Não havia mais nada ali que lembrasse que o Min um dia passou por aquela casa, só existia Taehyung… Era como se o moreno nunca houvesse saído dali e isso deixava Hoseok um tanto quanto confuso e com medo. Seu namoro tinha estacionado em algum lugar e ele não se recordava onde tinha o deixado, como um bêbado que não se lembra onde deixou seu carro depois de uma noitada. Uma coisa perigosa e por isso se via tão bem dentro daquela metáfora.
Seu hyung estava distante desde que o mesmo passou a retirar suas coisas do apartamento onde moravam e ele compreendia seus motivos, se fosse o contrário ele também estaria magoado. Mas depois que Soojin passou a trazer os pertences do irmão somado a muitas receitas médicas, medicamentos e instruções, Hoseok viu que precisava encenar um pouco mais para que tudo corresse bem. Depois daquele ataque cardíaco ele passou a temer tudo e se arrepiava inteiro só em pensar em algo daquela natureza acontecendo de novo. Não teria estruturas e por mais que achasse que sim, sabia que estava fadado ao declínio.
Yoongi não foi morar com a mãe novamente ou sozinho, estranhamente, ele se alocou na casa do Park, o antigo lar de Taehyung. Houve uma troca de pertences e de pessoas e era um ato que incomodou Hoseok a ponto de lhe causar ansiedade. Todavia, sabia que o seu namorado tinha uma amizade grandiosa com o mais novo, não estava em terras estranhas e se sentia em casa. Até mesmo a mãe de Jimin gostava do Min e o Jung acreditava que ela quase o adotaria se pudesse. Encaixados, era assim que ele enxergava cada um naquela trama chamada vida. Como pecinhas que encontraram seu encaixe perfeito.
E por isso se sentia assustado.
Faziam exatos três meses e meio desde que o Kim se acidentou, demorou muito para que ele pudesse sair do hospital e isso trouxe algumas sequelas em seu psicológico. Teriam de ter muita paciência para com ele e pensar em como faria para dar algo que não podia. Eles não namoravam mais, todavia, o Kim acreditava que sim e queria agir como namorado, pedia mais do que abraços, queria beijos e sexo.
Como beijar Taehyung? Como deixar que ele lhe tocasse intimamente? Como fazer sexo com ele?
Aquilo lhe fazia tremer dos pés a cabeça e seu peito começava a pesar.
— Já disse que você é perfeito, oppa? – A Kim se aproximou e passou seus braços em volta do pescoço alheio e lhe deu um abraço apertado. Hoseok apertou o corpo pequeno contra o seu e sorriu minimamente. – Obrigada por tudo, não sei o que faríamos… Eu estou com medo ainda. – Confessou, tinha de ser franca e sabia que podia fazê-lo diante do Jung.
— Tudo vai ficar bem, não se preocupe com isso, sim? – Tentou se convencer de sim.
A moça se afastou de si quando notou a presença do seu irmão vindo na direção deles. Taehyung precisava de alguns cuidados apesar de não estar mais com o gesso e era mimado de todas as formas. Hoseok pensou em se virar e ver para onde a Kim estava indo quando sentiu um arrepiou percorrer pela sua coluna no momento em que sentiu a respiração dele – o cheiro de colônia masculina denunciava o seu portador – em sua nuca, ao sentir as mãos daquele garoto em sua cintura e ao tê-lo grudado a si, com o peito grudado em suas costas.
A ponta dos dedos dele em sua pele – quando abusadamente ele adentrava a blusa que o mais velho usava – parecia ter algo que tinha a incrível capacidade de lhe desestabilizar, deixar mole e com alguns graus de disartria, bobo, fora de sua rota. Hoseok se segurou naqueles braços com cuidado, engoliu em seco e deixou o ar ser puxado pela boca em vez do nariz, estava começando a sentir seu coração acelerar.
Os lábios quentes e levemente umedecidos lhe fizeram fechar os olhos a medida que encostavam na pele quente de sua nuca, ele beijou ali repetidamente, lambeu um pouco a região e ficou feliz ao ouvir um gemidinho dengoso do Jung.
Ele sempre sabia onde e como tocar.
— Estou feliz por ter, finalmente, voltado pra casa amor. – Ditou calmo não saindo da posição. – Não aguentava mais aquele hospital. E não queria mais dormir sem você e nem sem o meu Tata. – Suspirou. O Jung se esqueceu por um momento da pelúcia predileta do mais novo e se questionou onde estaria aquele bendito Tata. — Também estou com saudades do Tannie, não sei por qual motivo você deixou ele com a minha mãe. Já pode trazer ele de volta. — O Jung deixou o cachorrinho com a ex sogra, não estava com cabeça para cuidar dele, sabia que ela seria cuidadosa e o bichinho também era acostumado com ela.
Hoseok começou a se sentir incomodado naquela posição e pensou que seria uma boa ideia sair dali, com delicadeza, de soltou do enlace e ficou de frente do mais novo, esse que não soltou sua cintura.
— Eu imagino que tenha sido péssimo, mas veja pelo lado bom, estamos em casa de novo e eu espero que se recupere logo. As coisas vão se ajeitando aos poucos, tudo vai ficar bem. – Taehyung não entendeu, ele estava quase cem por cento e o Jung ainda insistia em dizer que ele não havia se recuperado. Franziu o cenho, mas logo deu de ombros. Estava mais ocupado mirando aquela boca linda que só seu hyung tinha. Pensou no que Soojin tinha dito e achou que agora, longe do hospital, podiam ter mais liberdade como um casal.
— Estou bem hyung. Realmente não enxergo qual seria essa melhora que você fala. Eu te tenho, estamos bem e nos amamos. O que mais nos falta? – Manhoso, se aproximou um pouco mais e antes que Hoseok pudesse cogitar se afastar ele juntou os seus lábios aos dele.
O mais velho travou. Estava e conseguiu evitar beijos durante meses e agora – assim do nada – Taehyung simplesmente tinha conseguido quebrar aquela barreira de cuidados que tinha feito da forma mais íntegra possível.
O moreno lhe puxou mais para perto, empurrou sua língua para dentro da boca quentinha do Jung, esse que estava estático demais para o seu gosto, logo tendo contato com a língua do homem que amava. Ele passou a sua pela dele e depois retirou a mesma apenas para sugar o lábio inferior do mesmo, posteriormente mordê-lo, só para voltar com a língua de novo para dentro da cavidade quentinha e começar algo mais intenso.
Sem que percebesse, Hoseok se sentia um fudido ao corresponder o beijo alheio assim, de cara, sem prestar mais resistências. Sua cabeça não estava processando bem aquele ato e seu corpo reagia ao do garoto a sua frente de uma forma que jamais esperou. Culpado, se sentiu muito culpado e seu estômago começou a revirar e lhe dar indícios de que nada ficaria bem depois daquilo. E o pior não era nem isso, mas sim a sensação estranha e ao mesmo tempo conhecida que se instalou dentro de si.
Saudades.
Quando é que ele sentiu tanta saudade assim de um ato simples quanto um beijo? Um beijo de Taehyung? Quis pensar em Yoongi, mas a mão de Taehyung em sua nuca, subitamente, lhe fez perder o foco quando ele passou a aprofundar aquele beijo.
E de que valeu tanta luta? Esquivar-se do Kim, manter-se distante se na primeira tentativa ele havia lhe desarmado dessa forma?
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Singularity
FanfictionHoseok e Taehyung namoraram por anos até que terminaram de uma forma trágica e sem sentido. O tempo passou e cada um já tinha alguém em sua vida quando o Kim sobre um acidente e acaba perdendo boa parte de suas memórias. Ele não se lembrava de nada...