No começo de tudo, sinceramente imaginei que conseguiria manter essa parte do meu passado completamente apagada. Meu pai, minha mãe, minha infância e tudo o que mais me machucou durante a minha curta existência até agora. Pensei que se escondesse de mim mesmo a realidade, me sentiria melhor. Apesar disso, agora que um dos pedaços do quebra-cabeça da minha vida foi apagado para sempre, eu não sei o que fazer. Minha mente está perdida.
Tentei passar para quem me conhecesse que eu tinha uma adorável relação com os meus pais. O único que sabia a verdade — pelo menos parte dela — era Yoongi, que mesmo parecendo muito, seu conhecimento não chegava nem em uma porcentagem considerável do verdadeiro pesadelo.
Receber aquele tipo de notícia da minha mãe e de uma maneira tão fria, me deixou completamente abalado. Automaticamente, ergui meu rosto em direção a Jungkook, inconscientemente buscando algum ponto de conforto e acreditando que ele traria isso para mim. Quando seus olhos preocupados se encontraram com os meus, perdidos, ele se levantou, não demorando até que puxasse a cadeira ao meu lado e se sentasse ali, em silêncio. Com calma, segurou minha mão contrária a que estava com o telefone, sutilmente envolvendo meus pequenos dedos que quase sumiam em seu palmo enorme.
Suspirei. Uma pequena descarga de calma transitou por todo meu corpo, me dando coragem para organizar rapidamente meus pensamentos desordenados.
— Mãe, como isso aconteceu? Ele estava doente e vocês não me contaram?
— Foi um acidente, Jimin. E se ele estivesse doente você ligaria de alguma forma? — senti minha respiração falhar, acabando por apertar a mão de Jungkook — você sempre foi um filho mal agradecido e que não se importa com o mínimo.
— Você-
E desligou a ligação.
Eu podia sentir um leve tremor, negando com a cabeça levemente enquanto respondia os meus próprios devaneios. O choro estava preso como um nó na minha garganta, mas eu não conseguia o desfazer. Por mais que eu quisesse e por mais que me sentisse culpado, tudo o que aconteceu não me fazia ter empatia por... Eles.
— Park? — a voz rouca de Jeon ecoou, próxima ao meu ouvido e me fazendo virar o rosto em sua direção no mesmo instante.
— Me desculpa por... Atrapalhar enquanto estávamos comendo... — eu disse, não conseguindo sustentar o olhar em seu rosto por muito tempo.
— Não precisa se desculpar por isso, anjo — um de seus polegares subiu até minha bochecha, limpando a lágrima imperceptível e silenciosa que eu havia deixado escorrer — quer me contar o que houve?
Dei de ombros, me rendendo.
— Era minha mãe... Me disse que meu pai acabou de morrer.
— Eu sinto muito, Park... — disse com um tom de pena, escorregando seu dedo até minha orelha, mexendo levemente nela.
— Não sinta — voltei a encarar seu rosto. Apesar dos olhos cheios de lágrimas, talvez o que eu mais sentisse naquele momento fosse raiva — o que mais me preocupa agora é ter que ir lá.
— Seus pais não moram por aqui, não é?
Neguei com a cabeça, segurando ambas as mãos que até então me acariciavam e trouxe-as para o meu colo, percebendo que Jungkook tentava encontrar uma maneira de saber o que falar comigo naquele momento.
— Eles são de Busan...
— Busan? — fez uma expressão esquisita, percebi que uma de suas sobrancelhas levemente foi arqueada, enquanto seus olhos redondos minimamente foram cerrados — fica um pouco longe daqui.
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DOMINANCE ⋆ jjk + pjm
FanficPark Jimin sempre levou uma vida comum, convencido de que o pouco que tinha conquistado era o suficiente para sobreviver por um bom tempo. Morando em um apartamento barato com seu melhor amigo, tinha a certeza de que estava nos trilhos certos, afina...