meus primos e tios estão aqui, menos mal.

Alemanha é um lugar muito bonito, mas a Itália ganha disparado. Quando chegamos na cidade, a mudança de clima de assustou um pouco. Mas no momento isso é o que menos importa, tenho coisas mais relevantes para resolver, como, ter que parecer apaixonado pela minha noiva.

Estamos na máfia não há casamento por amor! As pessoas se iludem muito com isso, principalmente as mulheres que desejam ser amadas e ter aqueles finais felizes de livros. Mas não, aqui é vida real.

— Covarde? – levanto-me também, ficando assim de frente com meu pai. – Isso não é corvadia. Covardia é vocês submetendo aquela menina há isso!

— Não se esqueça que foi você quem à escolheu.

— Por que eu não tive outra opção, do que adiantaria eu escolher outra? Teria que me casar de qualquer forma, e uma mulher sem me amar estaria de baixo do meu teto.

— Falando assim até parece que você está atrás de amor. – debocha, pegando mais um pouco de conhaque.

Desde que me lembro por gente, ele enche a cara de bebida. Isso me assustava muito, por que tinha dias que ele passava da conta. Eu acabei indo morar com meu tio Dante, assim não passava pela fúria do meu pai.

Flashback on

Acordei com um barulho estranho de vidro sendo quebrado, tentei dormir novamente, mas a cada minuto o som somente aumentava. Então decidi levanta-me e ver o que estava acontecendo! Eu sei, tenho dez anos, mas alguém pode estar machucado.

Coloco minhas pantufas de dinossauro, minha tia Ava que me deu. Mas antes de sair, pego duas adagas e um canivete. Guardando uma das adagas no bolso da minha calça de dormir e o canivete na manga da minha blusa.

Abro a porta do meu quarto com cautela, olhando sempre para todos os lados. Não trouxe lanterna, o dia está quase amanhecendo, assim me ajudando a ver os móveis. Desço as escadas e o barulho de vidros sendo quebrados aumenta, quando chego onde está vindo os barulhos. Vejo meu pai com olheiras profundas, seu cabelo está bagunçado e seu terno está amassado e rasgado.

Quando ele percebe minha presença, vejo seus olhos verdes ficarem em um tom bem escuro. Quando ele dá os primeiros passos até mim, começo a correr para fora da casa. No jardim, tento correr até a guarita, mas sou puxado pela manga do meu casaco.

Por reflexo pego o canivete e defiro na mão do meu pai, ele grita mas não me solta. Em seguida, caio no chão e ele me joga por cima dos seus ombros, eu sei o que está por vim, é sempre assim!

— Papai, sou eu! Por favor. Não faça isso! – começo a gritar, mas ele não responde, somente continua a caminhar para dentro da casa.

Eu sei o que ele vai fazer comigo, e eu não aguento mais ser saco de pancadas. Eu tenho dez anos, e como eu queria ter o amor do meu pai, igual meus primos tem dos seus. Mas isso não será possível, ele pensa em me bater e moldar.

"Salvatore tem que ser o pior dos homens.."

Flashback off

— Não estou atrás de amor, como o senhor diz. Mas só não quero iludir a moça, pelo visto ela é do tipo que sonha alto. – deito-me no sofá, pego uma barrada de cereal que estava ali na mesinha de centro.

— Pare de se importar com as outras pessoas, até parece que você gosta dela. – ele solta uma risada amarga. – Você é sentimental, Salvatore! Parece que seu treinamento não funcionou. Será que preciso prendê-lo novamente no galpão?

— Você não ouse tocar um dedo em mim. – levanto-me de pressa, retiro a pistola que estava na minha cintura e posiciono-a em seu pescoço. – Se sonhar em fazer isso, eu vou te matar antes do amanhecer. Não ache que sou mais aquele menino de dez anos que o senhor destruiu! Me fez ser frio igual há você, então sim, eu irei matá-lo e mostrar como realmente se molda uma mulher. E se você ou alguém querer me parar, eu não pensarei duas vezes em matá-lo.

— É assim que eu gosto. – ouço a risada do meu pai e o solto, logo sentando na proltona novamente. – Se eu não soubesse que você é um bunda mole, eu até teria um pouco de medo.

Quando eu ia respondê-lo, a porta é aberta. Um dos soldados que vieram com a gente para Alemanha, parece na porta e meu pai manda ele entrar.

— Senhores, vim informar que mais dois galpão nossos foram incendiados. – o soldado anuncia, olhando para o chão.

Maledetti turchi!¹ – meu pai grita, jogando seu copo na parede. – Como esses infelizes chegaram na Itália. Essas porras aprenderam a voar?

— Não sabemos ainda, senhor! Nenhum jatinho ou avião suspeito pousou na Itália, e as divisas estão interditadas! – responde.

— Estão eles estão vindo pelo mar. – os dois me olham e eu balanço o ombro. – O que? Sei que aos olhos de vocês isso pode parecer ridículo, mas eles pensam assim. Eles sabem que nós não iríamos procurar por barcos e navios, já que seria fácil matá-los em alto-mar.

Questo, questo, questo!² - meu pai grita. – Esses arrombados são espertos. Eles sabem que não procurariamos em navios. Eu quero o relatório de todos os navios, bardos e lanchas que vieram para Itália nos últimos quatro meses.

— Sim, senhor. Com licença. – o homem sai, nos deixando sozinhos e fechando a porta atrás de si.

— Os turcos ainda estão nos atacando?

Eu sabia que os turcos estavam nos atacando, mas não pensei que isso ainda estaria acontecendo. Fui informado três anos atrás, por que essa insistência em nosso território!?

— Sim. Mas de vinte e três anos. – meu pai rosna. – Depois da morte da sua mãe eles não me deixam em paz, eles estão procurando algo. Não sei oque exatamente, mas vou descobrir! E quando eu pôr as mãos em um turco, eu irei matá-lo até ver sua alma.

Esse é um verdadeiro Savóia.

malditos turcos¹

Isso, isso, isso.²

PORTATO ALL' INFERNO - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora