Capítulo 4

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  O dia amanheceu quente naquela segunda.

  Jiensoo se levantou pouco antes do Sol nascer — desde sábado sua insônia teve piora. Ela não comentou com ninguém sobre o ocorrido. Passou o domingo na cama, ignorando mensagens e sentindo uma ressaca enorme. Aquela mulher não saía de sua cabeça. Se é que que aquilo era uma mulher.  

  A garota comia torradas e lia as notificações no celular. Menções no instagram, mensagens de colegas no whatsapp, lembretes de afazeres no calendário. Nada que importasse à ela. Ao menos, que não importasse no momento.

  Jiensoo soltou o celular sobre a mesa e encarou a área de serviço. Pudera ter a sensação de que algo se mexia ali. Depois de um tempo, seu novo foco era o nada. As torradas pareciam infinitas. Ela estava perdida em seu mundo. Pensava em tudo e, ao mesmo tempo, pensava em nada.

  O som do despertador a acordou de seu transe. Sete da manhã. Jiensoo enfiou a torrada inteira na boca e se levantou.  Desligou o alarme e esfregou os olhos.

  — Hora de se preparar para o inferno — murmurou.

  A garota prendia os cabelos enquanto saía da cozinha quando um baque forte a fez voltar a encarar a área de serviço. Ela soltou o cabelo, fazendo-os cair por cima de seus ombros, e então andou receosamente até o local, parando ao ver uma cesta caída no chão.

  — Como...? Ah, porra...

  Ela se abaixou para pegá-la e tudo que estava dentro se espalhou pelo chão. Um frasco de comprimidos se abriu, resultando em uma grande bagunça.

  Ela respirou fundo e catou os comprimidos sem se importar muito com eles. Estava mais preocupada em saber como diabos aquilo havia caído. Será que alguém havia mexido na noite passada? Era possível ter caído sozinho? Esteve lá por tanto tempo, só poderia cair se alguém mexesse...

  Jiensoo terminou de juntar as coisas e colocou a cesta de volta na estante. Respirou fundo, pegou o celular, saiu da cozinha e subiu as escadas. Assim que virou o corredor, deu de cara com seus pais parados ali. Sangwoo se apoiava na parede e Bum estava de frente para ele. Os dois conversavam algo que a garota não pode ouvir. Não demorou muito para notarem a presença dela ali.

  — Bom dia, querida! — Yoon Bum sorriu e se aproximou da filha.

  — Por que estão acordados a essa hora? — questionou.

  — Hum... — Bum se virou para Sangwoo, procurando alguma ajuda em seus olhos. — O seu pai... Ele tava pensando que...

  — Hoje eu te levo pra escola — interrompeu, se jogando para frente e andando até a menina.

  — Por quê?

  — Seu pai queria conver...

  — Não questione, Jiensoo — Sangwoo interrompera novamente Bum. — Não demore.

  Sangwoo desceu as escadas deixando Jiensoo e Bum sozinhos no corredor.  A garota bufou e se apoiou na parede.  Quaisquer que fossem os motivos para àquilo, não eram bons.  Seu pai não se preocupa com ela a menos que aquilo o afetasse.  Algo tinha acontecido

  — Filha...?

  Jiensoo despertou das questões e lembrou da presença de Bum. Talvez não fosse só para Sangwoo que ele ficasse irrelevante.

  — O que foi?

  — Sabe — começou, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha. —, essas coisas acontecem às vezes.

  — Quê?

  — Jiensoo — continuou. —, eu não te culpo.

  — Que merda você tá falando?

Jiensoo - Killing stalking Onde histórias criam vida. Descubra agora