Apartamento 777 | 6 - LadrãoAcordo sentindo minha cabeça latejar. Seja o que quer que eu tenha feito ontem, não lembro de quase nada, apenas o jantar com Jin.
Me levanto da cama e vejo Jin sentado na poltrona vermelha de seu quarto, vestindo apenas uma calça moletom. Ele se levanta e me olha sorrindo.
— Que bom que acordou, linda. Deve estar com a cabecinha doendo, não é? — Ele meneia a cabeça, apontando para a bandeja sobre o criado-mudo, cheia de comida, um copo d'água e um comprimido. — Fiz o café da manhã pra você. — Ele faz um carinho no meu rosto.
Quando o diabo é bom demais, o santo desconfia. Eu sou o anjo. Jin é o diabo, lógico.
Jin pega uma uva e me oferece. Aceito de bom grado. Como eu recusaria comida? Meu estômago está quase grudando nas costas.
— Está gostoso? — Ele se senta ao meu lado na cama, observando minha boca.
— Demais. Não sei se foi feito pelo diabo ou por Deus. — Ele gargalha e me dá um pedaço de bolo de chocolate. Como, e ele tira um restinho de bolo do canto dos meus lábios com o polegar, chupando em seguida.
Se o que saiu da minha calcinha não foi xixi, é porque eu gozei.
— Não lembra de nada de ontem? — Ele me dá uma rosquinha.
— Fomos jantar e... Não lembro mais.
— Então não lembra que a gente ficou? — O susto é tão grande que cuspo no rosto dele. Ele faz uma careta e começa a se limpar.
— Isso é mentira! — Me levanto da cama, quase tropeçando no lençol.
— Claro que não. Você nem se lembra, poxa. Achei que ia lembrar, porque você gritou tanto que acho que o prédio todo ouviu. — Fico vermelha igual um pimentão.
Olho para minhas roupas e vejo que estou vestindo uma camisa de Jin.
— Você tirou minha roupa?
— Queria transar de roupa? — Começo a entrar em desespero. Não lembro da minha primeira vez, e, para piorar, estava bêbada.
Não foi assim que eu sonhei. Queria que fosse um momento especial, com alguém especial, não com esse brucutu.
— Preciso tomar um banho. — Entro no banheiro, tiro as roupas com pressa, ligo o chuveiro e, quando percebo, estou chorando.
(...)
Quando finalmente saio do banheiro, vejo Jin no mesmo lugar, sentado de braços cruzados.
— Achei que tinha morrido afogada. — Avanço para cima dele.
— Você está mentindo, né? A gente não ficou?
— Pense o que quiser. — Ele me dá as costas, e eu caio na cama.
Eu fiquei com um baita de um gostoso e não lembro.
(...)
— Acha que loucura pega? — Pergunto para Namjoon, meu primo formado em psicologia.
— Qual grau você fala?
— Sei lá, loucura tem grau?
— Teoricamente, sim. — Namjoon ajeita os óculos de grau e faz algumas anotações.
— Está anotando o quê aí? — Me levanto da poltrona e o observo.
— O quão apaixonada você está e não percebe. — Ele me mostra um coração feio.
— Você é péssimo desenhista. E eu não estou apaixonada por aquela louca.
— Você falou por horas dela. Quero conhecer.
— E você não está noivo?
— Não tenho nenhuma intenção romântica.
(...)
Hoje é dia de beleza. Vou depilar a Cremilda, lavar meu cabelo, enfim, ficar gostosa e cheirosa. Aproveitar que Jin não está para me sentir mais confortável. Fora que há alguns dias meu intestino não anda funcionando direito. Isso mesmo, estou sem cagar. Ainda não me acostumei direito na casa do Jin, não consigo fazer isso na casa dos outros. Vou aproveitar que ele não está e me concentrar.
Ligo o chuveiro, passo sabonete e começo a fazer meu trabalho. Lavo meu cabelo, sim, estou usando o shampoo do Jin que é muito cheiroso. Depilo minha Cremilda e minhas pernas, que estavam iguais às de uma chita. Depois de horas me cuidando, saio do banheiro e pego meu celular, conecto na caixa de som para ouvir músicas do Stray Kids. Coloco bem alto. Mesmo dançando mal, começo a me divertir. Estou sozinha, posso agir normalmente.
Volto para o banheiro e pego minhas roupas sujas para colocar no cesto. Quando vou procurar uma roupa nova, todas as luzes se apagam e sinto uma mão em minha cintura e outra na minha boca. Quando penso em dizer algo, escuto a voz de Jin.
— Shiii... Cala a boca, alguém entrou aqui! — Gelei. Senti algo perto da minha bunda.
— Não dá, tô sentindo o cajado de Moisés batendo na porta, igual testemunha de Jeová.
Melinda, um ladrão entrou aqui e você pensando no negócio de baixo do Jin.
(...)
Melinda caiu na cama e simplesmente dormiu. Eu ainda tentei acordá-la, mas não deu certo. Não podia deixar ela dormir com aquelas roupas, então a troquei, peguei uma camisa minha e a vesti. Ainda tentei dormir, mas ela roncava igual a um motor de trator velho. Fui para o sofá. Pior ainda, ele era pequeno demais e minhas pernas ficaram para fora.
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Apartamento 777
أدب الهواةMelinda é uma jovem independente e sarcástica, disposta a quebrar as regras e explorar o desconhecido. Quando decide fazer sua primeira tatuagem, ela se depara com um tatuador misterioso e provocador, cuja atitude ríspida e seu olhar intenso a atrae...