Vilarejo Grimory

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Dan


Seguia andando junto a meu irmão em meio ao vilarejo das Grimorys, em direção a nossos aposentos. O clima lá era quente e o chão não era asfaltado ou bem cuidado, era de terra mesmo, tanto que elas caminhavam descalças, sentindo a terra com seus pés, e devido ao calor, usavam poucas roupas, um tecido branco mesclado com faixas douradas era a cor da roupa delas, também eram bem curtas, deixando à mostra parte da barriga e de suas coxas.

Era um vilarejo dominado pelo Girl Power, mulheres negras e morenas de pulso firme, legítimas guerreiras nascidas e criadas com esse propósito de lutar umas pelas outras e ajudar a quem precisa.

Assim como nós, que precisávamos de ajuda poucas horas atrás.

Eu estava gostando do que estava vendo, as crianças estavam brincando e correndo pelas pequenas ruas do vilarejo que, por incrível que pareça, ficava dentro de uma montanha com pouca iluminação externa e corrente de ar, mas era um local acolhedor e bem-feito, que atendia a necessidade delas e de qualquer um que elas acolhessem.

Pelo que percebi, ali cada uma delas tinham sua tarefa e trabalho. Eu vi mulheres com uma espécie de armadura, na verdade eram duas, que estava nos levando até nossos aposentos, outras cuidavam das crianças e limpeza das pequenas casas, outras dos alimentos que eram servidos de casa em casa. Era uma espécie de cesta com frutas, uma pequena marmita que indicava estar sendo servido o jantar, acompanhado de um suco natural para as crianças e para os adultos uma garrafa de vinho, e um pequeno jarro de barro continha água — eu percebi quando uma pequena, junto de seu irmão, iria virar para tomar a água e derrubou sobre ela, dando um pulo engraçado. Assim como seu irmão, eu ri, mas para ele não acabou bem, pois ela, irritada, pisou sobre seu pé.

Vejo que Dante observava tudo com a mesma cara fechada de sempre, diferente de mim, que achava tudo aquilo incrível. Dou alguns passos mais à frente e pergunto para a guarda à esquerda, de modo despreocupado:

— Eu vi um garoto ali, tia. O que acontece com ele quando virar homem? Vocês matam ele? — pergunto com a maior cara de pau possível, sem sequer pensar em modo como ela iria reagir.

Vejo a mulher alta balançar sua cabeça em sinal de desaprovação e falar, brevemente, olhando para mim, enquanto andava com sua lança erguida na mão esquerda:

— Eles se tornam nossos guerreiros de linha de frente, os que buscam comida e coletam informações para a nossa líder Rey; eles não são muitos. Agora, na vila temos apenas 30 homens, a maioria filhos de guerreiras Grimorys que estavam por nascer meses após o surto. A maioria são jovens e menos da metade dos homens que já eram casados com elas. Outros as abandonam e as deixam, pois não aceitam que podemos ser tão poderosas quanto eles, se juntando a outros distritos ou se tornando viajantes solitários nas terras sem fim.

Olho para ela, fazendo uma cara que entendi o que foi dito e agradecendo a explicação. Sinto a mão pesada dela tocar meus cabelos, fazendo um breve carinho, deixando-o espetado. Dou um sorriso amigável a ela e seguimos caminhando sem pressa.

Logo chegamos ao local onde iríamos nos acomodar: uma pequena casa com dois cômodos. Adentramos o local, onde havia um quarto com duas camas de solteiro e uma sala, com uma pequena mesa para fazermos as refeições. Olho para ela intrigado e pergunto, de jeito bem tímido:

— Onde fica o banheiro? Sabe, para tomar banho e fazer as necessidades? — Fico vermelho e escuto ela responder brevemente antes de ir.

— As termas e banheiras gigantes ficam ao lado norte, atravessando o vilarejo, e os banheiros próximos às termas. As termas dos rapazes são menores e ficam à direita. Assim como a das mulheres, são banhos comunitários e juntos. Os banheiros masculinos são divididos com cabines e mictórios.

A saga irmãos Hawks: Ponto de partida - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora