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– Me esquece!

Passo por Jin, irritada. Depois de tudo que ele fez comigo, agora quer satisfações? Só pode estar brincando!

Caminho até o elevador, ele entra junto no mesmo segundo. Me afasto, encostando no canto da parede. Estar em um espaço fechado com ele me deixa nervosa — e, pior ainda, desperta sensações que eu queria enterrar para sempre.
Sim, fico com tesão.
Melinda, se preserve, mulher! É só um homem!

O elevador sobe lentamente. Cada segundo é um martírio. Quando, finalmente, as portas se abrem, suspiro aliviada e dou meu primeiro passo para fora.
Mas sinto Jin me puxar pelo braço, me fazendo voltar para dentro. As portas se fecham.

Ele me encara de perto.
— O que pensa que está fazendo?! — Espremo minha mão contra o peito dele e o empurro com força, mas ele não me solta. — Me larga, imbecil! Qual é o seu problema?

Seus olhos brilham. E então, para meu espanto, ele pergunta:

— Você já está namorando?

Eu rio de incredulidade.

— O que você tem a ver com isso? Vai pastar no mato, Jin! Vai rebocar uma parede, sei lá! — Grito, e ele me empurra contra a parede do elevador.

— Ficou doido, porra?! — Olho para ele, furiosa.

— Já me esqueceu tão fácil? — Sua voz embarga. A primeira lágrima dele cai.

— Você é doente ou o quê? Se não me soltar, juro que dou um chute no seu saco tão forte que nem sua terceira geração vai andar direito! — ameaço.

Ele me aperta ainda mais.

— Você não entende... — sua voz falha. — Não sabe como está sendo difícil...

— Você andou fumando maconha? Já mandei me soltar!

Jin finalmente me solta, fungando. As portas do elevador se abrem. Ficamos nos encarando por um momento tenso, até que um casal entra. Sem pensar, saio apressada.

Merda. Vou descer o resto de escada mesmo.

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[

Estou sentado no sofá da sala, encarando a parede branca.
Quase contei tudo para Melinda.

Que merda, Jin.
Preciso proteger ela, manter distância... mas está sendo a coisa mais difícil do mundo. Talvez, se minha mãe ainda estivesse viva, nada disso teria acontecido.

Se eu pudesse pedir algo a Deus, pediria que fosse meu pai a ter morrido, não minha mãe.
Lembro como se fosse hoje.

[Flashback]

— Bastava vencer! É tão difícil assim, moleque? — Meu pai berrava. Eu estava de cabeça baixa.

— Ainda terão muitos campeonatos, pai... — tentei argumentar.

Um soco atravessou meu rosto. Meu corpo vacilou.

— Pra você perder de novo, é isso? — cuspiu as palavras. — Não te coloquei no karatê pra virar um fracassado!

As lágrimas começaram a cair.

— Mas eu nunca quis...

Outro chute. Dessa vez, no estômago.

— Você não tem querer, caralho! Eu mando e desmando!

Caí no chão, gemendo. Ele puxou meu braço, torcendo-o até deslocar. Depois, bateu minha cabeça contra a parede.

Apartamento 777Onde histórias criam vida. Descubra agora