Capítulo 07

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Lux sempre tentou seguir os estandartes da sua família, Stemmaguarda, mesmo a contragosto, pois seu desejo sempre foi viajar, explorar o mundo, ir além das muralhas e fronteiras de Demacia, sonhava em percorrer toda a Runeterra. E talvez por azar ou sorte esse dia tenha chegado. Em uma noite qualquer enquanto cavalgava de volta para casa, no meio do caminho lobos-dentes-de-sabre surgiram, atacando-a, o medo que percorreu só não foi maior do que a torrente de luz magica que irradiou dela, aprisionando as bestas. Desde aquele dia Lux passou a temer por si mesma, em Demacia a magia era repudiada, no passado os magos foram os causadores da ruina que caiu sobre Runeterra, e desde então era conhecido que a magia corrompia seu usuário. A loira seria tratada como uma criminosa, nem mesmo sua família estaria do seu lado, e só de pensar nessa possibilidade os seus olhos ardiam e seu peito doía, a demaciana não encontrou outra escolha do que fugir. Então aproveitou quando seu irmão Garen estava longe em missão e seus pais viajavam a negócios, saiu na calada da noite sem que ninguém a visse, levando consigo tudo que precisava, e foi assim que chegou no porto, arrastando-se entre as sombras entrou em um transporte cargueiro como passageira clandestina. Era o único que parecia sair no outro dia, não importava para onde fosse, contado que a levasse o mais longe possível de Demacia.

Piltover. O lugar emanava prosperidade, tudo era incrível, Lux andava pelas avenidas ludibriada, mas sabia que em um lugar como aquele não demoraria em chamar atenção, e mesmo que todo seu corpo lhe dissesse para não fazer, a loira não viu outra escolha, desceu até Zaun. Assim que seus pés tocaram o lugar ela sentiu a diferença, parecia que até o ar que entrava em seus pulmões era outro, conforme olhava em volta percebeu que não era inferior em tecnologia, só que havia um tipo diferente, errado e obscuro. Enquanto zanzava pelas ruelas da cidade baixa não demorou muito em atrair alguns vermes, tentou despista-lo, mas eram coisinhas insistentes, então os levou a um beco, iria cega-los com seu bastão usando magia, e fugir os deixando para trás. No entanto para a surpresa de Lux uma garota de cabelos azuis, com um penteado dividido em duas tranças apareceu do nada, sim a loira havia esbarrado na zaunita, só que não esperava que ela se metesse de forma tão inconsequente. Ainda estava pasma com a facilidade que ela abateu os dois homens e a forma como a jogou no ombro como se fosse algum tipo de bagagem, e saiu pulando pelos prédios deixando a confusão para trás. O sorriso em seu rosto dava a entender que aquilo não passava de mais um dia comum.

Já havia passado alguns dias que Lux começou a morar com a garota de cabelos azuis. E sim, acabou se conformando com o fato de que a Jinx é uma criminosa e possível psicopata, embora não tinha muito o que fazer nessa cidade caótica, ela foi a única que lhe ofereceu abrigo, até agora sem mostrar segundas intenções, coisa que tinha certeza que ninguém naquela cidade faria.

No dia que chegou no doce lar da Jinx, quando as duas já estavam dentro da mansão, e a loira se perguntava por que não virou e saiu correndo quando a outra lhe disse que era uma foragida da lei. Mas a resposta veio assim que a garota de cabelos azuis se virou a encarando com um sorriso lupino, era quase como um magnetismo a atraindo para a zaunita a sua frente. Elas se encontravam no centro de um salão enorme, havia várias portas separadas nas quatro paredes que as rodeavam, duas escadarias que conectavam ao segundo andar, onde dava de ver mais portas.

- Como falei você tem que trocar de visual – ela falou entrando em um dos quartos que havia embaixo, que Lux entendeu mais tarde ser algum tipo de laboratório da garota, saiu segurando uma mochila de pano – Pega, isso deve servir – Jogou na direção da loira, que pegou prontamente.

- Obrigada – murmurou incerta enquanto abria a mochila, havia alguns conjuntos de roupas.

- Se quiser sair use uma dessas roupas, e pode usar a capa – falou apontado para a peça que se encontrava jogada encima de uma cadeira, pareceu mais uma ordem que concelho – Pelo menos se sua intenção não for chamar a atenção – disse com um sorriso de canto – Vou me ausentar, então tente não arranjar problemas nesse meio tempo – então franziu o cenho inclinando a cabeça para o lado, como se tivesse escutado algo, sussurrou um "tem razão" balançando a cabeça em concordância, olhando para o nada, uma nuvem de ilusão cobrindo seus olhos, então piscou se voltando para a loira e sorriu – Ou não, você que sabe – saiu gargalhado indo em direção ao quarto de antes. Deixando uma Lux parada sem entender nada.

Assim que ela entrou no quanto a porta foi trancada, e uma música alta começou a soar, outros ruídos se juntavam a melodia, como marteladas, serras, furadeiras entre outros barulhos, Lux ia e voltava da cidade e não havia rastro de que a outra tinha saindo da habitação. Com quatro dias se passando uma explosão foi escutada, o silencio se fez presente, o pânico lhe tomou conta e estava prestes a derrubar a porta usando seu bastão, mas a gargalhada que se seguiu cheia de vida aliviou a loira.

- Foi quase! Sim eu sei! – a voz da zaunita atravessou a porta do cômodo, carregada de diversão. Então a música alta retornou. Lux já tinha percebido que as vezes a garota falava como se houvesse mais de uma pessoa no lugar, além dela. Isso era intrigante e preocupante, dizia um pouco em como se encontrava a saúde metal da zaunita.

No quinto dia ela saiu, a porta se abriu revelando uma Jinx com olheiras profundas, tranças bagunçadas e se arrastando como se fosse um bêbado, cambaleando. Lux saiu da entrada do seu agora quarto e foi em direção a zaunita, assim que seus olhos se encontraram, um tipo de lucidez voltou ao rosto da outra.

- Quem é você? – ela perguntou inclinando a cabeça para o lado, sem sorrisos. Lux engoliu em seco sem saber o que dizer, foi quando se lembrou que estava de frente para uma criminosa, o que estava pensando em confiar nesse tipo de pessoa. Então Jinx sorriu e começou a rir – Não faça essa cara de pânico, em sei quem você é, a garota da Demacia, certo.

- Não me assuste desse jeito – falou Lux em repreensão, deixando o ar que nem sabia que tinha prendido em seus pulmões saírem e com uma mão no peito tentando se acalmar.

Logo a zaunita inclinou a cabeça para cima, fugando com o nariz para o alto, como um cachorro que acabou de farejar algo, girou a cabeça rumo ao possível cheiro. Foi quando a loira percebeu que naquela direção estava a cozinha que a própria estabeleceu nesses últimos dias.

- Fiz o café da manhã, tem sanduiches e algumas frutas – começou alegre, mas quando percebeu um par de orbes rosas a encarando sua voz foi morrendo – Fiz o suficiente para duas pessoas, então se quiser me acompanhar... – deixou a pergunta no ar, com o pouco de coragem que ainda lhe restava.

- Pelo cheiro parece bom, embora tenha que provar para ter certeza – foi a última coisa que disse antes de caminhar para a cozinha. E então ela parou e olhou por cima do ombro, um sorriso brincando em seus lábios – Não vem? – questionou obviamente se divertindo com a situação.

E foi aí que Lux percebeu que tinha ficado parando no lugar, apenas observando a outra se afastar, tentando acompanhar as várias mudanças de expressões e humores da garota. Respirou fundo – É claro que vou – sentia-se uma mariposa sendo atraída para uma luz, mortal, sabia que era perigoso, mas não conseguia se afastar.

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Era a primeira vez de Vi naquele prédio, nem sabia da existência dele até pouco tempo atrás quando entrou para a força vigilante de Piltover. O edifício era um lugar onde os barões da química se reuniam. Quando Silco estava vivo todos sabiam a quem pertencia o comando de tudo, ele apenas puxava as cordas das ordinárias marionetes, mas quando a víbora se foi, houve uma quebra de poder. A quem pertenceria a coroa do rei caído? Todos ficaram loucos atrás de um pedaço.

Saiu do elevador colocando os pés na sala, paredes com grandes janelas de vidro, o teto uma completa vitrine do céu, plantas exóticas no final da habitação, e uma mesa de mármore no meio do local. E por todo lugar havia vísceras ou as estranhas de alguém, era quase impossível saber de quem era o braço ou a quem pertencia uma perna. Os barões da química tiveram seus membros decepados, mutilados de forma horrível, alguns foram partidos brutalmente ao meio. Outros defensores trabalhavam no local coletando e catalogando evidencias, a ruiva caminhava em volta observando a cena de carnificina, quando parou, tinha uma cabeça conhecida a centímetros dos seus pés, e nem sinal do corpo.

- Sevika – a zaunita sentiu apenas indiferença pela cabeça decepada. Um trabalho tão cruel, de acordo com o relatório que havia lido, só poderia ser serviço de Urgot. E isso só significava uma coisa. Zaun estava sobre nova administração.

Alto & Baixo - Vi x CaitlynOnde histórias criam vida. Descubra agora