Eu vivia em reflexos
um lago, canção
Espelhando o olhar,
a palavra, a ação
Era tudo o que você queria que eu fosse
a espécie mais rara: aí vem extinção."Boa menina", você sempre dizia
quando eu não negava, acenava e sorria
perdida na farsa, na idolatria
perdida na busca pela redenção.Primavera seguinte se tornou mania
Em cada verão lutava, reprimia
as cores que o outono apodreceu
e que a neve do inverno enterrou, escondeu.Nem todo carvão que é comprimido
se torna diamante, precioso, polido
alguns não aguentam tamanha pressão
se transformam em pó — tudo foi em vão.Ainda sou boa? Algum dia já fui?
Se não pertenço a nada, por que o mal me possui?
Sombra que assombra meu subconsciente
vermelha, sangrenta, ruído incoerenteCorte o meu crânio,
e ponha na mesa,
toda maldade que realizei
dentro do reino vazio da minha mente
repleto de tudo que nunca direi.O que diz agora?
Ainda sente orgulho?
Meu presente não diz que não tenho futuro?
Pois é só o que vejo
é só o que vivo
tentativa e falha, desgaste massivo
desastre, desvio, distante desejo
de ser quem já vi mas agora não vejo.Já não sou mais chamada de "Boa Menina"
já não faz mais efeito essa serotonina
não me faço reflexo e nem melodia,
mas ao menos ainda tenho minha poesia.
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Viver Está Me Matando | Antologia
Thơ ca"Pois a vida mata mais do que a morte, e ser morto pela vida é a maior benção e maldição que jaz nas mãos de todo ser." Dicionário de flagelos de uma alma atormentada. Poemas, textos, contos em que deita-se a mais dura e medonha verdade. Compilado d...