Cinema caseiro (Mammon pedido por AnnaBeatryz07)

556 47 83
                                    

Após uma longa discussão, a qual eu não lembro de ter participado, faríamos uma maratona de filmes de terror e eu só pensava em duas coisas: se eu me assustasse, eles dariam risada, e se eu não me assustasse, eles me encheriam de perguntas, mas, francamente, como se assustar com filmes de terror sendo que eu morava com os sete governantes do submundo? Eu estava com os piores demônios se fosse analisar e conheci mais dois demônios para ajudar, em todo caso, não ficaria em paz de qualquer maneira, então tive a brilhante ideia de sentar no canto do sofá, assim teria apenas um deles ao meu lado e, com sorte, esse não prestaria atenção em mim.

-Eu sento aqui!- Mammon pulou para meu lado.

-Isso não é justo!- Reclamou Levi.

-Eu sou o primeiro demônio, é claro que deve ser eu que sento aqui!

-Deixa, Levi, ele vai acabar ficando com medo e fugindo- Asmo deu risada e sentou ao lado do Mammon. -E quando ele fugir, eu fico no lugar dele.

Lucifer surgiu, encerrando a discussão e apressando todos para se arrumarem, os preparativos foram terminados, a luz foi desligada e o primeiro filme foi colocado, era sobre um advogado que deveria cuidar da papelada de uma senhora falecida, uma mansão isolada e, para ajudar, a estrada era alagada pela maré em algumas horas do dia, tive a impressão de que aquele filme era do mundo humano, parecia que eu já havia visto algo sobre ele antes. O pobre advogado teve o azar de ficar preso por conta da maré alta e precisaria passar a noite naquela mansão, um vulto de uma mulher vestida de preto aparecia algumas vezes, os brinquedos do quarto de uma criança se mexiam sozinhos, assim como a cadeira de balanço que estava próxima a janela que dava a visão perfeita para a estrada coberta de água, o primeiro grito me assustou, era mais alto do que eu esperava, e assustou Mammon também, o que gerou a risada dos outros, esperei o grupinho debochado parar e aproveitei que estava escuro para segurar a mão do Mammon e escorar minha cabeça no braço dele, nenhum dos outros veria aquilo, só nós dois saberíamos, foi o que me encheu de coragem para ficar perto dele, que entrelaçou nossos dedos. Conforme o filme passava, meus olhos foram ficando cada vez mais pesados, o que me despertava era os gritos da mulher de preto, mas logo que tudo voltava ao som mais baixo e escurecia mais, o sono voltava, eu realmente estava adormecendo durante um filme de terror, logo tudo se apagou, o calor de Mammon era tão confortável, talvez fosse errado, mas estava mais próximo de um anjo protetor do que um demônio comedor de almas.

-Está dormindo- Ouvi uma voz ao longe.

-Não é possível, como consegue dormir com um filme de terror?- Era Satan.

Eu não conseguia me mexer, mas não era como se fosse uma paralisia do sono, não estava com medo e podia respirar normalmente.

-É melhor levar para o quarto, vai ser ruim se acordar durante uma cena assustadora- Beel preocupado como sempre.

-Eu vou levar- Avisou Mammon.

Os braços dele me levantaram, estava me carregando como os cavalheiros dos filmes carregam suas princesas, era tão macio, tão cheiroso, consegui abrir os olhos, estávamos num corredor, e levantar o rosto, ele estava corado, parecia perdido no que fazer.

-Mammon...- Sorri, logo fechando os olhos contra minha vontade, eu só queria agradecer a gentileza dele.

-Não... dificulte as coisas- Ouvi ele dizer.

Quando acordei novamente, Mammon estava tirando meus sapatos, depois estendeu a coberta sobre mim, mas cobriu minha cabeça, levantei os braços para afastar a manta e acertei o rosto dele.

-O que está fazendo?- Perguntou, irritado.

Consegui livrar meu rosto e sentei na cama, pendendo para os lados e para frente, era muito sono para enfrentar.

-Desculpa- Falei.

-Vá dormir, te trouxe para isso- Ele rosnou.

-Agradeço.

-Que seja, vá dormir- Mammon não estava confortável.

Esfreguei meus olhos, não sabia como podia ter tanto sono dentro de mim, senti as mãos de Mammon, uma segurava minhas costas e outra meu braço, ele estava me deitando de novo, eu me agarrei na jaqueta dele, pensando que ia cair.

-Vá dormir- Repetiu.

-Desculpa, eu queria ficar assistindo os filmes com você... se ficar sozinho, eles vão rir de você.

-Eu-eu não tenho medo.

-Tem sim- O encarei, seu rosto estava tão perto. -Mas... não tem problema, eu também tenho.

-Você dormiu- Lembrou, envergonhado.

-Ah... porque você estava perto de mim- Corei.

Mammon pareceu querer falar algo, seus olhos estavam fixados em mim e ele se aproximou, ia me beijar, eu tinha certeza, mas ele cerrou os dentes e desviou o olhar.

-Vá dormir.

Eu tentei lutar contra ele, não queria deitar, Mammon venceu, não que eu acreditasse que poderia vencer aquela briguinha, ele ficou sobre mim, me encarando, e eu mantive as mãos na jaqueta dele, era aquela hora ou nunca mais, tomei coragem, já havia perdido a vergonha lá no sofá, precisava continuar aquela missão, eu consegui me levantar um pouco e beijei os lábios deles, acabei caindo de volta, esperava que ele falasse algo, que até brigasse, mas ele subiu na cama, me beijando e me pressionando contra o colchão, passei meus braços por cima dos ombros dele e senti suas mãos segurarem minha cintura.

-Não- Ele tentou se afastar.

-O que?

-Você... pare de me seduzir.

Dei risada, não acreditava que ele tinha falado aquilo, eu seduzindo ele? Um demônio?

-Mammon.

-Não... piore... as coisas.

-Eu te amo, Mammon.

Ele me encarou, olhos arregalados e rosto vermelho.

-Eu te amo muito, tontinho.

Mammon me abraçou, pressionando o rosto contra meu pescoço.

-Eu também te amo- Choramingou.

-Você está chorando?

-Não- Fungou.

Acariciei o cabelo dele, era difícil pensar que ele era um demônio quando fazia aquilo, era tão fofo, tão sensível, Mammon se recompôs e me beijou novamente, dessa vez mais gentil e devagar que antes.

-Fica comigo hoje- Pedi.

-Sim, sim, claro que sim- Sorriu.

IMAGINE ISSO! (Obey Me! One master to rule them all) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora