Soro elementar

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Dan


O sinal do farol se abre e minha mãe sai logo em seguida com o carro, abandonando o morador de rua, que continuava falando em meio aos carros que prosseguiam seu caminho, ignorando-o por completo. Encosto novamente minhas costas no banco do carro, respirando fundo. Meu irmão olha para mim e fala, de um modo confuso:

— Que cara maluco! Não entendi o porquê de ele sair gritando sobre o caos etc. — Ele começa a dar uma breve risada, levando sua mão à boca e fala, debochando do susto que acabei de levar: — Mas foi engraçado o salto que você deu. O que achou que pudesse acontecer? Que ele fosse adentrar o carro como naqueles filmes de zumbi em que quebram o vidro com a cabeça e nos atacam?

Se ele soubesse do futuro, não falaria isso...

Olho para ele no mesmo instante deixando óbvio em meu rosto meu incômodo com tal comentário, meus olhos respondem com a expressão pois revirei os mesmos. Falo, então, com a voz baixa, ignorando-o, enquanto volto meu olhar para a janela:

— Idiota, se isso acontecesse você morreria primeiro.

— Chegamos, meninos — minha mãe fala, e no mesmo momento vislumbro o grande prédio espelhado da X-Bios.

— Espero que não fiquem se alfinetando lá dentro. — Ela passa um olhar para nós dois. — Não quero ter que puxar a orelha de dois rapazinhos lá dentro. — Minha mãe segue o caminho para o estacionamento e era visível o tamanho da fila que já se encontrava na frente do prédio, e parecia de estender aos poucos.

— Você já me conhece, mãe. Agora o Dan... — meu irmão fala, em um tom irritante, passando o olhar para mim, tentando me provocar.

— Santo Dante...

— Ainda bem que sabe, TapaDan.

— Vamos parando por aí? — minha mãe nos repreende, enquanto estaciona o carro e vai retirando o cinto. No banco do passageiro, ela pega sua bolsa, preparando-se para sair; fazemos o mesmo atrás. Antes de descermos, minha mãe se vira, olhando para mim, tocando em meu ombro direito. Dante já havia descido e mexia em seu aparelho celular do lado de fora.

— Querido, não se preocupe com o que aquele morador maluco saiu gritando. Tomamos um susto porque ele surgiu em meio ao nada.

— Eu sei disso.

— Mas não vamos deixar isso nos abalar, não é mesmo?

— Afirmo com a cabeça que sim. — Esse é o meu Dan. — Ela sorri para mim. — Será uma mudança boa, você verá — ela fala, enquanto passa sua mão esquerda sobre meus cabelos ondula- dos, deixando-os levemente bagunçados e rebeldes. Tiro a mão dela com um sorriso do tipo "para com isso, não sou mais uma criança." Ela sabia que eu ficava pensando demais em tudo que me acontecia. Mesmo eu não estando preocupado, ela me falou aquilo devido seu sentimento de mãe ter alertado que, por trás do meu rosto de tranquilo, eu estava pensativo sobre o que o mora- dor de rua havia dito.

Dante bate na janela naquele momento, apressando a gente.

— Achei que estávamos querendo tomar a vacina ainda hoje.

— Não me irrite, Dante — minha mãe fala, descendo do carro e faço o mesmo em seguida. Seguimos nosso caminho em direção ao elevador da garagem, caminhamos a passos largos e em silêncio, olhando para o amplo espaço bem iluminado. Em algumas quadras daquele estacionamento havia pôsteres holográficos mudando a imagem e informações sobre a empresa e como estavam as coisas lá em cima, informando o tempo de fila e mostrando em um gráfico que atualizava em tempo real a porcentagem de cada elemento e qual estava sendo mais despertado na população mundial. Olho para meu irmão que, assim como eu, estava ansioso.

A saga irmãos Hawks: Ponto de partida - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora