Capítulo 10

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  Jiensoo se encontrava em uma floresta escura, perseguindo alguém que usava um capuz vermelho. Os gritos estridentes da pessoa a sua frente causavam repulsa. Jiensoo não conseguia controlar nada. Não queria correr, mas não tinha o poder de parar. Qualquer esforço era inútil. O capuz-vermelho continuou correndo de Jiensoo, tropeçando em galhos e troncos, escorregando por uma ladeira íngreme. Esquivou-se entre árvores grossas e começou a correr entre pedras. Jiensoo sentiu dificuldade em segui-lo, acabou por ficar presa nas árvores. Estranho. Tinha quase certeza de que o espaço era até maior do que ela.

  Depois de conseguir passar pelas pedras, procurou novamente o vermelho entre todo aquele marrom e preto. Andou apressadamente pelo local até perceber um lago negro visível mais a frente. Sua velocidade diminuiu, andando lentamente até a água. A pessoa ainda gritava, mas não dava para saber de onde vinha o grito. Era como se ele ecoasse em todas a direções, todos os volumes, vindo de todos os lados. Jiensoo sacudiu a cabeça e se curvou diante do lago, observando seu reflexo se tornar visível aos poucos. Lentamente, foi tomando a forma de um lobo. Um lobo exageradamente grande e cínico. Ela gritou e tentou se afastar, mas sentiu pequenas mãozinhas a empurrarem para dentro do lago. Jiensoo caiu, sentindo a água invadir seus pulmões e a sufocar lentamente. A visão de um rosto encapuzado e negro observando-a afogar-se foi uma das últimas coisas que viu antes de tudo ficar preto. A falta de oxigênio fez seu peito apertar. Sua garganta parecia que poderia explodir. Tudo estava frio e quente, vazio e lotado, imenso e apertado. Jiensoo não se debatia, parecia ter aceitado o fim. Tanto que até ouvia alguém a chamar ao longe. Ali, caindo no fundo daquele lago, sentindo a água invadir seu corpo, ela sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

  — Oh Jiensoo.

  Ela pulou na cadeira e levantou a cabeça, assustada. Sentia-se tonta. Percebeu que estava prendendo a respiração. Sua visão estava escurecida e borrada. Jiensoo procurou o ar e olhou na direção da voz que a chamou.

  — Você estava dormindo na minha aula?

  Jiensoo olhou em volta e corou. Todos pareciam estar olhando para ela. Ela abaixou a cabeça.

  — Desculpe, eu...

  — Quieta! — interrompeu a professora, dando um tapa na mesa. — Levante-se agora!

  Jiensoo tentou respirar fundo — falhamente — e apoiou as mãos na mesa. Sentia-se fraca, cansada, tonta.

  — Mais rápido, eu não tenho o dia todo.

  Ela se levantou lentamente, sentindo seus braços falharem. Seu corpo estava pesado. Seus ouvidos zumbiam. Seus olhos mal se mantinham abertos e seu estômago se contorcia. Parecia que iria vomitar a qualquer momento. De repente, tudo ficou embaçado. Um calor invadiu o corpo de Jiensoo, parecendo que alguém estava a pressionando para baixo. A professora estava falando mais alguma coisa, mas Jiensoo não conseguiu ouvir. De repente, ela estava caída no chão, sem conseguir enxergar um palmo a sua frente. O zumbido ao longe de pessoas comentando a atormentava. Jiensoo não conseguia controlar nada. Não queria fechar os olhos, mas não teve o poder de não o fazer.

  Talvez a saúde de Jiensoo já não estivesse tão boa assim. O baque surdo dela caindo no chão provara isso. Talvez o peso do que vem acontecendo tenha caído de vez sobre ela. Era algo novo, de certa forma. Ela nem sabia como lidar — talvez ninguém soubesse. A falta de saber agoniava Jiensoo. A dava medo. A encarando pelo espelho do carro, Sangwoo estreitou os olhos, examinando a filha. Por mais que tentasse não tremer, Jiensoo estava com medo. Não sabia como lidar com os pais. Não sabia como contar o que fizera. Não sabia — e talvez nem quisesse saber — como seria a reação de Sangwoo. Não sabia o que a polícia iria fazer. Não sabia nem o que ela iria fazer. Essas incertezas, dúvidas e faltas de respostas eram perturbadoras. Ela sentia que poderia perder o controle novamente. Poderia desmaiar novamente. Poderia morrer.

Jiensoo - Killing stalking Onde histórias criam vida. Descubra agora