Caitlyn estava deitada no sofá da sala no seu apartamento, com um livro em mãos. Vestia um pijama, um vestido de cetim com um decote V de alça, o mesmo ia até metade da coxa, deixando suas longas e delgadas pernas a mostra. Depois de ler o mesmo paragrafo umas cinco vezes, suspirou alto, fechando o exemplar e o jogando na mesa de chá ao lado, enquanto pegava a taça com vinho pela metade do recipiente. Hoje era o último dia de afastamento da Vi, e a mesma não tinha dado nenhum sinal de vida, o dia a muito tinha sido engolido pela noite, a cada hora que passava, seu peito se afundava cada vez mais. Não queria ver a frieza naqueles olhos a encarando novamente, indiferentes, e um brilho de magoa ao fundo. Foi uma decisão racional tomada no ambiente de trabalho, onde a vida pessoal não tinha lugar, e o fato de ser Vi não deveria mudar essa certeza, porém não poderia negar que hesitou. Caitlyn carregava muita responsabilidade como xerife, e não poderia deixar que os outros a vissem vacilar, não era permitido mostrar fraqueza. Antes da zaunita surgir em sua vida, nunca tinha mostrando nenhum tipo de interesse por ninguém, mas ao conhece-la, ser testemunha de tal determinação e força, era impossível não se sentir atraída, não querer se desfazer de qualquer amarra da civilidade, entrega-se ao extinto primitivo da carne e do prazer. Depois de provar esse doce mel, o sentimento de saciação antes inédito lhe tomava, era impossível imaginar sua existência efêmera sem a zaunita presente nela.
- Vi – sussurrou. Fechou os olhos com força, respirando fundo, quando os voltou a abrir, eles brilhavam em afinco. Tomou com um único gole o conteúdo no cálice, e se levantou indo em direção ao quarto para se trocar – Não pense que abrirei mão de você tão facilmente.
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Vi se esquivou para o lado. A dor a atingiu imediatamente, era como o estilhaçar de um espelho, a agonia se espalhou por todo o torço, mas isso não a parou, cerrou os dentes e avançou em direção do homem, pulou do topo da escadaria até o cume, em um ato animalesco, um predador atrás da sua presa fujona. Levou a mão até o punho do sujeito, o crack foi auditivo, o pulso foi quebrado, ele gritou, com a mesma agilidade Vi desferiu uma ajoelhada na barriga dele o fazendo ceder ao chão, apagado. Pegou a arma do indivíduo, procurou nos bolsos e não achou munição. Já era possível ouvir vozes e passos, acelerou sua marcha.
Corria pelo corredor de cerâmica, com a visão periférica conseguia ver aqueles que se aproximava, com a arma em punho atirava às cegas, tentado os afastar. Em algum momento já estava nos tuneis de pedras, o suor começava a escorrer pela testa, o ar queimava os pulmões, tirou o pano que cobria sua boca tentando aliviar a agonia, porém não ousou parar. Tinha bem gravado na memória a planta daquele lugar, a dois corredores a frente tinha uma passagem, era a rota de fuga. O alvoroço a suas costas tornou-se distante, conseguiu despista-los, contudo, uma sirene soava por toda a construção. Avistou uma porta, sem perder tempo atravessou para dentro do cômodo, se encostou na parede arfando, a pistola caiu no chão, sem balas. Não permitiu seu corpo desmoronar, ainda não, olhou para baixo, o ferimento tinha pegado de raspão, abaixo das costelas, no entanto aquele pequeno arranhão tinha deixando um rastro de sangue por todo o caminho percorrido, e ainda fez uma enorme mancha na blusa. Era uma das suas camisetas favoritas.
- Merda! – murmurou praguejando. Devia ter batido com mais força naquele babaca.
Porem esse não era o momento para sentimentalismo. Se livrou do casaco, em seguida arrancou as duas mangas da camisa, uma foi dobrada e colocada sobre o machucado, para fazer pressão e conter o sangramento, a outra teve que ser rasgada para servir como bandagem, depois de dar uma volta com o retalho e o amarrando com um nó cego o curativo improvisado estava feito. Respirou fundo se preparando, a habitação tinha duas portas, uma de frente para a outra, era um acesso de um corredor para o outro, estava perto, só mais alguns metros. Se obrigou a andar novamente, atravessando o limiar, já no corredor, não deu nem cinco passos, pessoas sugiram a sua frente, olhou por cima dos ombros, uma multidão a suas costas. Riu.
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Alto & Baixo - Vi x Caitlyn
RomanceAo sair da prisão, enfim livre, só um pensamento dominava a mente de Vi. Sua irmã. Powder. Mas o tempo é implacável, e em meio a toda aquele situação, algo que a ruiva realmente não esperava aconteceu. Caitlyn. A defensora provocava sentimentos impa...