A frieza em sua voz fazia meu estômago revirar. Sendo sincero? Eu nunca imaginei que me sentiria tão bem durante todo esse tempo em que não coloquei um pé dentro dessa casa.
— Você pode sentar — minha mãe disse, se ajeitando em uma das poltronas ao redor da mesa de centro enquanto me fitava como um leão — vamos, eu não quero perder tempo com você.
Eu suspirei. Sempre fui tratado como um cachorro sarnento por ela, mas nunca imaginei que mesmo após a morte do meu pai prosseguiria com isso.
Então eu me sentei, colocando minha pequena mochila em meu colo e cruzando minhas pernas ao colocar uma em cima da outra, a encarando de volta.
— Como você sabe, o estúpido do seu pai estava internado e acabou morrendo — quase cuspiu as palavras, pegando a xícara com chá que estava em cima do móvel de madeira velha — mas nós temos um problema maior do que isso para resolver.
Acabei por rir de forma nasalada. Aquilo parecia um teatro idiota feito por alguém imbecil.
— Um problema maior do que a morte do papai? — a questionei, cruzando meus braços em frente ao peito — você vai continuar tratando ele dessa forma, mesmo depois de tudo?
— Não é como se mortos escutassem. E você sabe disso.
— Eu não entendo como você pode agir dessa forma...
— E não precisa — se levantou quase em um salto, o que fez eu me assustar — acontece que antes de morrer, o seu "papai" assinou alguns papéis sem que a sua pobre mãe soubesse — continuou, havia caminhado até minhas costas, levando sua mão gelada até o meu ombro — olha, Jimin... Você tirou tudo de mim quando nasceu. Mas quer saber o pior?
Ela havia abaixado o suficiente para que conseguisse sussurrar em meu ouvido. Era realmente assustador, mas eu tentei permanecer firme enquanto meu olhar estava fixado em um ponto qualquer na minha frente, o que me ajudava minimamente a não seguir meu instinto de medo e sair correndo dali.
Depois de tantos anos ouvindo aquela mesma frase quando criança, agora ela quase não me impactava. "Você é um erro, Jimin", "você acabou com a minha vida!", "você estragou tudo quando nasceu!" e coisas do tipo nem mesmo me abalavam. Eu já sabia de tudo aquilo, mesmo que nunca tenham-me contado o que era esse tudo que foi perdido por minha causa.
— O pior disso tudo, Min... É que eu não imaginei que você seria capaz de permanecer fazendo isso durante todo o tempo que ficasse vivo depois.
— Eu não faço absolutamente nada — no mesmo instante me levantei, tirando sua mão que me tocava e ficando em pé de frente para ela, apenas com o sofá entre nós dois — toquei minha vida e vazei daqui para finalmente te livrar desse inferno que eu sempre causei. Como a senhora pode dizer que eu ainda faço isso?
— Por que você faz.
— Eu não faço! — gritei, com os olhos cheios de lágrimas — durante toda a minha existência eu tentei ser o suficiente pra você. Eu me esforçava e engolia minhas mágoas porque acreditava que em algum momento você poderia escutar o papai, parar com todas as coisas e sentir orgulho de mim! Mas você... Você nunca se importou. Você tinha a capacidade de usar o próprio filho para ajudar nos seus negócios, mas nunca teve a capacidade de me dar um abraço e... Dizer que me amava...
— Eu mentiria pra você, Jimin? — arqueou as sobrancelhas bem feitas, apoiando os dois palmos no topo do encosto do sofá — pelo contrário, eu sempre fui sincera e te disse o que sentia. Assim como agora.
— Assim como agora?! — meu coração quase pulava para fora, era como se a minha ansiedade fosse me consumir a qualquer momento — como você pode dizer isso? Eu nem mesmo-
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DOMINANCE ⋆ jjk + pjm
FanfictionPark Jimin sempre levou uma vida comum, convencido de que o pouco que tinha conquistado era o suficiente para sobreviver por um bom tempo. Morando em um apartamento barato com seu melhor amigo, tinha a certeza de que estava nos trilhos certos, afina...