7 | chuva e trégua

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Apartamento 777 7 | Chuva e trégua!

    — Fique aqui, eu vou descer e ver. — Tiro a mão da boca de Melinda devagar, e então a olho como se desse um aviso para que ela não tente algo.

       A luz da lua, ilumina pouca parte do apartamento, dando pra ver algumas coisas, saio do quarto e caminho a passos cautelosos para a escada. Ao chegar no final, meus olhos vasculham cada canto da sala, procuro algo que eu possa usar, e a única coisa que eu encontro é um taco de beisebol.

       Deve servir!

   Continuo com meus passos firmes, e calculados para surpreender o ladrão, escuto um barulho na cozinha e vou até lá, paro de repente, e sinto alguém bater de cara com minhas costas.

   Melinda!

  — Aí, meu nariz! — Ela reclama, e eu lhe dou um olhar mortal, a mesma não se importa, e olha para a bancada da cozinha. — Que fofo! — Assim que ela diz, a energia volta, ao perceber o que é dou um espirro.

  — Então, esse é o nosso ladrão. — Reviro os olhos. 

   — Podemos ficar com ele? — Ela levanta o rabo do gato.

— Sua, tarada!

— Como eu vou saber, se é homem ou mulher? — Ela arqueia a sobrancelha.

— Você quis dizer, macho ou fêmea. — Cruzo os braços. — Deixa isso pra lá, mas não podemos eu tenho alergia. — Dou mais um espirro.

— Ah Jin, por favor, prometo limpar toda a bagunça que ele fizer, deixa eu ficar com ele? — Começo uma crise de coçar o nariz.

— Amanhã mesmo, quero que você tire esse gato daqui. — Melinda está com o gato no colo, e faz uma feição de tristeza.

— Está bem, afinal a casa é sua não é? — Ela sai da cozinha, e sobe para o quarto, suspiro passando a mão em meus cabelos.

   (...)

   Melinda não está de papo hoje, desde que falei pra se livrar do gato ontem, ela está me dando um gelo, quer saber? Nem ligo!

   Hoje é um péssimo dia pra mim, fui ao cemitério ver o túmulo da minha mãe, disse algumas coisas que queria contar, mencionei Melinda, que entrou na minha vida feito um tsunami.

   Chego em casa, e a vejo sentada no sofá com o gato, ela está comendo macarrão instantâneo, enquanto assiste TV.

  E novamente sei que vou me arrepender, mas aqui vou eu.

  Caminho até o sofá, e sento ao seu lado e a olho. Ela está fingindo que eu não existo.

— Melinda... — Começo meu diálogo mas, ela abre finalmente a boca pra falar.

— Eu vou levar ele pra um pet shop, talvez alguém o adote. — Ela faz um carinho no gato, que mia.

— Não precisa fazer isso .... — Seus olhos finalmente desviam da TV, e me olham curiosos. — Pode ficar com o gato! — Seus olhos, brilham no mesmo instante.

— Sério? Não é pegadinha, certo? — Ela diz com seu tom de voz, visualmente empolgada.

— Não, eu estou falando sério. — Me levanto do sofá.

Melinda dá um grito, tão fino que sinto um zumbido.

— Desculpa, me empolguei! — Ela diz animada.

— Percebi. — Nego com a cabeça, pelo jeito dela de agir.

— Aliás, já coloquei um nome pra ele e é, em sua homenagem. — Ela dá um sorriso tímido.

Apartamento 777Onde histórias criam vida. Descubra agora