twenty-five and a beat!

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PARK DANBI


Observo as estrelas no céu, pela primeira vez vendo como há milhares e milhares delas espalhadas acima de mim. O vento bate frio no meu rosto nessa noite enquanto me encolho no cobertor que me abraça. Meu pai cantarola baixo a música que toca na pequena caixa de som presa à nossa barraca. Ele prepara alguns marshmallows no palito enquanto o um chá quente borbulha sobre a fogueira.

É a terceira vez na vida que meu pai me traz para acampar. A primeira foi quando minha mãe pediu divórcio e a segunda foi quando ele descobriu que eu iria me mudar para a capital e ficar longe de Busan.

Papai sempre sentia quando eu precisava desse lugar, eu tenho certeza disso.

Ele não me perguntou muitas coisas sobre o que tinha acontecido, mas tudo o que ele sabia era que eu e Jungkook não estávamos mais juntos. Sem mais detalhes sobre a briga e as coisas que dissemos um para o outro na semana passada. E eu, honestamente, preferiria que as coisas fossem assim.

Mesmo que eu tentasse clarear a mente, em algum momento do meu dia eu sempre voltava para nossa discussão. Quero acreditar que as coisas que ele me disse não eram verdades, que ele não me via como uma manipuladora. Assim como quero que ele saiba que muita das coisas que disse foram fruto da raiva naquele momento.

Por mais que nosso namoro tenha chegado ao fim, a última coisa que eu queria era que Jungkook sentisse raiva de mim. A última coisa que eu queria era que as palavras que ouvi quando fui demitida se tornassem realidade pra ele. Eu só queria poder me certificar de que ele sabia que, enquanto juntos, o amei de verdade e que todas as partes do meu ser foram ao limite do nosso amor.

Meu pai se senta ao meu lado, me chamando atenção, e me entrega um palito com um marshmallow na ponta. Eu sopro aquela massa fofinha antes de dar uma mordida.

— Sabe, quando sua mãe me disse que queria o divórcio, pensei que nunca mais ia sentir uma dor tão terrível como aquela... — me surpreendo, já que papai não era de falar muito sobre seu relacionamento com minha mãe. — Pensei que ia morrer de amor.

— Eu sei que eu era bem pequena, mas tenho algumas memórias de você discutindo com ela.

— É, você devia ter uns 5 ou 6 anos, era tão pequenina... Você se parece muito com a sua mãe, na verdade.

— Você ainda tem contato com ela? — pergunto. — Porque ela simplesmente parou de responder minhas mensagens há alguns anos atrás quando entrei na faculdade.

— Não converso com ela, nem acho que ela me responderia. Sua mãe... ela é uma pessoa complicada.

— Complicada ou filha da puta? Porque tem essa pequena diferença — nos dois damos uma risada.

— Ela continua sendo sua mãe...

— Não, minha mãe é você. Que também é meu pai, mas nunca deixou de estar ao meu lado. Diferente dela que fugiu pra sabe se lá onde...

Papai suspira, olhando o horizonte. Aquele tópico era sensível para nós dois, mas sei que para ele era bem mais. Apesar de ter crescido sem a minha mãe presente, sempre tive ele ao meu lado, dando tanto amor que mal pude sentir falta de amor materno. E pra falar a verdade, acho que assim foi melhor.

Quando meus pais se separaram, eu ainda era muito novinha e não conseguia entender o porquê daquilo estar acontecendo com a minha família. Mas agora eu vejo e entendo que as vezes as pessoas apenas não estão destinadas a ficar juntas. Elas cruzam os caminhos pela vida, mas não necessariamente vão seguir lado a lado.

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