Apartamento 777 | 14 - Primeira briga!
— Linda, o que foi? Por que está chorando? Fiz algo de errado? Está sentindo alguma coisa? — Jin perguntou, se aproximando preocupado.
— Não, não foi você... — ela tenta controlar as lágrimas, fungando. — Eu... fui demitida.
— Por quê?
— Porque fui reclamar com meu patrão que um cliente estava me assediando, e o corno ficou do lado do otário! — desabafa, a voz embargada de raiva e frustração.
Jin se levanta de súbito, a expressão completamente transtornada.
— Como é que é?! — ele praticamente ruge, o rosto ficando vermelho de raiva.
— Jin, pra onde você vai? — vejo-o pegar o casaco e as chaves do carro, sem pensar duas vezes.
— Vou dar uma surra naqueles dois! — anuncia, marchando em direção à porta.
Corro até lá e me coloco na frente, barrando sua saída.
— Você não vai fazer nada! Por favor, não vamos nos meter em confusão, a gente nem conhece o cara... ele pode ser metido com tráfico ou ser algum assassino foragido...
— Cala a boca, Melinda! Nada do que você disser vai me fazer parar agora. Eu não vou deixar ninguém tratar minha namorada como se ela fosse uma vadia! — ele me fuzila com os olhos.
— Vamos esquecer isso, tomar um banho e dormir... — tento negociar, minha voz trêmula.
— Sai da frente, Mel! — Jin rosna.
Me agarro à maçaneta da porta com força, mas ele tenta me puxar dali.
— Melinda! — ele grita. — Solta essa porta ou eu te arranco daí junto!
— Não vou soltar! E você tá me machucando! — reclamo, sentindo a força que ele faz nos meus braços.
— Caralho, Melinda! Solta a porra dessa porta agora! — sua voz explode, me fazendo soltar de susto. Ele me empurra levemente para o lado e sai disparado pelo corredor.
— Jin! — grito, correndo atrás dele, mas ele entra no elevador antes que eu consiga alcançá-lo.
Desesperada, opto pelas escadas. Quando finalmente chego lá embaixo, vejo o carro dele arrancando com tudo, cantando pneu. Sem pensar, pego o celular e chamo um táxi. Um mau pressentimento aperta meu peito.
(...)
Quando chego na boate, já é tarde demais.
O lugar está um caos: mesas e cadeiras viradas, garrafas quebradas espalhadas pelo chão. Meus olhos encontram Jin puxando meu ex-patrão pelo colarinho, o nariz do homem sangrando.
— Jin, para! — começo a gritar, a voz embargada.
— Onde está aquele imbecil?! — Jin ruge, fora de si.
— Eu não sei! Ele já pagou a conta e saiu! — o homem responde, apavorado.
— Jin! — grito novamente. — Por favor, para! — lágrimas escorrem pelo meu rosto.
— Eu não vou sair daqui até esse idiota trazer o outro idiota que te assediou! — ele ameaça.
— Já disse que não sei, cara! Ele é só um cliente! — o patrão tenta argumentar.
Jin não escuta — desferre um soco no rosto dele, com força.
— Fala direito comigo, seu filho da puta! Você não tá falando com seu pai! — Jin grita, e meu coração quase para.
Entro em desespero. Jin vai acabar preso, e tudo por minha causa!
Olho em volta, procurando qualquer coisa que possa usar. Meu olhar cai sobre uma garrafa de whisky.
Sem pensar, corro, pego a garrafa e acerto Jin na cabeça.
— Meu Deus! — ele solta meu ex-patrão, que aproveita para fugir dali como um rato.
— Jin! — corro até ele, vendo-o se apoiar no balcão, cambaleante.
— Você me acertou, sua débil mental! — ele resmunga, ainda tonto. — Eu tava te defendendo, caralho...
— Não quero saber! — grito, desesperada. — Jin, chega! Vamos pra casa, por favor! Daqui a pouco o delegado vai bater na nossa porta com uma intimação de prisão!
Ele passa a mão na cabeça e vejo sangue.
— Meu Deus... — sussurro, apavorada. — Vamos pro hospital primeiro. — o ajudo a ficar de pé.
— Eu posso dirigir! — ele tenta protestar. — Tenho medo de te deixar ao volante e a gente acabar capotando.
Dou um tapa no braço dele.
— Aí! — ele reclama.
— Desculpa! — começo a chorar de novo, os nervos à flor da pele.
Jin me abraça forte, como se fosse a única âncora que nos mantinha de pé.
— Você deve estar cansada, amor... vamos pro hospital, depois pra casa... e então dormir.
Congelo.
— O que você disse? — meu coração dispara.
Ele faz uma careta de dor.
— Disse pra irmos pro hospital, depois pra casa e dormir.
— Não... antes disso...
— Te chamei de amor. — ele confessa, como se fosse óbvio. — Você não gostou?
Mordo o lábio, sentindo um calor gostoso invadir meu peito.
— Eu sei que não é o melhor momento, mas... isso soou tão sexy e, ao mesmo tempo, tão romântico vindo de você.

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Apartamento 777
FanfictionMelinda é uma jovem independente e sarcástica, disposta a quebrar as regras e explorar o desconhecido. Quando decide fazer sua primeira tatuagem, ela se depara com um tatuador misterioso e provocador, cuja atitude ríspida e seu olhar intenso a atrae...