Noite sem fim

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Yoongi não tinha a mínima intenção de estar ali naquele local barulhento demais e bem longe do que ele planejou pra si mesmo. Esperava que seus pais trouxessem Holly para ser sua companhia e que o novo apartamento estivesse pronto para morar. Por mais que amasse a companhia de Jimin e sua mãe, não queria mais continuar ali rodeado de tudo que lembrasse que Kim Taehyung morou naquele local, era uma tortura. Pensava seriamente em fugir de vez, todavia, era um adulto sensato e não podia simplesmente abandonar aquele barco sem ao menos dar uma satisfação. Os Park tinha lhe acolhido bem e cuidado de suas feridas iniciais. Foram meses doloridos e de aceitação, de muito choro e porres por cima de porres. Não sabia como a mãe de Jimin não lhe jogou na rua por parecer um alcoólatra.

No fundo ela sabia que cada um sofre do seu jeito e infelizmente aquele era o seu.

Ele sabia que seu romance com Hoseok estava indo por água abaixo e não tinha forças para conter aquilo, só aceitar. Estava reunindo coragem para dizer a ele que tudo tinha acabado antes que o Jung começasse a namorar – de verdade – Taehyung, visto que era algo que ele sentia que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Não era só culpa e ele sentia isso, os atos de Hoseok refletiam o que nunca deixou de existir dentro dele, só estava sufocado por sentimentos que ele achou que eram os verdadeiros. Podia dizer o que fosse, mas – por dentro – tinham resquícios de sentimento que não seriam mortos nunca. Ele gostava de dizer que o amor por Taehyung era como o vírus da gripe que acometia o Jung.

Podia se tratar uma, duas, três vezes dos resfriados… Mas sempre teria a mesma patologia se fosse um pouco descuidado. Taehyung era seu vírus e não tinha remédio nenhum que lhe aniquilasse do seu coração. Sempre ria daquilo quando verbalizava e uma vez Jimin disse que ele estava lendo histórias demais e que empregasse aquela imaginação em uma coisa mais produtiva. Riam sempre, mas no fundo, só queriam chorar por saber que era a mais pura verdade.

Eram dois iludidos.

Tudo o que queria era ir – literalmente – pescar e depois sumir das vistas de quem quer que fosse e desabar em seu choro mais sincero. Estava doendo, doendo demais e por mais que desejasse apagar aquilo, aquele fogo que lhe consumia e lhe desesperava intensamente, sabia que tudo o que tinha em mãos era gasolina. Se queimaria ainda mais naquela dor e não poderia fazer muito para aplacá-la. Precisava sentir tudo de uma vez, como aquele curativo sobre a pele que se tem de puxar logo para minimizar a dor que sabe que vai sentir, tenta evitar, mas não tem jeito.

Ela estará ali e sempre será inevitável.

— Essa porra é como o Thanos. – Falou do nada assustando Seokjin e Jimin que estavam ao seu lado.

— Ficou doido? Tinha droga nessa bebida não menino, que merda de Thanos é essa? – Jimin quis rir do que Jin disse, mas teve vontade de chorar ao lembrar que o seu namorado não era mais tão seu assim.

Um moreno lindo estava dando em cima dele, mas o mesmo não tinha muitos ânimos para revidar os olhares e os flertes. Parecia bem insistente e por mais que o Park quisesse esquecer, sua mente sempre lhe puxava. Suspirou pesadamente e entornou o líquido que estava em seu copo. Ficar chorando lhe adiantaria de alguma coisa? Acreditava seriamente que não.

— Inevitável hyung! O Thanos é inevitável. – Yoongi tornou a se justificar fazendo com que o Kim desse uma bela gargalhada, o que espantou momentaneamente um garoto homem gringo que estava secando o mais velho.

— E o que é o Thanos tem a ver com a nosso rolê homem? – O Min estava um tanto bêbado e apenas riu do mais velho que não estava gostando nada daquilo.

— O meu amor pelo Hoseok é a humanidade e o Taehyung é o Thanos sabe com a merda da manopla, sabe? Ele foi lá e estalou aqueles dedos grandes dele e pronto. Sumiu. Sumiu hyung, sumiu! – Ele espalmou a mão na mesa enquanto gargalhava e Jimin ouvindo tudo teve de se meter na conversa.

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